Drywall, esquadrias acústicas e outros produtos evitam ruídos
Materiais isolantes acústicos devem ser definidos ainda nas fases de projeto e construção da edificação. Conheça as melhores soluções e saiba como especificá-las
Texto: Redação AECweb/e-Construmarket
Por Graziela Silva
É consenso entre os especialistas da área: é nas fases de projeto e construção que se garante o conforto acústico de uma edificação. Mas quem vive em um imóvel e passa pela incômoda situação de lidar com o barulho excessivo pode recorrer a algumas soluções disponíveis no mercado que, se não dão cabo ao problema, pelo menos ajudam a reduzir o ruído a níveis aceitáveis. “Em muitos casos é possível melhorar a situação. Depende muito da estrutura do local, da forma como foi construído o prédio e até mesmo do tipo de ruído que está incomodando os moradores”, pontua Luis Carlos Gusson Jr, gerente comercial da Vibrasom.
Para acertar na escolha – e não correr o risco de investir em produtos que não vão trazer o resultado esperado – vale contar com a ajuda de um profissional de acústica, que após analisar as fontes do problema, terá condições de indicar as soluções mais eficazes. É bom que o morador esteja ciente que os chamados ruídos de impacto, como o de móveis sendo arrastados, queda de objetos e passos no andar de cima, são de difícil solução em edificações já construídas. O problema é que as intervenções mais eficazes precisariam ser realizadas na laje entre os pavimentos ou no apartamento do vizinho.
A seguir, cinco soluções para deixar a casa ou o apartamento mais silencioso.
PLACAS DE DRYWALL
A execução de contra parede de drywall possui requisitos técnicos que devem ser seguidos para que o ganho acústico seja realmente significativo. É preciso evitar que haja ligação física entre a contra parede e a de alvenaria, gerando condução. Além disso, existem produtos que podem ser aplicados nas frestas para melhorar a vedação do sistemaOmair Zorzi
Reforço com placas de drywall em paredes e tetos pode ajudar a atenuar os ruídos aéreos internos, principalmente os provenientes dos apartamentos vizinhos. Nessa aplicação, é feita uma parede contígua à existente ou instala-se um forro junto ao teto, de forma a ampliar o isolamento. Uma das vantagens do material, ressalta Omair Zorzi, gerente Técnico da Knauf do Brasil, é ter como base o conceito massa-mola-massa (leia mais no quadro ‘É bom saber’). O sistema, afinal, é composto por uma estrutura de aço recoberta com duas chapas de gesso acartonado (massa). O miolo pode ser oco ou recheado com materiais isolantes – a mola seria o ar ou uma lã mineral.
Além do sistema tradicional, há no mercado placas de drywall perfuradas próprias para emprego como forros. A categoria de produtos, segundo o gerente da Knauf do Brasil, é mais indicada como solução de absorção acústica, pois eles agem diminuindo o tempo de reverberação do som dentro do ambiente.
“A execução de contra parede de drywall possui requisitos técnicos que devem ser seguidos para que o ganho acústico seja realmente significativo. É preciso evitar que haja ligação física entre a contra parede e a de alvenaria, gerando condução. Além disso, existem produtos que podem ser aplicados nas frestas para melhorar a vedação do sistema”. Outro detalhe importante: a aplicação do drywall implica em perda de área útil no ambiente. Na vertical, por exemplo, são eliminados 5 cm de metro linear, informa Omair.
ESQUADRIAS ACÚSTICAS
As esquadrias acústicas são eficientes para barrar o ruído externo do trânsito de carros, aviões, música alta e pessoas conversando na rua. O desempenho superior desses produtos em relação aos modelos tradicionais se dá em função dos perfis mais espessos, caixilhos estanques e sem frestas e uso de vidros especiais (monolíticos de alta espessura, insulados, laminados etc). O alumínio, por ter alto peso específico (massa), além de alta durabilidade, é material preferencial de fabricação, mas também é possível adquirir modelos em PVC e madeira. Em geral, as esquadrias são feitas sob encomenda, com projeto que leva em conta a intensidade e frequência do som na região e a distância da fonte de ruído e do local de recepção. Se há restrições no condomínio sobre mudanças na fachada, uma alternativa oferecida pelas empresas fabricantes são janelas e portas sobrepostas, aplicadas sobre a esquadria existente pelo lado interno.
“Já há janelas acústicas mais simples e mais baratas. Outra novidade são as janelas ventiladas: elas têm câmaras internas, que desempenham essa função”, adianta Edison Claro, diretor da Atenua Som. Um dos problemas das janelas acústicas é que ao barrar o ar, elas acabam interferindo na ventilação natural, o que pode acabar demandado sistemas de climatização artificial. “Por enquanto, só estamos trabalhando em projetos especiais, mas, em breve, os modelos ventilados devem estar disponíveis para o consumidor”, garante.
PORTAS REFORÇADAS
Existem três leis básicas que regem o isolamento acústico: a primeira lei é de massa, ou seja, o material deve ser pesado o suficiente para conter o ruído. A segunda é a lei da frequência, ou massa-mola(...). O princípio é a base de materiais do tipo sanduíche: a lógica é que ao passar de um meio para o outro a onda sonora perde energia. A terceira é a da frequência da ressonância, pela qual materiais são combinados de forma a evitar ressonância e vibraçõesEdison Claro
São portas em madeira maciça ou fabricadas seguindo o princípio da massa-mola (com folhas de madeira recheadas com materiais acústicos) e que recebem ainda vedação extra nos fechamentos e nas frestas. A indicação desses produtos é para barrar sons vindos do corredor do prédio, como o da movimentação de pessoas, ou ainda para barulhos internos ao apartamento. Dá para melhorar, por exemplo, o isolamento entre o escritório e a sala de TV. Segundo Edison Claro, diretor da Atenua Som, há modelos prontos, com medidas padronizadas, e outros feitos sob encomenda. “No geral, a capacidade de isolamento das portas é muito inferior à das paredes. Daí a validade do investimento nesses modelos”, justifica Luis Carlos, da Vibrasom. “A substituição, envolve também o batente, que deve ter boa vedação”, ressalta.
DISPOSITIVOS DE VEDAÇÃO
Frestas nas portas e janelas são pontos de entrada de ar e, por isso, de ruídos externos. Há no mercado algumas alternativas simples e de custo acessível destinadas a barrar o som que entra por esses locais. Um exemplo são os chamados veda-portas, aplicados entre a parte inferior e a soleira. Compostos geralmente por um perfil metálico e materiais como esponjas e escovas de vedação, os produtos são afixados na parte externa ou acoplados internamente, dependendo do tipo da porta (convencional, acústica, vidro, pivotante etc). Além de melhorar a condição acústica, evitam a passagem de insetos, água, poeira, luz e perdas no sistema de climatização artificial, garante André Affonso, da Prima Ferragens. Outros produtos destinados a melhorar a vedação são as esponjas e borrachas autoadesivas, cuja aplicação se dá em todo o perímetro do batente de portas e janelas.
PISOS FLUTUANTES
“O termo é utilizado para definir pisos que não são pregados ou colados no contrapiso”, explica Átila Lemanski, gerente de Trade Marketing e Assistência Técnica da Eucafloor, fabricante de pisos laminados. A categoria é justamente a mais comum entre os pisos flutuantes. O sistema inclui painéis de madeira, acessórios como rodapés e encaixes, além de manta acústica de espessura variável, que é instalada sobre o contrapiso ou o piso existente. A aposta na solução traz os seguintes benefícios: qualidade acústica interna e isolamento do ruído entre pavimentos, proporcionado principalmente pela aplicação da manta. Se o problema são reclamações dos vizinhos do andar de baixo sobre o barulho produzido no seu apartamento, essa é uma solução que pode ajudar a apaziguar os conflitos.
A instalação pode ocorrer sobre pisos existentes – à exceção de carpete de madeira, alerta Átila – e a execução costuma ser ágil. Os fabricantes ainda oferecem ampla variedade de padrões, facilitando a escolha pelo consumidor. Além dos modelos comuns, há produtos de desempenho superior, com mantas de alta densidade, chapas de madeira e revestimento em carpete ou piso vinílico. “São produtos mais utilizados em estúdios, mas já fizemos projetos residenciais, pois o cliente queria um conforto acústico maior. A vantagem é que ele isola o som que vem do pavimento de baixo”, afirma Luis Carlos, da Vibrasom.
É BOM SABERQuando se fala em acústica, dois conceitos são referenciados constantemente: isolamento e absorção. Edison Claro, da Atenua Som, ressalta que é fundamental diferenciá-los. Ruídos externos e de contato exigem bom isolamento em paredes e lajes, sem contar os elementos da fachada, como as esquadrias. “Existem três leis básicas que regem o isolamento acústico: a primeira lei é de massa, ou seja, o material deve ser pesado o suficiente para conter o ruído. A segunda é a lei da frequência, ou massa-mola.” O princípio é a base de materiais do tipo sanduíche: a lógica é que ao passar de um meio para o outro a onda sonora perde energia. “A terceira é a da frequência da ressonância, pela qual materiais são combinados de forma a evitar ressonância e vibrações”, completa Edison. Já a absorção tem relação direta com a eliminação do eco e da reverberação do som dentro do ambiente, esclarece Luis Carlos Gusson Jr, da Vibrasom. “O controle da reverberação melhora a qualidade acústica interna”, ressalta o profissional.
Colaboraram para esta matéria
- Átila Lemanski – Gerente de Trade Marketing e Assistência Técnica da Eucafloor
- André Affonso – Profissional da Prima Ferragens
- Edison Claro – Diretor da Atenua Som
- Luis Carlos Gusson Jr – Gerente comercial da Vibrasom
- Omair Zorzi – Gerente Técnico da Knauf do Brasil