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Está na hora de retirar um equipamento de operação? Saiba avaliar

Fatores como baixa produtividade, fadiga de materiais e custo operacional estão entre os principais critérios dessa decisão. Conheça outros a seguir!

Publicado em: 25/03/2022Atualizado em: 04/10/2022

Texto: Redação AECweb/e-Construmarket

imagem de um maquinário industrial visivelmente utilizado, com indícios de ferrugem, e fundo desfocado
Dependendo da idade e do estado de um equipamento, não é economicamente viável mantê-lo operando, devido à dificuldade de obtenção de peças e ao alto custo para reparos (Foto: david custodio/Shutterstock)

Máquinas e equipamentos utilizados pela construção civil têm vida longa. Alguns permanecem em operação após 100 anos de uso, de acordo com o engenheiro Paulo Oscar Auler Neto, vice-presidente da Associação Brasileira de Tecnologia para Construção e Mineração (Sobratema). “De uma forma hipotética, um equipamento mecânico tem vida infinita se considerarmos que foi operado dentro das suas especificações, não atuou em ambientes corrosivos e teve a sua manutenção realizada rigorosamente dentro dos padrões preconizados pelos fabricantes”, enfatiza.

Não existe um momento exato e claramente definido para a retirada de um equipamento de operação. Mas há critérios muito bem estabelecidos, a começar por sua produtividade, fadiga de materiais, custo operacional e fatores ligados à segurança do operador e do seu entorno. “Dependendo da idade e do estado de um equipamento, não é economicamente viável mantê-lo operando, devido à dificuldade de obtenção de peças e ao alto custo para reparos”, expõe.

Outros fatores que pesam na decisão são as altas exigências de produtividade, os novos padrões de segurança e sustentabilidade. O descarte é feito, também, quando há ocorrência de acidentes, operações acima da capacidade, falhas mecânicas crônicas e o encerramento da produção por parte do fabricante.

“Em resumo, o descarte não é definido pelo tempo ou pelas horas trabalhadas, e sim pelo estado geral do equipamento e a forma como foi operado e mantido ao longo do tempo”, destaca Auler Neto, lembrando que não existe uma fiscalização por parte dos órgãos públicos.

No entanto, equipamentos de içamento de cargas e de pessoas exigem certificação periódica de operação. “Estando o equipamento enquadrado nos padrões estabelecidos, a operação está autorizada. Somente para veículos e caminhões existe controle de origem dos componentes usados por parte das autoridades”, complementa.

Destinação de componentes

Quando o equipamento é colocado fora de operação, os principais componentes são desmontados e oferecidos ao mercado secundário como peças usadas. As peças daqueles mais antigos e sem movimentação, ou as que se deterioram após longo tempo nos pátios e galpões dos desmanches, vão para as fundições.

“Alguns poucos fabricantes/dealers criaram um setor de peças usadas certificadas, em que componentes específicos são desmontados, avaliados e certificados como ‘peças usadas garantidas’. Esses itens também alimentam o mercado secundário com peças usadas de melhor qualidade e minimamente garantidas”, explica o vice-presidente da Sobratema.

Os motores também são reaproveitados e oferecidos nesse mercado secundário. Servem tanto para reposição da frota ainda em operação para quem busca uma peça mais barata, como para o acionamento de equipamentos artesanais, como dragas e bombas d’água. Pelo fato de as peças e componentes usados não terem um histórico definido e uma garantia de qualidade, os fabricantes em sua maioria evitam a comercialização de peças usadas, salvo as certificadas.

“Os motivos são os eventuais problemas de garantia e as exigências da lei de proteção ao consumidor, ficando este mercado nas mãos dos tradicionais desmanches ou ferros-velhos”, afirma. Para os equipamentos mais antigos e fora de linha, esses ambientes são a principal fonte de suprimentos de peças para quem ainda quer ou precisa manter um equipamento antigo em operação.

Máquinas e equipamentos, componentes e motores sem condições de aproveitamento ou que não teriam serventia como itens usados são destinados à reciclagem. “É o caso, principalmente, dos componentes metálicos, importante insumo para as siderúrgicas de todo o mundo”, finaliza.

Destaques:

Dependendo da idade e do estado de um equipamento, não é economicamente viável mantê-lo operando, devido à dificuldade de obtenção de peças e ao alto custo para reparos, Paulo Oscar Auler Neto

Em resumo, o descarte não é definido pelo tempo ou pelas horas trabalhadas, e sim pelo estado geral do equipamento e a forma como foi operado e mantido ao longo do tempo, Paulo Oscar Auler Neto

Colaboração técnica

Paulo Oscar Auler Neto – Engenheiro mecânico graduado pela Universidade Federal de Minas Gerais – UFMG (1982), com MBA em gestão empresarial pela Fundação Getúlio Vargas (FGV). Cerca de 43 anos dedicados ao ramo da construção civil pesada, tendo atuado em vários projetos de grande porte no Brasil e no exterior. É membro da diretoria da Associação Brasileira de Tecnologia para Construção e Mineração (Sobratema) desde 1995. Em 2009, foi eleito vice-presidente e membro do Conselho de Administração, posição exercida até o momento. Trabalhou na Construtora Mendes Junior por 9 anos e na Construtora Norberto Odebrecht S/A. e suas coligadas por 31 anos, sendo que nos últimos 16 anos ocupou a função de superintendente de Aquisição de Equipamentos. Liderou o processo de aquisição de mais de 7 mil equipamentos pesados no valor de aproximadamente US$ 3,20 Bi. Atualmente presta serviços de consultoria sobre gestão de frotas e assuntos técnicos relacionados a equipamentos. Contato: a.i. Sylvia Mie (Mecânica de Comunicação Ltda) / sylvia@meccanica.com.br