Especificação de maçaneta exige conhecimento técnico
Característica da porta, grau de resistência à corrosão e ambiente de instalação influenciam diretamente a escolha do produto
Texto: Redação AECweb/e-Construmarket
As maçanetas podem ser classificadas levando em consideração sua forma. Basicamente existem dois tipos: bola e alavanca. Além dos puxadores – considerados um modelo especial. “A maçaneta tipo bola não é obrigatoriamente uma esfera, já que pode ter qualquer forma desde que mantenha o centro de massa no núcleo de sua geometria. A principal característica deste produto é permitir que a manipulação e operação aconteçam por meio do contato entre a mão e todo o seu corpo, sendo necessário haver atrito para a realização do giro”, informa o engenheiro Roney Honda Margutti, gerente de Tecnologia do Sindicato da Indústria de Artefatos de Metais Não Ferrosos do Estado de São Paulo (Siamfesp).
Bola X Alavanca
O tipo bola é recomendado para fechaduras com distância mínima de 45 milímetros entre o furo da maçaneta e a borda da porta. Como é necessário um contato da mão em toda sua volta, no caso de fechaduras com distância de broca menores o usuário poderá lesionar seus dedos no batente. “Já o tipo alavanca tem a maior parte de seu peso em um dos lados do ferro da maçaneta, ou seja, está constantemente gerando um torque na fechadura, mesmo em repouso. A principal característica desta solução é a possibilidade de acioná-la sem a presença de atrito. Pode ser manipulada por meio de uma força pontual, não sendo necessário total contato com a mão para realizar seu giro, embora seja recomendável”, menciona o engenheiro.
O modelo alavanca pode ser utilizado em qualquer situação, uma vez que seu acionamento ocorre em região compreendida entre o furo da maçaneta e sua extremidade, que estará sempre voltada para o sentido das dobradiças da porta e distante do batente. Margutti diz ainda que a característica deste produto permite o acionamento por meio de uma força pontual, o que é muito útil em situações em que as mãos se encontram ocupadas, ou quando a utilização é feita por portadores de deficiência ou idosos.
“A principal característica dos puxadores é estar separado da fechadura. A porta é trancada através de outros mecanismos e, desta forma, é possível diversificar os tipos de travamento a serem utilizados, por exemplo, trincos, travas e pinos”, afirma o profissional. Os puxadores são mais indicados para grandes portas, onde há a necessidade de força maior para sua movimentação. “Cabe ressaltar que este tipo de maçaneta também tem boa ergonomia, uma vez que admite o acionamento por pessoas de estaturas diferenciadas. Outra situação específica para aplicação dos puxadores são as portas de correr, já que a solução permite aplicar esforços com facilidade em todas as direções do plano horizontal”, complementa.
Especificação
Para especificar o produto de maneira correta o profissional deve ter em mente a obrigatoriedade desses itens estarem em conformidade com as normas técnicas da ABNT. “É possível consultar o site do Programa Brasileiro de Qualidade e Produtividade do Habitat (PBQP-H) do Ministério das Cidades para ter acesso à relação de empresas e marcas que estão em conformidade com as normas técnicas, assim como aquelas que não devem ser especificadas por serem apontadas como não conformes”, alerta o engenheiro.
Margutti indica ainda os aspectos que devem ser levados em consideração para a escolha da maçaneta ideal. “É preciso observar a distância de broca. Para extensões menores do que 45 mm devem ser utilizados somente os modelos alavanca ou puxadores, desde que a porta não apresente janelas ou basculantes que podem limitar a aplicação da maçaneta”, diz. Há também uma correlação entre portas e maçanetas, por exemplo, as portas de correr devem ser equipadas somente com puxadores, solução igualmente recomendada para as portas com mais de 40 kg. A distância da broca é outro fator determinante para a especificação do tipo de maçaneta.
O ambiente de instalação também requer atenção, já que os acabamentos do produto podem sofrer corrosão. “Cabe lembrar que esta mesma classificação de resistência à corrosão deve ser aplicada às fechaduras, pois pode ocorrer de a maçaneta e os acabamentos estarem lindos, mas a fechadura emperrada porque ficou exposta a intempéries”, adverte Margutti.
Na hora de especificar a maçaneta é recomendável utilizar os dados da tabela abaixo:
Grau de resistência à corrosão | Ambiente correspondente ao grau de resistência à corrosão | Tempo de exposição em câmara de névoa salina neutra (em horas) |
---|---|---|
4 | Com condições severas quanto à umidade e intempéries (por exemplo, regiões litorâneas e industriais) | 144 |
3 | Com umidade e intempéries (por exemplo, áreas externas urbanas e rurais) | 72 |
2 | Com umidade e sem intempéries (por exemplo, cozinhas e banheiros) | 48 |
1 | Sem umidade e sem intempéries (por exemplo, salas e dormitórios) | 24 |
Fonte: ABNT NBR 14913 - Fechaduras de embutir - Requisitos, classificação e métodos de ensaio.
Aplicação
A instalação acontece por meio da abertura de espaços na porta para a acomodação da fechadura que receberá a maçaneta. “No caso das portas de madeira, além das furações deve ser feito o rebaixo para o recebimento da chapatesta. Já nas portas metálicas não há este rebaixo por se tratar de perfis metálicos e nesta situação as fechaduras são instaladas sobrepostas aos perfis. A aplicação é finalizada com a colocação das maçanetas e espelhos/rosetas”, explana Margutti.
A altura ideal para o posicionamento do produto é cerca de 1,10 metros em relação ao piso e cabe ressaltar que a furação das demais aberturas para o recebimento da fechadura deve ser baseada neste posicionamento. “Um dos cuidados da instalação é verificar se a posição do trinco está no sentido correto de fechamento da porta. A fechadura deve possuir uma folga de, aproximadamente, 1 milímetro de cada lado em relação à abertura feita na porta. Outra averiguação necessária é o posicionamento da fechadura e a marcação no batente, para um correto funcionamento do conjunto” afirma o profissional.
Qualidade
Maçaneta | Norma |
---|---|
Maçanetas em geral | ABNT NBR 14913 - Fechaduras de embutir – Requisitos, classificação e métodos de ensaio |
Maçanetas instaladas em portas de madeira | ABNT NBR 14930 - Portas de madeira para edificações |
Maçanetas aplicadas em portas metálicas | ABNT NBR 10821 - Esquadrias externas para edificações |
Porta de madeira ou metálica instalada na edificação com a maçaneta | ABNT NBR 15575 - Edificações habitacionais – Desempenho |
Manutenção
Basicamente, a maçaneta necessita apenas de limpezas periódicas com pano macio e água. Não é recomendada a utilização de produtos químicos como solventes, álcool, polidores, entre outros, sob o risco da criação de manchas ou desgastes por conta de reações químicas.
É bom saber
Existe uma gama enorme de tipos de maçanetas e todos os anos são lançados novos modelos por todos os fabricantes. “A melhor relação custo-benefício é do produto que atenda a ABNT NBR 14913, agrade o consumidor e tenha o preço mais em conta. Porém, é importante considerar, ainda, as dimensões da maçaneta com o conjunto porta/batente e, principalmente, o cenário de aplicação, pois quanto mais agressivo o ambiente, mais resistente deve ser o revestimento da maçaneta. Consequentemente ele custará mais, mas também terá o desempenho garantido”, comenta o engenheiro.
Embora esteja mais relacionada ao conjunto fechadura, existem as chamadas maçanetas fixas que são aquelas com o acionamento do trinco realizado através de um rolete no local do cilindro. “Neste caso o acionamento do trinco é o rolete e não o cubo, assim a maçaneta tem praticamente a função dos puxadores”, finaliza Margutti.
Colaborou para esta matéria
- Roney Honda Margutti – Engenheiro civil formado pela Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (Poli-USP). Possui especialização em Administração de Negócios pela Universidade Presbiteriana Mackenzie e MBA Executivo em Gestão Empresarial e Inovação pelo B.I. International, com módulos internacionais pela Babson School Executive Education e Columbia University. É gerente de tecnologia do Sindicato da Indústria de Artefatos de Metais Não Ferrosos (SIAMFESP) no Estado de São Paulo, e membro da Câmara Ambiental da Indústria Paulista da FIESP. Atualmente é coordenador da ABNT/CEE-188 - Comissão de Estudo Especial de Ferragens da ABNT. Tem mais de 10 anos de experiência em elaboração e gestão de Programas Setoriais de Qualidade e implantação de laboratórios de ensaios acreditados pelo INMETRO nas Escolas SENAI e L.A. Falcão Bauer.