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Especificação desafia profissionais e não deve ser alterada durante a construção

A escolha dos materiais não pode ser aleatória. É preciso planejar cada detalhe e ressaltar a união equilibrada de conceitos, conforme a tipologia da edificação

Publicado em: 07/08/2013Atualizado em: 02/09/2013

Texto: Redação AECweb/e-Construmarket

Especificação de materiaisO sucesso de um empreendimento, tanto residencial quanto corporativo, depende de um projeto bem concebido, do detalhamento de todas as etapas de execução e do emprego de materiais de boa qualidade. Além disso, é imprescindível que se tenha um rigoroso controle tecnológico dos sistemas e soluções adotados. Os quesitos citados não são novidade. Apenas simbolizam parte do planejamento de uma construção, que não é uma atividade estanque, pois depende diretamente da efetiva participação do arquiteto no processo.

“Eu sempre digo que tudo o que diz respeito ao sistema funcional da edificação, bem como os itens relacionados à estética devem ser especificados por um profissional, ou supervisionado por ele”, afirma a arquiteta Marina Dubal, do escritório DAD Arquitetura & Design.

Embora todos os critérios estejam diretamente relacionados à adequação do produto a determinadas aplicações, há outras características que se sobressaem durante a especificação, como as preferências estéticas. Na etapa de instalação dos revestimentos de piso, por exemplo, é comum a substituição de modelos. Até porque, atualmente o mercado oferece uma imensa variedade de formatos, cores, texturas e acabamentos superficiais, principalmente os cerâmicos.

Muitas vezes, o arquiteto indica o tipo ou marca que atendem às necessidades de um determinado ambiente, porém, ao longo da obra, o proprietário decide mudar a especificação. Se as alterações não comprometerem o desempenho do revestimento no ambiente e o assentamento for adequado, o resultado será satisfatório. Para a arquiteta Marina Dubal, nem mesmo o piso deve ser alterado, exceto sob supervisão do profissional. “Mesmo atendendo às exigências técnicas, às vezes, o modelo não harmoniza com o restante do projeto arquitetônico, comprometendo a funcionalidade estética da obra”, completa, considerando que os revestimentos são parte da solução global do projeto.

Sistemas insubstituíveis

Incansável defensor da boa arquitetura, o arquiteto Siegbert Zanettini revela que a adoção de sistemas e tecnologias mais apropriadas apenas completam o resultado global de cada proposta. “Portanto, toda e qualquer especificação não deve ser aleatória, mas ressaltar a união equilibrada de conceitos, conforme a tipologia da edificação”, diz. Para ele, quando um sistema ou produto atende aos princípios fundamentais dessa boa arquitetura, existem variáveis e opções que podem ser igualmente válidas para a mesma solução arquitetônica. Cabe, entretanto, ao arquiteto avaliar.

Mudanças na especificação podem comprometer o resultado

Na opinião da arquiteta Marina Dubal algumas etapas exercem grande impacto sobre o projeto – o tipo de cobertura é uma delas. “Quando especificamos determinado sistema, se a obra estiver em andamento é bem complicado alterar”, diz. “Isso porque, para cada material é indicada uma determinada inclinação das telhas, logo, qualquer mudança certamente irá comprometer o desenho da fachada”, acrescenta.

Planejamento é essencial

De acordo com o arquiteto Aquiles Nícolas Kílaris, o planejamento, sem dúvida, é a solução. “Quando é bem feito, não há necessidade de mudanças, basta executar o que foi planejado. De qualquer forma, se por acaso ocorrerem alterações, as mais trabalhosas de se realizar são as de hidráulica”, diz. E completa: “A instalação elétrica ainda é mais simples, pois rasgar uma parede e mudar a fiação é menos trabalhoso que mudar a rede de esgoto de uma casa já erguida”.

Por isso, logo no primeiro contato com o cliente, seja residencial ou corporativo, Nícolas Kílaris faz questão de frisar a importância do planejamento de materiais e sistemas, a fim de prevenir desperdícios. O arquiteto lembra ainda que a etapa estrutural também não admite alterações, exceto se ocorrem antes do início das obras. “Uma vez iniciada a construção, o tipo de estrutura prevista no projeto de cálculo estrutural deve ser mantido, pois mudanças ou substituições aleatórias certamente irão comprometer a segurança da edificação”, conclui.

Colaboraram para esta matéria

Marina Dubal – Formada em arquitetura e urbanismo pela UFMG e especialista em gestão de projetos pela Fundação Dom Cabral. Está à frente da DAD Arquitetura & Design. Atua nas áreas residencial, comercial e corporativa. Com trabalhos que vão desde a criação, desenvolvimento, gestão, assessoria de projetos até a execução da obra.
Siegbert Zanettini – É arquiteto urbanista e professor pela FAU-USP. Titular da Zanettini Arquitetura, com mais de 50 anos de atuação profissional, sua obra inclui 1.200 projetos realizados em mais de 5 milhões de metros quadrados, além de quatro décadas de vida dedicadas ao conhecimento acadêmico. Aquiles Nícolas Kílaris - Formado há 22 anos pela Pontifícia Universidade Católica de Campinas, o arquiteto atua nas áreas residencial e comercial. Além de várias obras em andamento no Brasil, atualmente comanda seus escritórios em Campinas e Americana, projetos na África e Argentina.