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Dimensionamento de hidrômetros é decisivo para racionalizar o consumo de água

Equipamento que realiza medição nos imóveis é fundamental para o controle de desperdícios e para a cobrança justa da água. Conheça as tecnologias disponíveis

Publicado em: 08/05/2019

Texto: Juliana Nakamura

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Os hidrômetros devem ser especificados levando em consideração a vazão nominal e a vazão máxima da instalação (foto: Reload Design/shutterstock)

Presentes em todos os imóveis conectados à rede de abastecimento de água, os hidrômetros são aparelhos que funcionam continuamente e servem para medir o consumo hídrico para posterior cobrança.

Hidrômetros – Produtos
Hidrômetros – Fornecedores

Popularmente conhecidos como relógios de água, esses equipamentos devem ser especificados com base na análise de uma série de fatores, em especial a vazão nominal e a vazão máxima da instalação.

O dimensionamento preciso dos hidrômetros é fundamental para o seu pleno funcionamento. Devem ser evitados superdimensionamentos, ou seja, o uso de um equipamento com vazão máxima muito superior à vazão máxima do projeto hidráulico. “Isso induz à submedição. O hidrômetro não mede adequadamente o volume de água no sistema devido às baixas vazões do fluxo em relação à vazão nominal de projeto”, explica o engenheiro Benemar Tarifa, gerente do departamento de Desenvolvimento Operacional e de Medidores da Sabesp (Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo).

Da mesma forma, deve-se evitar o subdimensionamento, instalando um modelo com vazão máxima inferior à vazão máxima do projeto. Tal equívoco pode levar à quebra do hidrômetro por submetê-lo a fluxos que ele não pode suportar.

HIDRÔMETROS TAQUIMÉTRICOS AOS ULTRASSÔNICOS

Os hidrômetros são produzidos para atender a diferentes classes de vazão. Eles também podem se distinguir com relação à tecnologia utilizada para fazer a medição do consumo de água. Os hidrômetros taquimétricos ou velocimétricos (multijato, monojato) são os mais usuais, por serem mais simples e de custo mais baixo. Esses aparelhos funcionam com uma pequena turbina movimentada pela ação do fluxo de água.

Há, também, os hidrômetros volumétricos, que contam com uma câmara com um pistão. Nesse tipo de medidor, a movimentação do pistão contabiliza o volume de água que passa pela câmara. “Esses equipamentos são mais caros, mas apresentam maior precisão na medição em comparação aos taquimétricos”, compara o gerente da Sabesp.

Os hidrômetros volumétricos são mais caros, mas apresentam maior precisão na medição em comparação aos taquimétricos
Benemar Tarifa

É possível encontrar, ainda, os hidrômetros eletromagnéticos. Muito utilizados para medição de grandes volumes, eles mensuram a variação do campo magnético gerado pelo fluxo de água conforme a Lei de Faraday e são extremamente precisos, embora mais caros.

INOVAÇÕES TECNOLÓGICAS

A grande novidade dos últimos anos com relação aos hidrômetros são os modelos ultrassônicos. Inicialmente restrita a grandes consumidores de água, essa tecnologia passou a ser disponibilizada, também, para medir volumes domésticos. Os hidrômetros ultrassônicos utilizam sensores e emissores de ultrassom para determinar a velocidade do fluxo de água. Apresentam excelente precisão com preços altos, mas com tendência de queda.

Outra inovação importante é a aplicação da Internet das Coisas na transmissão de dados de leituras de hidrômetros. Em São Paulo, por exemplo, já há um projeto-piloto em andamento com 100 mil hidrômetros preparados para a leitura remota por meio dessa tecnologia. A expectativa é a de que o projeto agregue maior velocidade na obtenção da leitura e gere economia ao permitir atuar rapidamente nas fontes de perdas.

SUBSTITUIÇÃO DE HIDRÔMETROS

Independentemente do tipo do hidrômetro, é necessário que sua instalação respeite as normas técnicas. Os medidores precisam ser instalados horizontalmente e devem trabalhar cheios de água. Para garantir tal condição, a tubulação posterior ao hidrômetro deve terminar em plano superior. Além disso, o medidor deve ser instalado em lugar de fácil acesso, viabilizando as operações de leitura, manutenção e substituição.

Quando bem dimensionados e instalados, os hidrômetros possuem longa vida útil. No entanto, esses aparelhos devem ser substituídos em duas situações. A primeira delas é quando as vazões de uso forem alteradas. A troca deve acontecer, também, quando os hidrômetros forem incapazes de realizar as medições dentro dos parâmetros determinados pelo Inmetro (Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia).

“Como a verificação metrológica dos hidrômetros requer a sua retirada e o ensaio em laboratórios acreditados pelo Inmetro, muitas vezes é mais barato e simples fazer a substituição do hidrômetro antigo por um novo, em vez de fazer toda a logística de retirar o hidrômetro, levar para o laboratório acreditado, fazer a verificação metrológica e devolver o hidrômetro ao imóvel”, comenta o engenheiro da Sabesp.

Como a verificação metrológica dos hidrômetros requer a sua retirada e o ensaio em laboratórios acreditados pelo Inmetro, muitas vezes é mais barato e simples fazer a substituição do hidrômetro antigo por um novo
Benemar Tarifa

REFERÊNCIAS TÉCNICAS

Atualmente em revisão, a ABNT NBR 8194: 2013 – Medidores de água potável – Padronização é a principal referência para a especificação de hidrômetros comercializados no Brasil.

Há, também, normas técnicas das companhias de saneamento, como a NTS-181, que trata do dimensionamento de ramal predial de água e hidrômetros, da Sabesp.

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Colaboração técnica

benemar-tarifa
Benemar Tarifa – Engenheiro civil formado pela Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (POLI-USP). Possui pós-graduação em Gestão Estratégica da Qualidade, especialização em Administração Estratégica e MBA em Gestão Estratégica. É gerente do Departamento de Desenvolvimento Operacional e de Medidores da Sabesp.