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Edificações horizontais demandam manutenção criteriosa

Entre os elementos que pedem maior atenção estão coberturas, portas e janelas, revestimentos e sistemas hidrossanitários e elétricos

Publicado em: 18/02/2021Atualizado em: 24/02/2021

Texto: Hosana Pedroso

manutenção preventiva
As manutenções preventivas e corretivas promovem ganhos econômicos às edificações (foto: Studio Davini Castro)

Quando a temporada de chuvas se aproxima, aumenta bastante a procura por manutenções em diferentes elementos das edificações horizontais. Dos telhados às janelas, passando pelos revestimentos e sistemas hidrossanitários, todos demandam cuidados específicos para evitar problemas como infiltrações e vazamentos. Além de reduzir os riscos de patologias, as verificações e intervenções são capazes de evitar prejuízos financeiros.

“É importante que as pessoas se conscientizem de que as manutenções preventivas e corretivas trazem ganhos econômicos. Elas são a estratégia mais barata, principalmente sob o ponto de vista da vida útil dos sistemas que compõem a residência”, destaca a arquiteta Luizette Davini, sócia do Studio Davini Castro, mencionando a cobertura, as instalações elétricas e hidráulicas, as esquadrias, a pintura e o jardim como alguns dos pontos que precisam ser checados com cuidado.

É importante que as pessoas se conscientizem de que as manutenções preventivas e corretivas trazem ganhos econômicos
Luizette Davini

“Vale ressaltar que a água não entra apenas quando há enchentes, mas também por vidros quebrados, batentes de portas com problemas e outros locais com falhas na vedação. Da mesma forma, um telhado defeituoso pode resultar em infiltrações e goteiras”, afirma a arquiteta Isabella Nalon, responsável pelo escritório homônimo. Ela indica que, antes da temporada de chuvas, é o momento ideal para troca de telhas, verificação de vedações e limpeza dos caixilhos.

Nalon adverte que as manutenções devem ser feitas sempre com o máximo de cuidado, sobretudo quando envolvem atividades em altura. “Sempre que possível, procure uma empresa com experiência na limpeza dessas áreas”, recomenda. O profissional experiente, além de tomar todos os cuidados com a segurança, será capaz de realizar os procedimentos adequados para cada situação, garantindo, assim, a qualidade do trabalho.

Lajes e telhados

O profissional experiente, além de tomar todos os cuidados com a segurança, será capaz de realizar os procedimentos adequados para cada situação, garantindo, assim, a qualidade do trabalho
Isabella Nalon

Os cuidados com a laje começam na correta impermeabilização, que deve ser executada de acordo com as normas técnicas. A falta dessa proteção pode resultar em sérios problemas de infiltração e no desenvolvimento de mofo no teto e paredes. Existem no mercado diferentes soluções que garantem a estanqueidade da estrutura, por exemplo, as mantas asfálticas que pedem mão de obra especializada em sua aplicação.

A limpeza da área com os produtos adequados é outro procedimento de grande importância para evitar o acúmulo de resíduos. “Também não devem ser realizados furos na laje para fixação ou transpasse de elementos. No caso de floreiras, dar prioridade para as espécies que não perfuram a manta”, informa Davini. Já nos telhados, a manutenção tem que procurar por peças que estejam quebradas, trincadas ou com posicionamento inadequado.

“Uma das maneiras de identificar se chegou a hora de realizar pequenas manutenções é observando os telhados de baixo para cima. Caso seja possível perceber a entrada de luz por pequenos vãos, com certeza entrará água por eles também”, comenta Nalon. A verificação dos telhados passa ainda pela análise das calhas e rufos, com o cuidado de retirar folhas e demais impurezas que podem entrar nos canos e provocar entupimentos.

De acordo com Davini, as ações nas coberturas devem ocorrer, pelo menos, duas vezes no ano. “Nas estruturas impermeabilizadas, checar, ao menos, uma vez por ano e seguir os cuidados descritos na garantia da execução”, afirma. Nalon sugere novas investigações depois de chuvas fortes, para garantir que nenhuma telha quebrou, rachou ou foi deslocada. “Se necessário, solicite a vedação das fendas entre as peças com silicone”, completa.

Janelas

As janelas estão constantemente sujeitas à deterioração causada pela exposição direta às intempéries, sendo que o acúmulo de sujeira é capaz de prejudicar sua movimentação. “Por isso, a limpeza geral com os produtos indicados pelos fornecedores e a lubrificação onde for necessário são fundamentais”, diz Davini.

A manutenção dos caixilhos e eventuais trocas têm que ocorrer antes do período chuvoso. A recomendação é de aferições semestrais, verificando sempre se há passagem de água pelas frestas. “Essas aberturas podem ser tratadas com o uso de selante de silicone ou adesivos apropriados”, afirma Nalon, lembrando que vidros quebrados ou trincados precisam ser trocados.

A matéria-prima empregada na produção das esquadrias tem influência sobre a estanqueidade do sistema. “As de PVC, por exemplo, apresentam melhor vedação contra a água da chuva”, defende Nalon. Tal característica é garantida pelo fato de os cantos das folhas e do marco serem soldados com o próprio PVC no processo construtivo, tornando esse modelo de janela mais firme e estável, além de melhorar seu desempenho térmico e acústico.

Revestimentos externos

As ações para manter a qualidade dos revestimentos externos variam em função da solução empregada, porém a atenção com a impermeabilização das paredes é comum para qualquer acabamento. O ideal é que o produto aplicado atue como uma barreira que impeça a penetração da água. Entram nessa lista o reboco com aditivos de resina, texturas, pedras e cerâmicas, todas com potencial de proteger o empreendimento contra a ação das chuvas.

Pintura

A pintura de paredes tem que ser realizada, preferencialmente, em períodos mais secos. “Isso porque o clima pode interferir na qualidade final, mesmo nos ambientes internos. Em locais fechados como sala, quarto e cozinha, a chuva aumenta a umidade relativa do ar, retardando a secagem da tinta”, conta Nalon. Nas áreas externas, o cuidado deve ser redobrado, pois o contato da pintura fresca com a água pode resultar no surgimento de manchas.

A manutenção básica inclui limpeza das paredes e repinturas periódicas, que costumam ter durabilidade em torno de cinco anos quando usadas tintas acrílicas de qualidade. “A frequência exata, no entanto, dependerá dos agentes agressivos no entorno da edificação, como poluição, chuva ácida e maresia”, destaca Nalon. Por isso, recomenda-se inicialmente a verificação visual, realizada semestralmente, que pode ser feita pelo próprio morador.

Sistemas hidrossanitário e elétrico

Assim como ocorre nas calhas e rufos, qualquer impureza nos ralos deve ser retirada antes que se transforme em problemas de entupimento — cuidado que precisa ser permanente, tanto nas estações secas quanto nas chuvosas. Caso contrário, a vazão do sistema será prejudicada e há o risco de transbordamentos ou retorno do esgoto. “Também deve-se verificar regularmente se existem vazamentos nos registros e torneiras”, diz Davini.

Ela recomenda limpeza no mínimo trimestral de ralos e grelhas para evitar entupimentos. Por outro lado, a frequência de higienização da caixa d’água é maior, tendo que acontecer semestralmente. “No caso das instalações elétricas, as fiações e o quadro de distribuição terão de ser verificados e, caso estejam fora da norma, precisarão de adequações”, complementa Davini.

“Anualmente, é importante verificar as condições dos para-raios, geradores e a parte elétrica da edificação. Isso para que os temporais típicos de verão não causem estragos à estrutura do edifício, nem danifiquem os equipamentos conectados à rede”, diz Nalon

Edificações comerciais

As manutenções de edificações horizontais residenciais são diferentes dos empreendimentos comerciais, que não podem ter sua operação prejudicada pelas obras. “Por isso, deve ser montado um planejamento para execução das intervenções, adequado ao tipo de negócio”, recomenda Davini. O projeto tem que ser acompanhado de um cronograma financeiro e ser executado por empresa especializada, para que sejam evitados retrabalhos.

“É importante fazer um cronograma e estabelecer a ordem em que as obras serão executadas. Com isso, o responsável saberá quais áreas precisarão permanecer interditadas e por quanto tempo. Informação que o ajudará a remanejar as atividades daquele local para outro espaço”, comenta Nalon. A reforma pode ser realizada em etapas, assim não será preciso remover os móveis ou impedir a circulação de pessoas em todos os ambientes ao mesmo tempo.

“Neste momento, é preciso identificar quais são as mercadorias mais procuradas e deixá-las em destaque. Desse modo, quando for remanejar os itens do espaço que está sendo reformado, o proprietário saberá o que não pode ser retirado de jeito nenhum. Além disso, os serviços barulhentos ou que utilizam substância de cheiro forte devem ser feitos à noite, pois é fundamental que o público e os ocupantes não sejam incomodados”, enumera Nalon.

Outra dica de Nalon é programar as manutenções com bastante antecedência, evitando a proximidade dos trabalhos com datas comemorativas ou de grande movimento. “Nesses períodos, as vendas são maiores. Logo, é primordial estabelecer um calendário de execução das obras que garanta o pleno funcionamento do comércio nos meses em que o empreendimento costuma receber fluxos elevados de clientes”, afirma a arquiteta.

Manutenções mais críticas

Alguns sinais pela edificação, como o surgimento de manchas de umidade nos rodapés, infiltrações no teto e a presença de umidade ou mofo nos armários próximos das paredes, geralmente, indicam a presença de água acumulada. O problema deve ser rapidamente analisado e resolvido, pois, caso contrário, pode evoluir para situações mais críticas, por exemplo, desplacamentos de revestimentos e corrosão da ferragem interna do concreto.

“A periodicidade da manutenção é muito importante, porém caso haja algum problema fora da época prevista para a intervenção, ele terá que ser corrigido o mais breve possível, sempre pensando na segurança e bem-estar dos usuários”, conclui Davini.

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Colaboração técnica

Luizette Davini – sócia do Studio Davini Castro ao lado do designer de interiores Rogério Castro. É arquiteta há mais de 20 anos e atua em projetos completos de edificações residenciais, comerciais e institucionais. Faz acompanhamento da execução de projetos novos, reformas e restauros.
Isabella Nalon – com uma carreira sólida e experiência proveniente de mais de 20 anos de trabalho, percorreu uma trajetória de muitos estudos e pesquisas na área de decoração e arquitetura. Sua experiência atuando como arquiteta na prefeitura da cidade de Münster, na Alemanha (1997), ajudou a criar uma visão plural e ampla de diferentes culturas e públicos, o que se tornou um diferencial em seu percurso profissional. Em 1998, inaugurou seu escritório em São Paulo e se especializou em projetos arquitetônicos residenciais, comerciais e de decoração de interiores.