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Em breve, primeiro projeto com Selo Azul

Selo deverá repercutir este ano, quando novos empreendimentos entram para avaliação de crédito, especialmente os vinculados ao programa Minha Casa, Minha Vida.

Publicado em: 24/02/2011

Texto: Redação AECweb

Entrevista: Jean Rodrigues Benevides

Em breve, primeiro projeto com Selo Azul

As boas práticas estão sendo estimuladas na construção de empreendimentos populares, desde meados de 2010, com o lançamento do Selo Casa Azul, da CAIXA. O agente financeiro responsável por 70% dos financiamentos feitos no país, deverá conceder o selo ao primeiro projeto habitacional nos próximos dias. Jean Rodrigues Benevides, gerente nacional de Meio Ambiente do banco, em entrevista ao AECweb, adianta que se trata de empreendimento em Santa Catarina. Ele lembra que, apesar da ótima repercussão no mercado, o selo só deverá dar frutos este ano quando novos empreendimentos entram para avaliação de crédito, especialmente os vinculados ao programa Minha Casa, Minha Vida.

Redação AECweb

AECweb  - A CAIXA já recebeu projetos interessados no Selo Azul?
Benevides - A primeira fase foi a de divulgação do selo junto à sociedade e, principalmente, ao setor da construção civil que é onde os projetos nascem e podem se adequar aos indicadores de sustentabilidade do Selo Casa Azul. Realizamos inúmeros eventos e passamos a mobilizar as construtoras. Já recebemos manifestação de interesse de algumas construtoras do Distrito Federal, São Paulo, Minas Gerais e de Santa Catarina - creio que sairá desse último estado o primeiro projeto candidato ao selo. Num rápido balanço, acredito que neste início de ano cerca de dez construtoras candidatem seus empreendimentos residenciais.

AECweb – A resposta do setor está dentro das expectativas?
Benevides -
Quando lançamos o selo, no segundo semestre de 2010, muitos projetos de empreendimentos vinculados ao programa Minha Casa, Minha Vida já estavam em processo de aprovação de financiamento pela CAIXA. Acreditamos que agora, em 2011, os novos projetos que as construtoras vão apresentar já estarão atendendo os critérios do Selo Azul. Caso o volume fique abaixo de nossos objetivos, vamos buscar um diagnóstico. No entanto, as manifestações que recebemos até agora não demonstraram qualquer dificuldade, nem de compreensão dos requisitos, nem por questão orçamentária.

AECweb – Há um custo financeiro para obtenção do selo?
Benevides - Na verdade, não. O processo de aprovação de financiamento da CAIXA para qualquer empreendimento passa, obrigatoriamente, pela análise das nossas equipes técnicas. O que fizemos na regulamentação do Selo Azul foi incorporar seus requisitos ao processo de análise de crédito, pelo qual é cobrada uma taxa irrisória - em torno de R$ 372.

AECweb – O selo é concedido ao projeto?


Benevides - Sim, a CAIXA concede o selo para o projeto. Depois de obtido, a construtora poderá utilizar essa informação como argumento de vendas durante a fase de comercialização do empreendimento. Os engenheiros e arquitetos da CAIXA acompanham a execução do empreendimento que financiamos até a entrega da obra, o que nos assegura que foram cumpridos todos os itens incluídos no projeto.

AECweb – O selo visa o segmento de obras populares?
Benevides -
Esse foi um dos grandes desafios que encontramos na fase de concepção do selo, porque toda a literatura e experiências que identificamos no Brasil e no mundo indicavam que as certificações estavam voltadas para obras de médio e alto padrão. A CAIXA, no entanto, é um banco que tradicionalmente financia as habitações de interesse social. Com a chegada do programa Minha Casa, Minha Vida foi reforçado o objetivo de levar o conceito de sustentabilidade para os empreendimentos populares. Definimos que a gradação bronze do Selo Casa Azul só seria concedida para empreendimentos de interesse social, que atendem a faixa de renda de até seis salários mínimos. Acima desse padrão, a construtora tem que atender um número maior de requisitos para atingir as categorias Prata ou Ouro.


AECweb – Quantos e quais são os critérios?
Benevides -
São 58 os indicadores de boas práticas para habitação mais sustentável, divididos em seis categorias: Qualidade Urbana; Projeto e Conforto; Eficiência Energética; Conservação de Recursos Materiais; Gestão da Água; Práticas Sociais - com os empregados e os moradores do entorno.

AECweb – São requisitos obrigatórios e facultativos?
Benevides -
Isso mesmo. A categoria Bronze abrange 19 critérios obrigatórios. Já a Prata, deve atender os 19 obrigatórios mais seis de livre escolha, enquanto que na gradação Ouro são os 19 obrigatórios mais nove itens de livre escolha. Ressaltamos sempre que o objetivo da CAIXA não é certificar empreendimento, pois não somos certificadores. Nossa proposta, através do Selo Azul, é induzir boas práticas para a habitação. Estamos satisfeitos com a repercussão, pois essa ferramenta está sendo comentada por todos os setores, do SindusCon ao Ministério das Cidades, todos se mostram interessados em fazer o Selo Azul acontecer de fato.

AECweb –  Para obter o selo, o custo da construção será maior?
Benevides -
Não, necessariamente. Muito dos itens do Selo Casa Azul estão ligados ao projeto - por exemplo, de orientação a sol e vento, que é uma questão de posicionamento no terreno e não envolve acréscimo de custo. Tem várias práticas, como a educação do morador para utilizar de forma consciente a água e a energia. Mas, claro que tem outros itens de caráter facultativo como a instalação de aquecedor solar ou sistema de geração própria de energia, que têm impacto no custo.

AECweb – Essas tecnologias também são financiadas?
Benevides -
Todos os itens são financiáveis. Óbvio que há um limite de valor para a habitação de baixa renda. Por exemplo, na primeira fase do programa Minha Casa, Minha Vida, a CAIXA pagava R$ 58 mil por apartamento na faixa de zero a três salários mínimos. Oferecemos incentivo financeiro acima do valor limite para a construtora que instalar painéis solares nos imóveis, que foram, naquele momento, de R$ 1,8 mil para moradia horizontal e R$ 2,5 mil para cada apartamento.

Redação AECweb