Expansão do Aeroporto Internacional de Confins é concluída em BH
Com a ajuda de sistemas construtivos industrializados e rigoroso planejamento, o novo terminal internacional foi construído em apenas 14 meses
Texto: Redação AECweb/e-Construmarket
Com a ampliação do Aeroporto Internacional de Confins, a capacidade de atendimento será de 22 milhões de passageiros por ano / Foto: Divulgação BH Airport
Em operação desde dezembro de 2016, o novo terminal do Aeroporto Internacional Tancredo Neves, também conhecido como Aeroporto Internacional de Confins, foi construído para elevar a capacidade de atendimento do local para 22 milhões de passageiros/ano. A obra, que consumiu investimentos de R$ 870 milhões, contemplou a implantação de um novo terminal de passageiros, a reconfiguração de todo o sistema viário de acesso ao aeroporto, a ampliação da área de pátio para aeronaves e a construção de novas vagas para estacionamento de veículos, além da revitalização do terminal existente.
PRAZO EXÍGUO, PLANEJAMENTO RIGOROSO
Sob responsabilidade da Racional Engenharia, a construção teve de superar uma série de desafios. A começar pelo cronograma de apenas 14 meses, bem enxuto para um empreendimento que envolve cerca de 52 mil m² de área. “A duração comum de uma obra desse porte é de aproximadamente três anos”, comenta o engenheiro Rogério Romeiro, gestor de engenharia aeroportuária da concessionária BH Airport.
A tecnologia de ar-condicionado por termoacumulação foi a escolhida por propiciar menor custo de operaçãoRogério Romeiro
Para complicar, o projeto sofreu modificações durante a fase de construção, demandando uma gestão de planejamento extremamente sofisticada. Os engenheiros também tiveram de lidar com a necessidade de construir causando o mínimo de impacto possível entre os usuários do aeroporto, que foi mantido em funcionamento. No auge da obra, 30 mil passageiros trafegavam por dia pelo local.
Tais condicionantes impuseram a elaboração de um cronograma detalhado, com todas as atividades interligadas. “Dessa forma, foi possível agir rapidamente, reduzindo os impactos gerados por eventuais atrasos”, conta Romeiro. Ao longo da maior parte da obra, foram adotados dois turnos contínuos de trabalho. Apenas nas últimas doze semanas foi implantado o terceiro turno, com atividades realizadas sem paralizações, 24 horas/dia.
O novo terminal do Aeroporto de Confins tem amplos vãos livres e espaços integrados para favorecer a circulação dos passageiros / Foto: Divulgação BH Airport
EFICIÊNCIA OPERACIONAL
O projeto de arquitetura do novo terminal do aeroporto internacional de Belo Horizonte procurou favorecer a circulação dos usuários com a construção de amplos vãos livres e de espaços integrados. Também houve a preocupação de privilegiar a área destinada ao pátio de aeronaves, que passou a ter um tráfego mais fluido e racional.
A necessidade de garantir uma operação mais eficiente influenciou a concepção da fachada do terminal, composta por vidros de controle solar vedados por caixilhos de alumínio, e por painéis sanduíche que combinaram alumínio composto, painéis laminados e chapas cimentícias.
A fachada do novo terminal do Aeroporto de Confins ganhou vidros de controle solar e painéis sanduíche (alumínio composto, painéis laminados e chapas cimentícias) / Foto: Divulgação BH Airport
O projeto previu, ainda, a racionalização do uso da água, com redes de utilização de águas cinzas e de reúso, além de estações de tratamento. “A tecnologia de ar-condicionado por termoacumulação foi a escolhida por propiciar menor custo de operação”, conta Romeiro, lembrando que, no sistema adotado no aeroporto mineiro, a reposição de água perdida na evaporação ocorre através do sistema de águas cinzas.
FLEXIBILIDADE DE USO
O acesso e a circulação de passageiros na nova área do aeroporto ocorrem por dois níveis. Os embarques para voos internacionais são feitos pelo nível superior. Já os desembarques ocorrem pelo térreo. Para facilitar o deslocamento dos passageiros dentro do novo terminal, que tem 650 m de comprimento, foram instaladas três esteiras rolantes.
O planejamento faseado permitiu a sobreposição de atividades, como a execução de fundação em determinado módulo e cobertura e fachada em outroGuilherme Eustáquio Barbosa
Durante a ampliação do Aeroporto Internacional de Confins foram instaladas 17 novas pontes de embarque, das quais três podem ser utilizadas tanto para voos domésticos, quanto para voos internacionais. Tal flexibilidade foi possível graças à implantação de um sistema de portas com movimentação de 180° e 270°, capaz de segregar as áreas internacional e doméstica. “A vantagem desse modelo é que a infraestrutura pode ser usada para embarques nacionais quando não estiver sendo usada em embarques internacionais”, explica o gestor da BH Airport.
O novo terminal do Aeroporto de Confins possui três
esteiras rolantes / Foto: Divulgação BH Airport
Na avaliação do engenheiro Guilherme Eustáquio Barbosa, diretor-executivo de operações da Racional Engenharia, o método construtivo baseado no uso de pilares e vigas de aço foi fundamental para o cumprimento do prazo nas obras do Aeroporto Internacional de BH. As peças chegavam ao canteiro prontas para a montagem, sem que precisassem ser confeccionadas na obra. “Quando começou a montagem no canteiro, já tínhamos 60% da estrutura fabricada”, informa Romeiro, que destaca também o uso das lajes steel deck, que combinam aço e concreto. “Tal solução construtiva permitiu uma execução extremamente rápida e limpa, uma vez que dispensa o uso de escoramentos e reduz a armação”, explica.
Para dar mais assertividade ao cronograma, o projeto executivo foi dividido em oito setores construídos de forma independente. “O planejamento faseado permitiu a sobreposição de atividades, como a execução de fundação em determinado módulo e cobertura e fachada em outro”, comenta Barbosa. As equipes de trabalho especializadas iam migrando de um setor para o outro, agregando dinamismo à obra.
Outra ação que impactou positivamente os trabalhos de ampliação do aeroporto foi a execução de alguns mockups (testes em escala real) de estruturas e acabamentos. Segundo o engenheiro da Racional, isso trouxe ganhos, ao permitir avaliar o projeto previamente considerando uma eventual substituição de materiais e diferentes metodologias construtivas.
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Colaboração técnica
- Guilherme Eustáquio Barbosa – Engenheiro-civil formado pela PUC-MG, é diretor executivo de operações da Racional Engenharia.
- Rogério Romeiro – Engenheiro-civil formado pela Universidade Gama Filho (RJ), é gestor de Engenharia Aeroportuária da BH Airport.