Equipamentos de proteção periférica ainda sofrem resistência
Eles são eficientes, mas nem todos trabalhadores cumprem os procedimentos de segurança<br>
Causa espanto ouvir notícias de acidentes com materiais que despencam de prédios em construção. Um estudo da APS Associados – Assessoria Profissional em Sistemas aponta que o maior índice de acidentes na construção decorre de quedas de materiais, com destaque para os trabalhos em altura. A pesquisa foi baseada na observação de 58 mil situações de risco em cinco grandes obras de diferentes pontos do Brasil. Os problemas abrangem falhas na construção, na utilização de itens de proteção contra quedas de pessoas, materiais e pequenos equipamentos.
De acordo com esse estudo, o motivo dos acidentes não é a falta ou ineficiência de equipamentos de proteção periférica, muito menos o desconhecimento sobre a utilização. “Os canteiros de obras melhoraram bastante em relação aos equipamentos e sistemas de proteção de materiais e pessoas”, observa o engenheiro Vanderlei Forte Dias, residente da Construtora Gattaz. Hoje, o setor da construção civil conta com sistemas metálicos de proteção periférica que não deixam a desejar para mercados mais consolidados.
Sandra Guarisi, diretora do Grupo Guarisi, acrescenta que esses equipamentos ainda sofrem resistência por parte dos trabalhadores. Se forem mal utilizados, o operário fica desprotegido e a segurança fica exposta, ineficaz. “O trabalhador precisa ter consciência que acidentes acontecem o tempo todo e que nenhum sucesso na produção compensa o fracasso na segurança”, alerta Sandra.
Treinamento é fundamental
Quando um profissional capacitado – seja técnico ou engenheiro de segurança do trabalho – exerce liderança no canteiro de obra, o resultado é positivo. Além dos equipamentos, o treinamento e fiscalização são decisivos para evitar acidentes.
“Toda proteção necessita de um responsável técnico para acompanhá-la e exige fiscalização constante, durante a montagem inicial e ao longo da execução de toda a obra. Embora a nítida modernização de equipamentos, é imprescindível que todos na obra cumpram com os procedimentos de segurança”, ressalta Vanderlei, da Gattaz.
A NR18 regulamenta a obrigatoriedade na periferia da instalação de proteção contra queda de trabalhadores e projeção de materiais, a partir do início dos serviços necessários à concretagem da primeira laje da edificação. Isso significa que todos os equipamentos devem estar de acordo com a NR18 e possuir ART de fabricação.
“Infelizmente, só há obrigatoriedade de uso das bandejas de proteções, conhecidas também como aparalixos, em edificações acima de quatro pavimentos. Se algum entulho, vergalhão e ou outros dejetos caírem da primeira laje já causam ferimentos graves. O governo estuda a mudança dessa norma para que em breve seja obrigatório o uso de no mínimo uma linha de bandejas primárias em edificações até quatro pavimentos”, alerta Sandra.
Telas de fachada e aparalixos
As telas de fachada reforçam a segurança principalmente em casos de edificação muito próxima a muros. Elas evitam a queda de dejetos em via pública e em residências vizinhas.
“As redes em conjunto com o aparalixos instalados de forma correta são 100% eficazes, desde que seja feita a devida manutenção semanal, como a retiradas dos entulhos e dejetos dos aparalixos e reparos nas redes”, explica Sandra Guarisi.
Em relação à proteção periférica de pessoas, ela informa que são usados também os postes de linha de vida antes da concretagem da laje, embora não seja correto o uso somente da linha. Após essa etapa, obrigatoriamente deve ser utilizada a proteção de periferia, seja a convencional ou estrutural.
No caso dos equipamentos de travamentos e escoramentos, devem ser respeitados os espaçamentos das escoras em relação ao peso suportado por elas, todo levantamento quantitativo de material deve ser elaborado pelo engenheiro responsável da obra.
Colaboraram para esta matéria
- Sandra Guarisi - diretora do Grupo Guarisi
- Vanderlei Forte Dias - engenheiro residente da Construtora Gattaz