Fôrmas trepantes são opção para estruturas verticais e altas
Tecnologia construtiva permite o avanço gradual das fôrmas e demanda o uso de gruas para movimentação
Fôrmas trepantes são indicadas para execução de paredes e pilares de grandes alturas
(Lev Kropotov/Shutterstock.com)
Com uso consagrado no hemisfério norte, o sistema de fôrmas trepantes foi desenvolvido para a execução de paredes e pilares de grandes alturas, quando não é possível realizar uma só concretagem. Sua aplicação é indicada em estruturas de obras industriais, pilares de pontes e viadutos e em barragens de usinas hidrelétricas. Também pode ser utilizado na execução de caixas de elevadores, escadas, arenas esportivas e obras especiais de geometria arrojada. O sistema encontra, ainda, uma importante aplicação em edifícios de múltiplos pavimentos executados com paredes de concreto.
Entre as obras recentes que se aproveitaram dessa tecnologia destacam-se a ponte estaiada sobre o rio Pinheiros, em São Paulo, e a ponte de acesso ao Aeroporto Internacional Tom Jobim, parte do complexo Transcarioca, no Rio de Janeiro.
Vantagens e desvantagens
A solução também viabiliza a execução de alterações angulares de até 15% de inclinação negativa ou positivaAvelino Garzoni
Entre os motivos que levam um construtor a optar pelos conjuntos trepantes estão a maior precisão nos ajustes de prumo e de alinhamento, a adaptabilidade a diferentes geometrias e a produtividade conferida às obras, uma vez que o uso desse tipo de fôrma elimina serviços manuais de montagens e desmontagens de andaimes. “A solução também viabiliza a execução de alterações angulares de até 15% de inclinação negativa ou positiva”, comenta o engenheiro Avelino Garzoni, diretor de engenharia da Mills. Em comparação com as fôrmas deslizantes, utilizadas na construção de reservatórios e silos, o sistema trepante tem como ponto a favor o menor consumo de cimento e de aditivos.
Em compensação, como as fôrmas trepantes operam em alturas elevadas, sua movimentação manual torna-se inviável, exigindo o uso de grua para montagem e desmontagem dos equipamentos. Isso impõe ao construtor um planejamento cuidadoso que garanta fluidez à execução dos serviços e assegure compatibilidade entre o peso do conjunto trepante e a capacidade da grua.
Por suas características e aplicações, as fôrmas trepantes também estão mais suscetíveis ao efeito do vento. Por isso, é fundamental que o projetista preveja ancoragens que suportem tais esforços, bem como proteções para os trabalhadores.
Como funcionam?
Um sistema de fôrmas trepantes é constituído por andaimes e painéis de fôrmas (modulares ou feitas sob medida para o projeto), geralmente de alumínio ou compensado de madeira. Também conta com um conjunto trepante formado por mísula (consoles), escoras, montantes verticais, cones e barras de ancoragem. O avanço vertical dos equipamentos acontece de modo progressivo e gradual, por meio de fôrmas apoiadas em plataformas fixadas aos trechos anteriormente concretados.
O dimensionamento dos painéis depende de uma série de variáveis, a começar pela geometria da estrutura e pelo posicionamento e espaçamento das plataformas. Idealmente, o sistema deve oferecer o máximo de ajustes possíveis, tais como regulagem de prumo e movimentação dos painéis, ajuste de inclinação das mísulas e possibilidade de aperto da fôrma contra a camada já concretada.
Os sistemas de fôrmas trepantes, assim como outras tecnologias para moldar estruturas de concreto, devem atender aos requisitos da ABNT NBR 15.696 - Fôrmas e escoramentos para estruturas de concreto - Projeto, dimensionamento e procedimentos executivos.
Cuidados executivos
De acordo com Nilton Nazar, projetista de fôrmas e diretor da Hold Engenharia, um planejamento consistente é crucial para o sucesso do uso de fôrmas trepantes. O estudo deve procurar o máximo de reaproveitamento dos painéis durante o avanço da fôrma, minimizando a troca. Também deve garantir que o prumo seja rigorosamente controlado, assim como a estanqueidade dos painéis e a topografia. O projeto deve prever, ainda, acessos adequados aos operários por escadas ou elevadores cremalheira, além de plataformas adequadas e guarda-corpos.
A recomendação é escolher fornecedores com experiência nesses sistemas e que oferecem todo auxilio técnico na fase dos projetos e orientação para pré-montagem e movimentações do sistema em obraNilton Nazar
Tanto as etapas de montagem quanto as de desmontagem precisam ser executadas por montadores e carpinteiros treinados para lidar com esse tipo de equipamento. “No momento da contratação, a recomendação é escolher fornecedores com experiência nesses sistemas e que oferecem todo auxilio técnico na fase dos projetos e orientação para pré-montagem e movimentações do sistema em obra”, destaca Nazar.
No mercado, há diversas opções de sistemas, similares em conceito, mas com níveis diversos de tecnologia e capacidade de carga agregados. Por isso, na hora da contratação, vale observar aspectos técnicos, como a maior ou menor facilidade para ajustar e nivelar as fôrmas, por exemplo.
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Colaboração técnica
- Avelino Garzoni – Engenheiro civil, é diretor de engenharia da Mills
- Nilton Nazar – Engenheiro civil, diretor da Hold Engenharia e professor da Escola de Engenharia Mauá