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Em busca de produtividade, fôrmas evoluíram nas últimas décadas

Com advento do concreto armado, as fôrmas ganharam papel crucial não só na arquitetura e engenharia, mas também numa gestão de obras produtiva

Publicado em: 21/07/2015

Texto: Redação PE

Estima-se que as primeiras construções tenham surgido por volta de 8 mil anos antes da Era Cristã. Com os gregos e os povos romanos, as técnicas de construção foram se aprimorando com a criação de materiais e argamassas cada vez mais resistentes. Pesquisas mostram que o concreto já era usado por volta do século IV a.C.

Depois de centenas de anos de evolução, o concreto armado, junto com a arquitetura moderna no século XX, dominou os processos construtivos em quase todas as partes do mundo.

As fôrmas são cruciais nesse processo. Elas modelam e dão fôrma a qualquer peça em concreto, além de atender às exigências arquitetônicas e muitas vezes estruturais de dimensões e formatos. Dessa maneira, garantem o posicionamento e harmonia de acordo com a complexidade das peças estruturais.

Elemento provisório, as fôrmas de concreto evoluíram nas últimas décadas. Da madeira serrada, passando pelas chapas de madeira revestida, hoje também existem fôrmas de aço, alumínio, de plástico e até de papelão.

A SH Fôrmas, uma das líderes de mercado no Brasil, teve origem no final dos anos 60. Erick Barros, engenheiro de desenvolvimento da SH, diz que a fabricante sempre busca inovações. “Há dois anos, trabalhamos com o Sistema Multiform que atende às geometrias mais complexas”, explica.

O Multiform SH é um sistema de fôrmas desenvolvido para obras pesadas como complexo de barragens, no setor da infraestrutura e industrial. A montagem é feita pelos próprios operários das obras sob a instrução de técnicos da SH, sem necessidade de especialização ou treinamento prévio. Esse sistema foi utilizado, por exemplo, na obra do Rodoanel Mário Covas e também na obra da duplicação da rodovia Ayrton Senna no acesso ao aeroporto de Guarulhos.

“Também destaco o sistema de escoramento de alumínio que é leve e com capacidade elevada de carga”, explica Erick. O sistema tubular suporta até 13,5 toneladas por poste em condições adequadas de projeto e conta com um sistema chamado Lumisystem. “É um produto voltado para o mercado de infraestrutura e é bastante utilizado para construção em obras com pé direito alto e cargas elevadas como viadutos, estádios esportivos, edificações industriais e obras pesadas de infraestrutura como hidrelétricas, termelétricas, portos, ferrovias entre outras”, completa o engenheiro.

A SH também conta com o sistema de mesa deslizante, ideal para execução de grandes lajes. Ele é formado por um conjunto de perfis castelados e treliças apoiado sobre consoles especiais que retransmitem toda a carga de concretagem aos pilares da obra. A montagem da mesa é feita no solo (que deve ser nivelado) e em local próximo a estrutura a ser construída, assim evita-se grandes movimentações dentro do canteiro.

Parceria com empresas estrangeiras

Há 63 anos no mercado, a Mills é uma empresa brasileira com capital aberto. Desde sua fundação, a empresa busca oferecer produtos inovadores aos seus clientes, importando equipamentos do exterior ou desenvolvendo novos produtos, de acordo com a demanda dos mercados em que atua. A Mills já atuou em obras emblemáticas como a construção de Brasília, do estádio Maracanãzinho, a reforma dos Arcos da Lapa e do Polo Petroquímico de Camaçari.

“A Mills sempre foi de vanguarda”, afirma Maria Alice Moreira, diretora comercial da empresa. “As primeiras formas industrializadas eram de chapa batida, de compensado, não eram formas modulares e a partir dos anos 80, começamos o fornecimento de formas de alumínio no país”, completa. O fornecimento foi possível graças à parceria com a canadense Aluma System Incorporated e na época era um dos produtos mais avançados.

Em 1996, parceria com a alemã Noé possibilitou trazer para o Brasil um novo sistema. “ Na década de 90 nós inovamos com as formas modulares SL 2000”, relata Maria Alice. Ainda em uso, a SL-2000 é um sistema de formas leves, projetado para transporte e montagem manual, de maneira fácil e rápida. “É um sistema muito utilizado para fundação e estações de tratamento de água e esgoto”, completa a diretora.

O sistema é composto por poucos componentes e pode ser utilizado em todas as fases da obra e em diversos tipos de projetos. As formas SL 2000 podem formar geometrias poligonais ou circulares, independente do tipo de terreno. Com a flexibilidade e simplicidade do sistema, que não necessita de mão de obra especializada para a sua utilização, o sistema de formas SL 2000 propicia o aumento da produtividade na obra, com a redução de custos e de cronograma.

Na última década, as novidades da Mills também acompanharam a evolução do setor em terras estrangeiras. O sistema Alu-L, todo em alumínio, é indicado para aplicação em grandes áreas e representa ganho em produtividade. “É um sistema de painéis de formas de grande área, estruturado com perfis de alumínio especiais revestidos com chapa compensada plastificada de elevada resistência”, detalha a diretora.

A leveza dos painéis permite tanto o manuseio individual, quanto a possibilidade de formar painéis únicos de até 30m², e transportá-los até a próxima etapa de concretagem. O sistema suporta altas pressões de concretagem, viabilizando um excelente acabamento no concreto, segunda a fabricante.

Além do Alu-L, nos últimos anos, a Mills também apresentou o chamado Easy Set, considerado uma das grandes novidades do setor. “Esse sistema foi amplamente utilizado nos projetos do Programa Minha Casa, Minha Vida do Governo Federal”, informa Maria Alice.

Constituído por painéis com perfil extrudado, fabricados com reduzida quantidade de soldas, o Easy Set proporciona baixo nível de manutenção e excelente acabamento do concreto, segundo a fabricante. “De fácil manuseio, são as formas mais leves do mercado, garantindo maior agilidade nos processos de montagem”, diz a diretora.

Segundo a Mills, empresas como Odebrecht e Grafisa fazem bastante uso do sistema. “Esse sistema tem modificado o perfil nos canteiros de obras”, garante a diretora. Na análise dela, a mão de obra no setor sai das mãos do pedreiro e é transferida para um montador de forma. “Além disso, temos um recall de apenas 5% na execução das obras.”, finaliza.

ULMA na Linha 4 do Metrô do Rio

Marca global com mais de 25 filiais pelo mundo, a ULMA é uma das fabricantes mais citadas quando o assunto é fôrma. “Todos os anos fazemos atualização de nossos sistemas”, explica João Carlos Fonseca, gerente técnico da marca.

Dentre as inúmeras soluções da ULMA, o gerente destacou a fôrma ORMA que é modular e usada para obras mais pesadas de infraestrutura ou com a necessidade do trabalho em conjunto com um guindaste.

Para João Carlos, o país ainda não incorporou os sistemas industriais. “O mercado de edificações está um pouco atrasado nesse sentido”, relata. Para ele, muitas obras ainda preferem usar sistemas convencionais. “O uso de soluções industriais e modulares exige mais planejamento, em compensação, você ganha em produtividade”, defende.

Entre as novidades da empresa está o chamado sistema ATR, utilizado na Linha 4 do Metrô do Rio de Janeiro. “É formado por consoles em que estão acoplados o sistema de fôrma ENKOFORM VMK, plataformas de trabalho e sistema hidráulico de avanço que permite o movimento a área de concretagem, sem a necessidade de grua”, explica o gerente.

Automatizado, o sistema ATR é muito mais produtivo que um sistema “trepante” convencional. “A cada quatro metros de concretagem, o sistema avança, sem necessidade nenhuma de grua. Trabalhos de movimentação que eram feitos em três ou quatro dias podem ser realizados em quatro horas”, diz.

Segundo a ULMA é a primeira vez que esse sistema está sendo usado em uma obra do metrô com pilar inclinado no Brasil. Utilizado há 10 anos em países como Canadá e Estados Unidos, o sistema chegou a dois anos no Brasil. “Para seu uso, é preciso boa avaliação e geralmente ele é indicado para estruturas altas, acima de 50 metros. O metrô do Rio, por exemplo, são dois pilares com cerca de 72 metros de altura”, finaliza.

Colaboraram para esta matéria

Erick Barros – Engenheiro de desenvolvimento da SH

Maria Alice Moreira – Diretora comercial da Mills

João Carlos Fonseca – gerente técnico da ULMA