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Falhas do departamento de compras geram riscos às construtoras

Falta de agilidade e de assertividade em processos de tomada de preços e de contratação proporcionam perda de vantagens competitivas, atrasos e prejuízos

Publicado em: 08/12/2020Atualizado em: 27/09/2022

Texto: Juliana Nakamura

compras e suprimentos
Uma gestão de compras mal planejada e executada pode acarretar em aumento de custos e menor produtividade (foto: FOTOGRIN/shutterstock)

Os profissionais que atuam nos departamentos de compras e de suprimentos das construtoras são constantemente cobrados. Eles precisam garantir a aquisição de bons produtos, entregues no tempo certo, ao menor custo possível, de forma ágil, e em conformidade com as regras de compliance da empresa.

Não se trata de uma missão simples, ainda mais em função da responsabilidade que envolve. “A gestão de suprimentos na construção civil é uma das etapas mais importantes na execução de uma obra”, resume Nilson Soares da Silva Filho, diretor de operação da MPD Engenharia. Segundo ele, uma gestão de compras mal planejada e executada implica em aumento de custos, menor produtividade, atrasos nas obras e desgastes com o cliente e à imagem da construtora.

DESAFIOS E IMPLICAÇÕES

Os desafios impostos às equipes de compras podem ser de ordem externa ou interna. No primeiro grupo estão problemas rotineiros que mantêm relação com o comportamento do mercado, como a dificuldade para encontrar fornecedores de insumos e serviços, a elevação de preços e o desabastecimento do mercado.

“Essas situações podem custar muito caro às construtoras. A começar pela redução das margens de lucro”, comenta Bruno Oliveira, executivo de contas do Construcompras.

Em um contexto de falhas de abastecimento, como o que está ocorrendo no momento, a demora da equipe de compras para entender a dinâmica do mercado e buscar soluções alternativas pode implicar em problemas em cadeia. A depender do tipo de material e das condições de estoque, o atraso de um dia na entrega no canteiro paralisa frentes de trabalho e gera horas ociosas.

Baixe aqui um mapa comparativo de propostas para facilitar seu processo de cotação.

Para minimizar perdas significativas, duas práticas são fundamentais. A primeira delas é trabalhar o planejamento de compras. Outra ação salutar para as construtoras é cultivar relações de longo prazo com seus fornecedores, evitando limitar a compra a uma comparação simplista de preços. Vale lembrar que na busca pelo preço mais baixo, muitas vezes o profissional cai em uma armadilha que o leva à aquisição de materiais de baixa qualidade e que vão se converter, futuramente, em custos extras, seja pelo aumento da assistência técnica, seja pelo descontentamento do cliente final.

“Além disso, uma plataforma de cotação eletrônica e o acesso a um banco de dados vasto com múltiplos fornecedores podem ajudar a solucionar algumas dessas dores do pessoal de compras em suas rotinas diárias”, pontua Oliveira.

FALHAS INTERNAS

Entre os problemas internos à construtora e que são fatores de improdutividade nos processos de compras há a falta de padronização, a perda de tempo com a execução de tarefas manuais e o curto prazo para a efetuação das negociações e das compras.

De modo geral, essas fragilidades são causadas pela falta de estruturação do setor de compras que, na maior parte das vezes, possui uma equipe enxuta.

A tecnologia pode ser uma aliada importante nesse sentido, ao proporcionar mais integração entre o departamento de compras e as demais áreas da construtora, minimizando conflitos. Não raramente, as equipes do canteiro e de planejamento se ressentem quando faltam materiais para as frentes de trabalho. Já o setor de compras reclama da falta de comprometimento dos outros setores com os prazos para requisições.

“A automação é uma ferramenta essencial em todos os processos produtivos, inclusive no processo de compras”, acrescenta o engenheiro Fernando Gomes, do Grupo Alliance. Ele cita como exemplo “as plataformas de e-commerce, que permitem abreviar o tempo de cotação e ajudam na equalização e na efetivação das compras”.

3 problemas comuns em departamentos de compras e suas implicações 

1 — Dificuldade para encontrar novos fornecedores  Potenciais consequências: escassez de propostas para comparar; atrasos na obra; compra com preço mais alto; compra equivocada.

2 — Falta de padronização no processo de compras  Potenciais consequências: desorganização; retrabalhos; perda de informações; desperdício de tempo para equalizar as propostas recebidas; falta de transparência.

3 — Pouco tempo disponível para a realização das compras  Potenciais consequências: obriga o comprador a recorrer sempre aos mesmos fornecedores; gera falta de tempo para desenvolver novos fornecedores; induz compras com sobrepreço pela falta de tempo para negociar; pode promover perda de qualidade decorrente de compra inadequada.



Colaboração técnica

Nilson Soares da Silva Filho – engenheiro civil com 18 anos de experiência no mercado de construção civil. É diretor de operação na MPD Engenharia.
Bruno Oliveira – executivo de contas na e-Construmarket, atua na área comercial do Construcompras.
Fernando Gomes – engenheiro civil com MBA em Gerenciamento de Projetos. É responsável pelas áreas de projetos, acompanhamento econômico de obras e suprimentos do grupo Alliance.