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EPS, concreto polido, steel deck...veja os materiais mais funcionais

Além desses materiais, os blocos estruturais e os revestimentos monocamadas (RDM) cumprem mais de uma função e otimizam recursos. Entenda como cada um é aplicado

Publicado em: 11/04/2016Atualizado em: 07/06/2019

Texto: Redação AECweb/e-Construmarket

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A especificação de materiais pode eliminar etapas e agilizar a obra (OPOLJA/shutterstock.com)

A rapidez é uma demanda cada vez mais presente na construção civil. Para alcançá-la, uma das estratégias mais eficazes é eliminar etapas, reduzindo prazos de execução da obra. Isso pode ser feito com o emprego de materiais que cumprem mais de uma função e eliminam, assim, a necessidade de outros. Confira abaixo cinco materiais que atendem a esse requisito.

1- BLOCOS ESTRUTURAIS

São utilizados para levantar alvenarias estruturais. Ou seja, além de materializarem paredes que dividem e vedam espaços, também resistem a cargas verticais e horizontais. Comparado ao concreto armado, a execução elimina etapas construtivas como escoramento, fôrma, lançamento de concreto, período de cura e reescoramentos. “O ciclo básico é formado pelo levantamento das paredes e pela execução das lajes”, sintetiza Jefferson Camacho, pós-doutor em engenharia civil e professor titular da Unesp — Universidade Estadual Paulista.

A economia em prazo e orçamento gerada por esse processo dependerá da qualidade do projeto, da organização do canteiro e da eficiência da mão de obra. “Um bom projeto e uma boa execução podem gerar uma economia de 10 a 15%”, calcula Camacho. O projeto requer planta baseada em coordenação modular e indicação das instalações que passarão pelas paredes, permitindo o preparo adequado dos blocos e eliminando improvisos.

Os blocos estruturais são comercializados em material cerâmico e concreto. “A escolha dependerá de dois fatores: o porte da edificação, que define os níveis de solicitação estrutural, uma vez que o concreto permite obras de maior porte em comparação com o material cerâmico; e a distância em que se encontra o fornecedor que produz os blocos para a alvenaria estrutural, seja cerâmico ou de concreto, uma vez que o custo de transporte pode inviabilizar economicamente a obra”, explica o professor.

2- STEEL DECK

Utilizado para execução de lajes, o steel deck é um sistema composto por chapas de aço perfiladas que atuam como fôrma durante a concretagem e como armadura positiva após a cura do material. Sua aplicação reduz e até elimina a necessidade de escoras, liberando o pavimento inferior para outras operações.

O material apresenta reentrâncias que melhoram a adesão do concreto e, em alguns casos, podem exigir implemento de armaduras para incrementar a resistência da laje ou, dependendo do uso da edificação, para garantir segurança em situações de incêndio.

Também conhecido como laje mista ou colaborante, o steel deck permite, ainda, que os operários trafeguem com segurança sobre sua chapa de aço, servindo como plataforma de trabalho. A execução é feita em duas etapas: içamento e concretagem.

Leia também: Norma técnica para steel deck traz mais segurança aos usuários

3- CONCRETO POLIDO

Trata-se de um tipo de piso industrial cuja execução elimina as etapas de contrapiso, piso, argamassa e rejunte. Indicada para projetos residenciais, a solução pode gerar economia de R$ 80,00 por m² — considerando a soma aproximada de gastos com as etapas evitadas — e, em questão de prazo, economiza cerca 9 dias a cada 100m².

É necessário, antes de fazer o piso de concreto polido, dar muita atenção ao projeto elétrico e hidráulico, considerando as tubulações que vão ficar embutidas na laje, tomadas de piso, passagens de pontos de interruptores e outros, pois a laje já será o piso acabado
Rodrigo Simão

O trabalho resume-se à concretagem da laje e ao serviço de polimento do material. Estima-se que, em uma área de 100 m², é possível fazer a primeira etapa em até 10 dias e o polimento em um único.

O arquiteto Rodrigo Simão costuma utilizar o concreto polido em alguns de seus projetos. Na Residência Águas Claras, por exemplo, ele utilizou esse tipo de piso em toda a casa, com exceção dos banheiros. “Os custos totais foram de R$10,00 por m² pelo serviço de polimento do concreto da laje e aproximadamente R$ 4,00 por m² pela resina à base d’água usada para dar acabamento, já considerando mão de obra. Uma solução realmente econômica”, conta.

O arquiteto ressalta que é necessário tomar cuidado com o projeto antes da execução, evitando problemas com elementos adjacentes ao piso. “É necessário, antes de fazer o piso de concreto polido, dar muita atenção ao projeto elétrico e hidráulico, considerando as tubulações que vão ficar embutidas na laje, tomadas de piso, passagens de pontos de interruptores e outros, pois a laje já será o piso acabado”, orienta Simão.

4- REVESTIMENTO DECORATIVO MONOCAMADA

Também conhecido pela sigla RDM, o revestimento decorativo monocamada é uma solução pigmentada pronta para receber acabamento. Sua aplicação cumpre as mesmas funções do revestimento tradicional, conferindo regularização, estanqueidade e acabamento à parede. Seu uso elimina a necessidade de chapisco, emboço e reboco.

A vantagem é que [o RDM] já é um material impermeabilizante e já tem cor
Christina de Castro Mello

A solução foi utilizada na reforma do Conjunto de Hospedagem do Sesc Bertioga. “A vantagem é que ele já é um material impermeabilizante e já tem cor. É uma argamassa única que reduziu custos e trabalho”, relata a arquiteta Christina de Castro Mello, do escritório Teuba Arquitetura e Urbanismo, responsável pelo projeto.

A aplicação do RDM pode ser feita por projeção mecânica ou manualmente, e a base que receberá o material deve estar limpa e nivelada. O uso do RDM não é recomendado em construções com tijolos de barro.

5- PAINÉIS DE EPS

Fabricados em poliestireno expandido (EPS), os painéis são revestidos por chapas de aço e podem substituir a alvenaria de vedação e estrutural. Sua instalação é feita por meio do aparafusamento nas extremidades — processo que, além de ágil, também simplifica substituições.

Com o uso do EPS no lugar da alvenaria, é possível eliminar a necessidade de baldrames, reboco e assentamento. Para que não haja restrições de uso por conta de incêndio — se o poliestireno expandido for exposto a temperaturas acima de 80ºC, seu núcleo começa a se degradar —, recomenda-se a especificação de painéis de EPS com núcleo composto por poliuretano (PUR) e poli-isocianurato (PIR).

Leia também: Painéis de EPS para construção: vantagens e desvantagens

Colaboração técnica

Christina de Castro Mello – Arquiteta e diretora do escritório Teuba Arquitetura e Urbanismo, que também é dirigido pela arquiteta Rita de Cassia Alves Vaz.
Jefferson S. Camacho – Graduado em engenharia civil pela Universidade Estadual de Londrina (1983), mestrado em engenharia civil pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (1986), doutorado em engenharia Civil pela Universidade de São Paulo (1995) e pós-doutorado na Escola de Engenharia de São Carlos, EESC-USP (2001). Atualmente, é professor titular da Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (Unesp), no Campus de Ilha Solteira-SP. Foi chefe de departamento e coordenador do programa de pós-graduação em engenharia civil, ministrando disciplinas na área de concreto armado e alvenaria estrutural. Como pesquisador, trabalha principalmente com temas ligados à alvenaria estrutural.
Rodrigo Simão – Formado em arquitetura e urbanismo em 2000 pela FAU/UFRJ, atua projetando e construindo obras de todos os portes. Seu contato com a construção proporciona adequação e exploração da potencialidade dos materiais em seus projetos. Propõe desta maneira o intercâmbio de sistemas construtivos, aliando técnicas industriais a sistemas artesanais, objetivando a humanização da arquitetura.