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Fechaduras eletrônicas: conheça os tipos, suas vantagens e desvantagens

Além dos modelos em cartões e reconhecimento biométrico, o mercado brasileiro passará a oferecer apps para dispositivos móveis. Leia mais sobre especificação, instalação e normas

Publicado em: 31/07/2017Atualizado em: 06/02/2018

Texto: Redação AECweb/e-Construmarket

Em forma de cartões, reconhecimento biométrico e até de aplicativos instalados nos dispositivos móveis, as fechaduras eletrônicas já são realidade no mercado e estão presentes nos mais diferentes tipos de projetos. “No Brasil, as mais aproveitadas são as de cartões magnéticos, principalmente pelas redes hoteleiras”, destaca o engenheiro Roney Honda Margutti, gerente de tecnologia do Sindicato da Indústria de Artefatos de Metais Não Ferrosos no Estado de São Paulo (Siamfesp). Em seguida, na lista de preferência do consumidor nacional, vêm as acionadas por senhas numéricas e as biométricas.

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A especificação da fechadura eletrônica deve considerar qual será a aplicação do produto (Dmitry Kalinovsky/shutterstock)

Segundo o especialista, a fechadura com acionamento por app (tecnologia bluetooth de smartphones) será lançada este ano no Brasil e começará a ser comercializada no segundo semestre. A novidade promete oferecer novas funcionalidades, passíveis de serem aproveitadas em projetos comerciais e residenciais. “A porta é aberta ou fechada usando o celular e sem a necessidade de levantar do sofá. Também será possível enviar chaves pelo aplicativo, ou seja, permitir que uma visita entre na edificação encaminhando a permissão para seu dispositivo móvel”, complementa.

As fechaduras eletrônicas acionadas por app possibilitam, ainda, que a porta seja liberada ou bloqueada através da internet. O proprietário terá a opção de programar os horários e datas da operação. Por exemplo, ao alugar uma casa de praia durante o feriado, ele configura a fechadura para autorizar o acesso dos visitantes somente nas datas combinadas. O produto traz informações sobre o registro de entrada e saída, permitindo o controle de acesso – funcionalidade que já está presente nas fechaduras de senha e cartões magnéticos. “O grande avanço e diferencial desse lançamento é que se trata do primeiro dispositivo eletrônico possível de ser aplicado às fechaduras tradicionais”, analisa Margutti.

Especificação

Para especificar o tipo ideal de fechadura eletrônica, os projetistas devem levar em conta qual será a aplicação do produto, já que cada um apresenta características próprias. Entre os critérios está a rotatividade, como é o caso de hotéis onde é interessante adotar o cartão magnético. “Afinal, é complicado pedir para o hóspede decorar uma senha numérica para ter acesso ao seu quarto, ou ainda exigir o registro das digitais de todas as pessoas que entrarão no apartamento”, diz o engenheiro.

Por outro lado, as fechaduras biométricas são interessantes em situações que exigem comodidade, pois evitam que as pessoas tenham de carregar chaves, cartões ou qualquer outro dispositivo. São opção nos projetos que exigem alta segurança, pois somente quem estiver registrado no sistema será capaz de acioná-lo e ter acesso aos ambientes. “Os principais critérios para escolha dessa solução são rotatividade, comodidade e controle/restrição de acesso”, diz o especialista. Mas, quando a operação pede tudo isso e, também, o controle total de acionamento, ele recomenda os produtos comandados por app.

Instalação e manutenção

O serviço de instalação de fechaduras eletrônicas demanda mão de obra especializada, para garantir o bom funcionamento do produto. “No caso das soluções por app, é importante obter ajuda de profissional capacitado e indicado pelo fornecedor, não somente pela complexidade dos ajustes, mas também para evitar problemas com invasões e hackers capazes de sabotar o sistema”, alerta. A manutenção e correção de falhas dependerão de cada fabricante e da tecnologia empregada. No caso dos aplicativos, a empresa que lançou o produto terá de contar com equipe de manutenção 24 horas por dia e sete dias por semana para atender a emergências.

No caso das soluções por app, é importante obter ajuda de profissional capacitado e indicado pelo fornecedor para evitar problemas com invasões e hackers capazes de sabotar o sistema
Roney Honda Margutti

Em todos os tipos de fechadura eletrônica, é comum existirem medidores do consumo de bateria e alertas para a troca de pilhas, ação facilmente executada pelo próprio morador. “Vale destacar que os produtos importados não têm assistência técnica autorizada. No caso de pane elétrica, a única opção é danificar a porta/fechadura para acessar o imóvel”, adverte Margutti.

Tipos de portas

Geralmente, as fechaduras eletrônicas são indicadas para portas de madeira, mas é possível instalá-las também nas portas metálicas. “A questão não está na diferença entre as fechaduras convencionais e tecnológicas. Mas sim no fato de as portas metálicas apresentarem perfis com limitações de espaço, e os produtos eletrônicos precisam de área maior devido à necessidade de acomodar a parte eletrônica”, explica o profissional. Já nas de vidro, o uso desses produtos não é indicado devido a limitações na instalação. Esse tipo de porta apresenta a particularidade de não permitir a utilização de parafusos que se fixem ao vidro, devendo ser empregados parafusos passantes.

Mercado

É possível encontrar no mercado fechaduras eletrônicas importadas custando entre R$ 500 e R$ 600. Já o preço médio dos produtos com tecnologia biométrica é de cerca de R$ 1,3 mil para o modelo mais simples, atingindo até R$ 3 mil para as opções completas. “As soluções com acionamento por app ainda não tiveram seu valor divulgado, mas o preço deve ficar próximo ao dos materiais mais caros”, informa Margutti.

Prós e contras

Cada tipo de tecnologia apresenta vantagens e desvantagens. As fechaduras controladas por senha, por exemplo, trazem maior comodidade por dispensar o porte de chaves, porém qualquer um que souber a combinação numérica poderá abrir a porta sem dificuldades. A biometria resolve o problema de restrição de acesso, no entanto apresenta o inconveniente de a pessoa cadastrada ter de estar sempre presente para abrir a fechadura, independentemente da situação. “O cartão permite a entrada somente de quem está de posse dele, mas há o risco de perde-lo e não conseguir mais acessar o ambiente”, fala o engenheiro.

No caso do app, a solução congrega comodidade, segurança no controle de acesso e bloqueio à distância. Mas podem ocorrer problemas caso acabe a bateria do dispositivo móvel ou da própria fechadura – em situações assim, o dono do imóvel será obrigado a recorrer ao auxílio da assistência técnica, tendo que esperar pela ajuda.

Qualidade

O mercado nacional não conta com norma técnica da ABNT para avaliação das fechaduras eletrônicas. No entanto, é possível adotar como base a ABNT NBR 14913 – Fechaduras de embutir – Requisitos, classificação e métodos de ensaios –, norma específica para as fechaduras de embutir em portas de madeira, aço, alumínio e de perfil estreito.

Segundo o especialista, contudo, a forte tendência de utilização de tecnologias móveis nas operações de acessos poderá favorecer o desenvolvimento das normas técnicas. “As mais recentes orientações para o desenvolvimento das normas têm que levar em conta o desempenho do produto, ou seja, verificar o atendimento da demanda de aplicação, permitindo a evolução tecnológica sem inibir o desenvolvimento de novas soluções. Ao focar no desempenho, abrem-se as portas para a inovação tecnológica”, finaliza Margutti.

Colaboração técnica

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Roney Honda Margutti – Graduado em Engenharia Civil pela Escola Politécnica da USP, tem especialização em Administração de Negócios pela Universidade Presbiteriana Mackenzie e MBA Executivo em Gestão Empresarial e Inovação pelo B.I. International, com módulos internacionais pela Babson School Executive Education e Columbia University. É coordenador da ABNT/CEE-188 - Comissão de Estudo Especial de Ferragens da ABNT. Tem mais de 18 anos de experiência em elaboração e gestão de Programas Setoriais de Qualidade e implantação de laboratórios de ensaios acreditados pelo INMETRO nas Escolas SENAI e L.A. Falcão Bauer. Desde 2003, trabalha no Sindicato da Indústria de Artefatos de Metais Não Ferrosos no Estado de São Paulo (Siamfesp), onde ocupa o cargo de gerente de Tecnologia. É membro da Câmara Ambiental da Indústria Paulista da FIESP - Federação das Indústrias do Estado de São Paulo. Atua ainda como assessor técnico do Siamfesp para os PSQs de Fechaduras e de Metais Sanitários no âmbito do PBQP-H – Programa Brasileiro de Qualidade e Produtividade do Habitat, do Ministério das Cidades do Governo Federal.