Durabilidade e estilo fazem do aço opção para fachadas
Placas de aço inoxidável, patinável ou galvanizado são os tipos indicados para o revestimento externo
Texto: Redação AECweb/e-Construmarket
Texto: Graziela Silva
O estádio da Sociedade Esportiva Palmeiras, Allianz Parque, possui carenagem externa totalmente em aço inox.
Foto/Imagem: Divulgação Edo Rocha Arquiteturas
O aço é de longe um dos materiais mais versáteis empregados na indústria da construção civil. Sua resistência e durabilidade garantem aplicações que vão da estrutura ao envelopamento de edificações. O uso em fachadas vale-se dessas propriedades combinadas a outras qualidades técnicas e estéticas.
A favor da especificação desses materiais como fechamento externo estão, por exemplo, o baixo custo de manutenção – as chapas metálicas demandam geralmente apenas água na limpeza – e a flexibilidade de uso. "Os revestimentos em aço são facilmente adaptáveis ao projeto arquitetônico, podendo ser cortados, soldados e conformados, de acordo com a necessidade", explica Carolina Fonseca, gerente-executiva do Centro Brasileiro da Construção em Aço (CBCA).
Dada a aplicação externa, também soma pontos a esses revestimentos o fato de agregarem arrojo e modernidade ao projeto. “Em obras de retrofit, as telas de aço inox são especialmente vantajosas, pois permitem a renovação de fachadas com obras pontuais, sem a cansativa etapa de demolição, uma vez que o material pode ser instalado de forma a recobrir o revestimento antigo, com resultados estéticos surpreendentes”, destaca Tais Mattos, da fabricante Bauscher Brasil.
Um exemplo do emprego do aço em fachadas pode ser visto no recém-inaugurado Allianz Parque, em São Paulo. A arena conta com fechamento externo composto por 972 placas de aço inoxidável em diferentes larguras. O revestimento metálico proporciona efeitos de luz e movimento à fachada, sendo novidade até mesmo entre os modernos estádios do Brasil.
ESPECIFICAÇÃO
Além de placas em aço inoxidável, como as utilizadas no Allianz Parque, outros tipos recomendados para uso em fachadas são as chapas de aços patináveis, a exemplo do Corten, ou as de aço revestidos com zinco ou com liga alumínio-zinco, informa Carolina Fonseca, do CBCA. A escolha do produto mais adequado, segundo a profissional, deve ser pautada nas especificações do projeto da edificação, na vida estimada para a fachada e na avaliação das condições do ambiente, como a presença de agentes agressivos.
Os revestimentos em aço são facilmente adaptáveis ao projeto arquitetônico, podendo ser cortados, soldados e conformados, de acordo com a necessidadeCarolina Fonseca
"Existem também diversos acabamentos superficiais que podem ser aplicados ao aço, que inclusive ajudam na conservação do material. Esses acabamentos são especificados no projeto". Tal qual outros componentes aplicados na obra, o peso das chapas de aço deve ser considerado no cálculo das estruturas, orienta.
Tais Mattos, da Bauscher Brasil, acrescenta que o fornecedor dos painéis metálicos deve entregar documentação completa relativa aos esforços atuantes nos pontos de fixação, peso do material e orientações para instalação, de modo a guiar os projetistas e calculistas no correto dimensionamento do sobrepeso. “Vale ressaltar que as chapas são delgadas, podendo inclusive apresentar perfurações para ventilação, significando que elas são relativamente leves”, pondera.
Já no projeto executivo, a preocupação deve ser com a correta fixação dos elementos e das chapas. É importante avaliar o contato com outros materiais, que podem desencadear processos corrosivos, ou a retenção de água nas placas. "Boa especificação e detalhamento do projeto colaboram para a qualidade da instalação", resume a gerente-executiva do CBCA.
AÇO INOXIDÁVEL
A denominação se refere não a um produto, mas a uma "família de aços resistentes ao calor e à corrosão, contendo no mínimo, 10,5% de cromo", conforme definição da Associação Brasileira de Aço Inox (Abinox). Na prática, isso significa que é possível contar com diferentes soluções, conforme a necessidade do projeto da fachada. “Existem diferentes condições atmosféricas locais, combinando condições climáticas e poluição. Para cada uma delas, há um tipo de aço inox mais indicado", explica o engenheiro Julio Cesar Di Cunto, analista consultor do Departamento de Engenharia de Aplicação e Desenvolvimento de Mercado da fabricante Aperam.
"Entre as ligas de aço inox mais indicadas, a 316 é a mais resistente, porém pode-se usar também o aço inox 304, que é mais barato", detalha Tais Mattos. Seja qual for a escolha, os profissionais indicam como essencial para a durabilidade do revestimento metálico optar por elementos de suporte – parafusos, rebites, porcas, entre outros – fabricados com o mesmo tipo de aço inox dos painéis. A medida evita o efeito corrosivo conhecido como pilha galvânica. "Por uma questão de economia, há empresas que fornecem os fixadores em aço comum, o que não é indicado pois haverá corrosão justamente nos pontos onde há esforços atuantes", alerta a profissional da Bauscher Brasil.
Outro conselho diz respeito à manutenção. "O que garante a durabilidade do aço inox é a limpeza com água. Quanto mais limpo, melhor. E não só limpeza normal, mas também a água das chuvas ajuda, e muito, a garantia do produto. Então, um projeto que permita a ação direta das chuvas aumenta a durabilidade do sistema", diz Julio, da Aperam.
AÇO PATINÁVEL
É obtido pela adição de cobre e fósforo à composição química do aço. Esses dois elementos favorecem a formação da pátina, quando o material é exposto às condições ambientais. A pátina nada mais é que uma camada de óxido que funciona como uma barreira anticorrosão. É ela também que fornece a aparência enferrujada típica desses aços, conhecidos como Corten. As informações são do Centro Brasileiro da Construção em Aço (CBCA).
Existem diferentes condições atmosféricas locais, combinando condições climáticas e poluição. Para cada uma delas, há um tipo de aço inox mais indicadoJulio Cesar Di Cunto
Na aplicação em fachadas, explica Carolina, gerente-executiva do Centro, é importante assegurar que as condições para a formação da camada de pátina sejam conservadas. Para isso, as placas devem ser umedecidas e secas periodicamente, de forma que não se mantenham molhadas constantemente. Em ambientes mais agressivos, pode ser necessária a pintura das chapas, como proteção adicional.
AÇO REVESTIDO
Para o uso em fachadas utiliza-se os aços galvanizados com zinco ou com liga de alumínio-zinco. A escolha do tipo dos painéis revestidos, explica Carolina, do CBCA, irá depender do ambiente em que serão inseridos. "Normalmente, utiliza-se para os aços zincados o revestimento Z275 (275g de zinco por m²) e para a liga alumínio-zinco o revestimento AZ 150 (150 g de alumínio-zinco por m²), em diferentes espessuras".
Os aços galvanizados podem também ser utilizados com pintura. "As chapas pré-pintadas são protegidas em ambas as faces por um primer epóxi e, em seguida, recebem a pintura de acabamento, em geral um poliéster", explica. Segundo informações da CBCA, esses produtos costumam ter resistência superior quando comparados aos galvanizados tradicionais, além de forte apelo estético. Além disso, em função do tipo de acabamento que recebem – poliéster, poliuretano ou PVDF – podem apresentar diferentes resistências a agentes agressivos e à radiação UV.
Colaboraram para esta matéria
- Carolina Fonseca – Gerente executiva do Centro Brasileiro da Construção em Aço – CBCA, formada em Arquitetura e Urbanismo pela Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais. Atuou na gerência de grandes obras, como a da Cidade Administrativa de Minas Gerais e o Centro Empresarial Senado, no Rio de Janeiro. Participou de projetos em Austin, Texas e na Cidade do México.
- Julio Cesar Di Cunto – Engenheiro metalurgista graduado pela EPUSP, mestre em Materiais - ênfase em Corrosão pelo IPEN/USP e bacharel em Ciências Contábeis pela FEA/USP. É analista consultor do Departamento de Engenharia de Aplicação e Desenvolvimento de Mercado da Aperam.
- Tais Mattos – Profissional da Bauscher Brasil