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Finame muda as regras para compra de equipamentos

Os juros continuam baixos, mas BNDES exige entrada de 30% até 50%

Publicado em: 24/02/2015Atualizado em: 07/04/2015

Texto: Redação PE

Como se não bastasse a escassez de trabalho no setor da construção, o aumento dos juros e as mudanças no Finame pioraram o planejamento financeiro das empresas locadoras, prestadoras de serviço e demais frotistas. Com as novas regras do PSI (Programa de Sustentação do Investimento), o BNDES deixou de financiar o valor total de compra de um equipamento: a redução caiu para 50% (grandes empresas) e 70% (micro, pequenas e médias empresas).

Essas medidas geraram desânimo. “Para quem, de fato, compra equipamentos é desestimulante deixar de ter 100% do valor da máquina financiado”, desabafa o diretor executivo da Luna Transportes, José Antônio Spinassé. “Não podemos desembolsar um valor que, por muitas vezes, não temos disponível para a entrada. Isso compromete o orçamento de uma empresa que depende da máquinapara começar a gerar capital”, desabafa.

As taxas de juros das linhas do PSI saltaram de 4,5% para 7,0% ao ano para pequenas empresas, e de 6,0% para 9,5% anuais para as grandes. A linha Finame Componentes também teve acréscimos.Os juros subiram de 4% para 6,5% a 7% ao ano. Já a linha de crédito do PSI para a categoria “Projetos Transformadores” teve juros elevados de 4% para 6,5% a 7% ao ano. Haverá aumento significativo também nas taxas As linhas para inovação de frota: de 4% para 6,5% a 7% anuais.

Taxas menores, mas inviáveis

O presidente da Schwing-Stetter Brasil, Ricardo Lessa, enfatiza que as taxas de juros pelo BNDES com 0,79% ao mês continuam as mais atraentes quando comparadas às praticadas mercado. “Equipamentos como os da Schwing têm índices de longevidade e são aliados as melhores linhas de financiamento do Brasil”, diz.

Nesse caso, o BNDES também oferece a possibilidade de financiar até 90% da compra do equipamento, desde que seja feito um financiamento de participação ampliada de mais 20% ou 40% do valor do bem. Dependendo do tamanho da empresa, os juros são corrigidos pela taxa selic, dólar, taxa fixa ou cesta moeda. O BNDES também divulgou as taxas fixas para o mês de fevereiro de 2015 - 17,24% ao ano para pequenas empresas e 15,74% para grandes empresas.

De qualquer forma, continuar com as taxas mais baixas do mercado, ou mesmo, seccioná-las, não mantém o Finame como opção preferida de financiamento. De acordo com Ronaldo Marinho Ribeiro, da área de produtos financeiros da Cat Financial, os planos da empresa oferecem uma opção de CDC com taxa fixa de 10% ao ano e entrada também de 10%. “Isso equaliza as opções do Finame e garante mais agilidade na liberação do crédito”, diz Ribeiro.

A Caterpillar e a rede concessionária gostaram da proposta, principalmente porque a liberação do CDC é rápida. Outra opção, caso o cliente queira fazer pelo Finame, é obter no banco um valor equivalente aos 30% ou 50% de entrada na compra de um equipamento. “Nesse caso, o cliente acumula dois contratos – o de capital de giro e o do Finame”, informa Ronaldo. Para fornecer o capital de giro, o banco exige uma máquina da frota do cliente como garantia.

José Antonio Spinassé, diretor executivo da Luna Transportes, informa que já foi procurado por banco de uma indústria que se propôs a financiar 100% do valor do equipamento, sem juros e sem precisar de entrada. Ele preferiu não citar nomes, mas exaltou essa condição atraente em que uma máquina de R$ 240 mil pode er paga em dois anos, com parcelas de R$ 10 mil por mês.

Depreciação da máquina não é levada em conta

Para Spinassé, as taxas praticadas no mercado deveriam levar em conta a rapidez da depreciação num equipamento. Uma escavadeira nova comprada hoje por R$ 400 mil, por exemplo, valerá metade do preço daqui a dois anos.Nenhuma taxa acompanha essa velocidade. Para se manter competitivo, é necessário adquirir um novo equipamento, mantendo um ciclo oneroso e constante que, segundo Spinassé, dificilmente se paga.

“Uma empresa que possui máquinas com três anos de uso não participa do grupo de obras de primeira linha. Ela fica fora da competitividade para trabalhar em empreendimentos como portos, aeroportos, rodovias, hidrelétricas e grandes obras de infraestrutura”, explica ele.

A pergunta é: qual obra paga hoje em dia a depreciação de 50% do valor de uma máquina? De acordo com Spinassé, o aumento do custo horário e a queda dos preços de locação gerados pela escassez de trabalho não cobrem esse deságio. Portanto, quando se aumenta a taxa de juros, o governo compromete ainda mais a saúde financeira das empresas desse setor.Tanto usuários de máquinas, como fabricantes e revendedores, são prejudicados com essas medidas.

Um equipamento de terraplenagem como uma escavadeira, por exemplo, é considerado novo com até 10 mil horas trabalhadas. Ultrapassada essa faixa, enquadra-se na categoria de usados. “Um leque de situações colabora para acelerar essa depreciação. Como há grande oferta de equipamentos novos no mercado, empreiteiras considerarem máquinas fabricadas há cinco anos desatualizadas para as novas demandas”, diz Spinassé.

Aposta em equipamentos novos

Para o presidente da Schwing-Stetter Brasil, Ricardo Lessa, equipamentos novos são grandes aliados para os prestadores de serviço saírem à frente na concorrência. Eles se destacam pela capacidade de antecipar ou cumprir prazos, na eficiência do trabalho, e na aptidão tecnológica para participar de projetos complexos em exigência técnica.

“Essa capacitação só é possível para quem conta com equipamentos em perfeitas condições de atender a essas complexidades. Máquina nova e com boa tecnologia aliada a profissionais bem treinados é diferencial competitivo”, explica.

Para ele, equipamentos novos são mais rápidos, têm melhor mobilidade, ergonomia, níveis reduzidos de emissão de gases, possuem eletrônica embarcada para otimizar as operações, reduzir desperdícios e evitar riscos de acidentes. Ou seja, tudo o que os contratantes exigem.

“Em épocas de crise, a melhor saída nem sempre é investir em intervenções pesadas de manutenção de equipamentos antigos, muitas vezes ultrapassados, que não tornam a empresa competitiva. Reduzir custos operacionais significa eliminar despesas elevadas com manutenção. Optar por equipamentos novos, significa investir em patrimônio para garantir trabalho”, finaliza Ricardo Lessa.

Confira as novas regras do Finame PSI

Colaboraram para esta matéria

José Antonio Spinassé – diretor executivo da Luna Transportes

Ronaldo Marinho Ribeiro – área de produtos financeiros da Cat Financial

Ricardo Lessa – presidente da Schwing-Stetter Brasil