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Estrutura metálica é solução para cobertura de shopping centers

Em aço ou alumínio, e capazes de vencer grandes vãos, são mais adequadas e economicamente viáveis

Publicado em: 30/07/2014Atualizado em: 15/01/2021

Texto: Redação AECweb/e-Construmarket

Gestão - Moc e perdasFoto: Divulgação Marko

“Normalmente as coberturas de shoppings são desenvolvidas em grandes áreas planas, com poucos desníveis ou pavimentos, o que permite considerá-las estruturas horizontais. Nas áreas internas, quanto menor a quantidade de apoios, maior a facilidade de distribuição e layout das lojas. Desta maneira, os pontos de suporte (ou pilares) das coberturas têm grande espaçamento entre si, obrigando a estrutura de suporte da cobertura a vencer vãos extraordinários”, destaca o engenheiro Paulo André Barroso, diretor da Technica, consultoria especializada em estruturas metálicas.

De acordo com Barroso, há vários outros argumentos técnicos em favor da solução, a começar pelo fato de que ao vencer maiores vãos, a estrutura metálica dá ao arquiteto mais liberdade conceitual no uso da geometria. No caso de reformas ou ampliações, o sistema oferece maior flexibilidade. “A elevada industrialização de suas peças traz a vantagem de poderem ser fabricadas e montadas em muito menor tempo que suas similares em concreto; maior racionalização de materiais e mão de obra e, consequentemente, menor desperdício e sobras; com maior controle na qualidade final do produto”, lembra o consultor. E mais: na comparação com as coberturas em concreto, as metálicas têm peso próprio muito menor, reduzindo sobremaneira as cargas nas fundações. Quando moduladas, oferecem maior facilidade na fixação e distribuição de utilidades, como dutos de ar condicionado, calhas elétricas, luminárias e banners de propaganda. “Por todos esses motivos as coberturas metálicas têm menor custo”, justifica.

AÇO OU ALUMÍNIO?

Normalmente as coberturas de shoppings são desenvolvidas em grandes áreas planas, com poucos desníveis ou pavimentos, o que permite considerá-las estruturas horizontais. Nas áreas internas, quanto menor a quantidade de apoios, maior a facilidade de distribuição e layout das lojas. Desta maneira, os pontos de suporte (ou pilares) das coberturas têm grande espaçamento entre si, obrigando a estrutura de suporte da cobertura a vencer vãos extraordinários
Paulo André Barroso

A opção por estrutura de aço e/ou alumínio vai depender, basicamente, da região da obra e do orçamento. “As estruturas em aço são empregadas, geralmente, em regiões de menor agressividade ambiental ou onde o menor preço assim o justifique. Há, ainda, as estruturas em aço patinável (especial), com maior resistência a corrosão, porém, um pouco mais caras. Já as estruturas em alumínio são recomendadas para locais de grande exposição à corrosão ambiental ou quando o proprietário pode investir um pouco mais em troca de maior qualidade e durabilidade da cobertura”, afirma Barroso.

ESPECIFICAÇÃO

Segundo o engenheiro, teoricamente não há limites para os vãos ou pesos das estruturas de coberturas de shoppings. “Há, no entanto, o limite financeiro. É regra geral que, quanto maiores os vãos livres, mais caras serão as estruturas”, alerta, fornecendo alguns dados: para estruturas planas, os vãos livres variam entre 25 a 35 m, e para estruturas espaciais, os vãos entre 30 e 40 m são mais econômicos. As estruturas em aço pesam, em média, de 10 a 15 kg/m² e as em alumínio variam entre 3 e 5 kg/m². “Devemos lembrar que esses pesos podem aumentar se forem adotadas sobrecargas de projeto maiores que 25 kg/m²”, completa.

O engenheiro salienta que para o adequado lançamento de uma estrutura ou posicionamento geral das vigas principais, secundárias e pilares, o ideal é desenvolver o projeto juntamente com a equipe de arquitetura. “Desta maneira, é possível estudar alternativas concomitantemente ao processo criativo e conceitual”, diz. Além do projeto básico de arquitetura, a especificação da estrutura metálica de cobertura de shopping pede informações adicionais, abrangendo os materiais da estrutura e telhamento; tipo construtivo (estrutura convencional plana ou espacial); layout dos pilares ou pontos de apoio; cargas especiais de projeto; e local onde será construída a obra.

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TELHAS

A elevada industrialização de suas peças traz a vantagem de poderem ser fabricadas e montadas em muito menor tempo que suas similares em concreto; maior racionalização de materiais e mão de obra e, consequentemente, menor desperdício e sobras; com maior controle na qualidade final do produto
Paulo André Barroso

As coberturas geralmente utilizadas em estruturas metálicas são as telhas metálicas em aço ou alumínio, cada uma com seus respectivos acabamentos ou seções geométricas. Podem ser do tipo trapezoidal ou ondulada fixadas por ganchos, parafusos autoatarrachantes ou modernamente zipadas. Podem ser usadas de modo simples (telha única) ou duplas, na forma de elementos com características termoacústicas, com uma camada de isolamento colocada entra as duas telhas. “Alguns tipos de telhas utilizadas no passado caíram em desuso, como as de fibrocimento ou cimento-amianto, tipo onduladas ou calhetões. Eram muito pesadas”, ressalta Barroso, comentando que não há telhas mais ou menos vantajosas, pois cada tipo tem sua empregabilidade. “Se bem colocadas irão cumprir suas funções adequadamente”, diz.

INSTALAÇÃO

De acordo com o engenheiro, além de seguir as normas e procedimentos brasileiros de projeto, fabricação e montagem, os proprietários da obra podem exigir controle de qualidade especial no produto, ou cargas especiais de projeto. Já a fase de instalação de cada estrutura e de cada local pode ensejar procedimentos normais ou diferenciados de montagem. “Movimentações horizontais e verticais das peças estruturais, podem exigir ou não equipamentos especiais. Fixações das peças entre si ou ancoragens nas bases através de chumbadores pré-concretados ou pós-colocados, podem requerer mão de obra mais qualificada; alinhamentos de vigas, pilares e demais peças levam a cuidados especiais da equipe de montagem. Da mesma forma, a fixação das telhas, acessórios de fixação e arremates devem ser executados com maior esmero. Para as estruturas metálicas em aço, há que sempre se prever retoques na pintura”, explica.

As estruturas metálicas em aço requerem um plano de manutenção mais frequente e detalhado que um similar em alumínio. Se as estruturas em alumínio forem fabricadas pelo processo de rebitagem de suas peças ao invés de parafusos em aço, e se as telhas forem também em alumínio, esta estrutura poderá ficar mais de dez anos sem nenhuma manutenção física. Em estruturas de aço comuns, instaladas em ambientes normais, é interessante que se faça uma inspeção visual a cada ano.

Sistema integrado

Há, no mercado, sistemas padronizados que integram estrutura metálica e telhado no mesmo produto, tratando a cobertura como um conjunto. “Os módulos estruturais do sistema Roll-on são dispostos paralelamente, formando uma malha de apoio, com toda a furação necessária para receber, sem improvisações, instalações como tubulação de ar condicionado, iluminação, forro e rede de sprinkler”, explica Fernanda Borges, gerente de Comunicação da Roll-on Coberturas. É possível, ainda, utilizar reforços pontuais, o que permite, no caso de shopping centers, ampliar a capacidade de carga em áreas críticas para receber esses equipamentos.

Quer ver a solução aplicada? Veja os projetos do Shopping Pátio Cianê, Passeio das Águas e Jardim Guadalupe na Galeria da Arquitetura.

Colaboraram para esta matéria

Claudio Dall'Acqua
Fernanda Borges – Executiva de marketing, com sólida experiência na área de planejamento e comunicação. Possui mais de 10 anos de atuação no segmento de construção metálica, ocupando cargos de liderança na Marko Sistemas Metálicos.
Paulo André Barroso – Engenheiro civil pela Universidade Federal do Ceará (1971 a 1975). Pós-graduado em Cálculo de Estruturas na McGill University, Montreal, Canadá (1976 a 1977), e mestrado em Engenharia e Arquitetura de Coberturas Tensionadas (Archineer) na Universidade de Anhalt – Dessau – Alemanha (2006/2008). Foi Sócio/Diretor Técnico da Esmel Indústria de Estruturas Mecânicas, atuando na execução de projeto, fabricação e montagem de estruturas metálicas em quase todos os estados do país (1977 a 1992). Foi fundador/responsável técnico da Technica - Consultoria, perícias e projetos de estruturas metálicas em geral que executou mais de 1100 projetos e/ou montagens de obras metálicas diversas, com mais de 5,3 milhões de metros quadrados em áreas de coberturas e fechamentos (1992 a 2011). É fundador/responsável técnico da Tensor Estruturas Especiais e Tecnologia, consultoria, projetos fabricação e montagem de estruturas tensionadas para coberturas em tecido sintético de alta resistência (2000 a 2014).