Excesso de umidade pode colocar em risco a segurança das instalações elétricas
Curtos-circuitos e oxidação de painéis são alguns problemas que podem ocorrer quando as instalações elétricas ficam expostas à ação da água. Entenda
A falta de controle sobre a incidência da umidade pode ocasionar problemas nas instalações elétricas (foto: jocic/shutterstock)
Lâmpadas que queimam constantemente, goteiras no bocal das luminárias, curtos-circuitos e mau contato na rede elétrica. Esses são alguns indicadores de problemas nas instalações elétricas e que podem ser resultado de falta de controle sobre a incidência da umidade.
Muitas destas ocorrências têm como origem a ausência ou falhas de impermeabilização em lajes e paredes. "Nesses casos, a água percola pelos conduítes e cai no andar inferior através das tomadas e das caixas de passagem", explica o engenheiro José Miguel Farinha Morgado, diretor executivo do Instituto Brasileiro de Impermeabilização (IBI).
Além de causar vazamentos e gerar mofo e bolor, essas infiltrações podem trazer sérios danos à rede elétrica da edificaçãoJosé Miguel Farinha Morgado
"Além de causar vazamentos e gerar mofo e bolor, essas infiltrações podem trazer sérios danos à rede elétrica da edificação", destaca o especialista. "Em casos extremos, como a água é um condutor de eletricidade, o usuário pode sofrer choque elétrico quando em contato com a região molhada ou úmida", acrescenta o engenheiro Darcio Melian, da L2C Engenharia.
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Inspeções de qualidade em obra
INTERFACE IMPERMEABILIZAÇÃO E ELÉTRICA
A principal norma técnica que trata da impermeabilização de estruturas, a ABNT NBR 9575:2010 Impermeabilização - Seleção e Projeto, estabelece algumas práticas para evitar que a água e a umidade gerem danos às instalações.
Uma delas é a de que todas as tubulações elétricas que passam paralelamente sobre a laje sejam executadas sobre a impermeabilização e nunca sob ela. "A mesma norma estabelece que as tubulações transpassantes nas lajes impermeabilizadas sejam rigidamente fixadas à estrutura com material compatível com os arremates", comenta Morgado.
Em casos extremos, como a água é um condutor de eletricidade, o usuário pode sofrer choque elétrico quando em contato com a região molhada ou úmidaDarcio Melian
Outra prática estipulada em norma diz respeito às caixas de inspeção, passagem e tomadas, que precisam estar posicionadas em cota acima do nível do rodapé do sistema impermeabilizante para evitar a penetração de água.
Morgado destaca, ainda, a importância de se garantir que a instalação de antenas, para-raios, equipamentos de condicionamento de ar e outros, não coloque em risco a estanqueidade das lajes de cobertura. "Em lajes de cobertura, devem ser previstos pontos para fixação de antenas, para-raios, equipamentos de condicionamento de ar e outros", afirma o diretor do IBI.
Com relação ao processo de impermeabilização, cada edificação possui suas particularidades. Por isso mesmo, é necessária a definição de um processo de proteção contra a água personalizado.
Mas, em todos os casos, a garantia de qualidade e longa vida útil ao sistema depende da contratação de empresas especializadas para a realização do serviço. “É importante, também, dispor de projetos de impermeabilização consistentes, que apresentem, de forma detalhada, os procedimentos para a impermeabilização dos pontos onde existem a passagem dos eletrodutos e caixas de passagens”, ressalta Jefferson Sobral, coordenador de instalações da Trisul.
"Além do atendimento às diretrizes do projeto, a qualidade e a durabilidade das instalações elétricas depende, ainda, da utilização de materiais testados e certificados pelos órgãos regulamentadores, como a ABNT e o Inmetro", adiciona Melian.
PROJETO DE ELÉTRICA
Além de impermeabilizar corretamente, há uma série de outros cuidados que podem ser adotados para minimizar os danos à rede elétrica derivados da umidade.
Em edificações novas, por exemplo, não se recomenda a instalação de quadros elétricos em áreas úmidas (banheiros e saunas). “Em edificações existentes que apresentaram alguma ocorrência de infiltração, a orientação é sempre fazer uma verificação cuidadosa das instalações elétricas depois de concluída a recuperação da impermeabilização", finaliza Darcio Melian.
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Colaboração técnica
- José Miguel Farinha Morgado — Engenheiro civil com MBA em varejo de material de construção e em negócios e inovação pela Barry University e University of Nevada. É diretor executivo do Instituto Brasileiro de Impermeabilização (IBI), consultor e coordenador do 16º Simpósio Brasileiro de Impermeabilização.
- Darcio Melian — Engenheiro eletricista, é diretor operacional na L2C Engenharia, empresa especializada no desenvolvimento de projetos e no gerenciamento de obras.
- Jefferson Sobral — Coordenador de instalações da construtora Trisul.