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É hora de trocar o sistema de impermeabilização da cobertura? Saiba o que fazer

Infiltrações e aparecimento de umidade e mofo são alguns dos sinais que indicam a queda de desempenho do sistema, cuja vida útil varia em função da solução empregada

Publicado em: 30/01/2018

Texto: Redação AECweb/e-Construmarket

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A impermeabilização da cobertura deve levar em consideração a movimentação e dilatação da estrutura (shutterstock.com / Marcel Derweduwen)

A especificação de soluções de impermeabilização inadequadas às características do empreendimento resulta em problemas futuros. “De maneira geral, os sistemas flexíveis são os mais indicados devido à movimentação e dilatação da estrutura, fenômenos causados pela incidência do sol”, diz a arquiteta Elizangela Struliciuc, coordenadora Técnica da Denver Impermeabilizantes.

Para André Figueiró, gerente Técnico Nacional da Sika, entre as melhores opções estão as mantas asfálticas, as mantas de PVC ou TPO e as diversas membranas líquidas – com base acrílica, híbridas, com base de poliuretano e com base de poliureia. A definição do produto ideal para cada situação passa pela análise de diferentes variáveis, como as dimensões da cobertura.

De maneira geral, os sistemas flexíveis são os mais indicados devido à movimentação e dilatação da estrutura, fenômenos causados pela incidência do sol
Elizangela Struliciuc

Já os sistemas de impermeabilização rígidos devem sempre ser evitados nas coberturas. “Quando esses produtos são especificados, as contrações e dilatações térmicas causarão fissuras, comprometendo a estanqueidade da área”, explica Struliciuc. Uma dica para o projetista responsável é trabalhar sempre atento aos requisitos da ABNT NBR 15575 — Edificações habitacionais — Desempenho.

VIDA ÚTIL

A vida útil dos sistemas de impermeabilização utilizados em coberturas é variável. O tempo exato é calculado considerando a solução empregada, as características da estrutura e as condições locais, como o clima. As mantas asfálticas, uma das alternativas mais especificadas, apresenta vida útil de cerca de 20 anos.

“O tempo médio está estimado em cinco anos. Porém, há produtos que mantêm o desempenho esperado por três anos e também existem os sistemas que duram entre 15 e 20 anos”, comenta Figueiró.

SINAIS DE PROBLEMAS

Quando a impermeabilização da cobertura começa a perder sua eficiência, o ocupante da edificação consegue notar alguns sinais. A queda de desempenho, que ocorre de maneira gradativa, faz com que apareçam pontos de infiltrações. “Nesse momento, é importante realizar a troca do sistema”, recomenda Struliciuc, lembrando que a ação da água no interior da estrutura resulta na degradação dos elementos, como as armaduras.

Outro indicativo de que há algo de errado com a impermeabilização é o aparecimento de umidade, mofo e danos nos móveis que existem no ambiente afetado. “É muito raro que a substituição da solução aconteça somente levando em consideração a expiração da vida útil do material”, comenta Figueiró. Ou seja, as obras de reparo, geralmente, ocorrem somente quando os problemas começam a aparecer.

INTERVENÇÕES

Para tomada de decisão sobre a intervenção parcial ou total da cobertura, é de extrema importância a visita técnica de um especialista. Ele pode avaliar o estado dos materiais e da própria edificação
André Figueiró

Ao constatar a ocorrência de infiltrações na cobertura, nenhuma ação deve ser realizada antes da análise de um profissional qualificado. “Para tomada de decisão sobre a intervenção parcial ou total da cobertura, é de extrema importância a visita técnica de um especialista. Ele pode avaliar o estado dos materiais e da própria edificação”, destaca Figueiró. O profissional deve elaborar laudo que servirá de base para definição dos procedimentos de manutenção.

A análise envolverá as características dos pontos de infiltração, inclusive, calculando há quanto tempo o problema existe. “Nem sempre o ponto onde foi evidenciado o vazamento representa a origem da água, por isso a avaliação é importante”, afirma Struliciuc.

SUBSTITUINDO A IMPERMEABILIZAÇÃO

A etapa de planejamento da substituição do sistema de impermeabilização de coberturas é a fase mais complexa. É necessário incluir nas equações variáveis como os fatores climáticos e o tipo de produto que será empregado. Esse também é o momento de contratar equipe treinada e qualificada para manusear a solução.

No planejamento, é preciso ainda pensar no tratamento prévio que a área deverá receber, com a remoção de revestimentos, regularização e tratamento de fissuras. “Não se pode esquecer a proteção mecânica, quando exigida em projeto, além dos períodos de aplicação, cura e testes necessários para cada um dos sistemas especificados”, lembra Struliciuc.

Detalhe importante é estudar o local onde o trabalho acontecerá. Por exemplo, se existirem reservatórios de água, é preciso inserir no cronograma o tempo necessário para seu esvaziamento. “Quando a obra ocorrer em prédios, é boa prática reunir o comitê de proprietários para definir questões como a liberação de acesso da equipe de manutenção. Além disso, é preciso muita paciência de todos com esse processo que gera transtornos”, fala Figueiró.

SOLUÇÃO ANTIGA

A remoção do sistema impermeabilizante existente dependerá do tipo de sistema instalado. No caso de mantas asfálticas, por exemplo, é utilizado equipamento conhecido como vanga. “Por apresentar boa impregnação no substrato, o sistema de primer asfáltico demanda a realização de apicoamento (pequenas perfurações) superficial, para a aderência adequada da nova camada de regularização”, fala Struliciuc.

Segundo Figueiró, em casos específicos, a aplicação da nova impermeabilização pode dispensar a remoção do sistema antigo. “A questão-chave para definir o passo a passo de uma obra, com a necessidade ou não da retirada do impermeabilizante existente, está em conhecer o projeto. Assim, é possível escolher o produto que cause menos impactos”, explica.

EXECUÇÃO

Após a retirada da impermeabilização antiga, a próxima etapa é a execução da camada de regularização. É preciso criar superfície homogênea e uniforme para a aplicação do novo sistema. Com o ambiente pronto, o processo de instalação do produto varia em função do material adquirido.

“Todas as tecnologias ou produtos contam com ficha técnica que detalha o correto procedimento de aplicação. O profissional responsável deve ter acesso a este documento ou solicitá-lo ao fornecedor do material. Seguir todas as recomendações garante estanqueidade ao sistema”, ressalta Figueiró.

CUSTOS

“O cálculo dos custos deve considerar a remoção do sistema de impermeabilização existente, as etapas de tratamento prévio da superfície, além da aplicação propriamente dita do sistema de impermeabilização. Entra ainda na conta a camada de proteção, quando prevista em projeto”, finaliza Struliciuc.

Leia também: Impermeabilização de coberturas exige avaliação preliminar da estrutura

Colaboração técnica

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Elizangela Struliciuc – Atua na área de químicos para a construção há oito anos. Possui graduação em Arquitetura e Urbanismo. Atuou em diversos escritórios de arquitetura direcionados a obras residenciais e atualmente é Coordenadora Técnica da Denver Impermeabilizantes, sendo responsável pela área de assistência técnica e especificações de materiais.
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André Figueiró – Pós-graduado em Patologia nas Obras Civis pelo Instituto IDD, Master Internacional em Recuperação de Estruturas – CINVESTAV/México, e em Reforço Estrutural – FHECOR/Espanha. Formado pela UMC em Administração de Empresas, atuante no mercado da construção civil há mais de 20 anos, coordenador dos cursos de pós-graduação em Engenharia pelo Instituto IDD /São Paulo. Atualmente, ocupa na Sika Brasil a função de Gerente Técnico Nacional – TM´s Flooring, Refurbishment e Roofing.