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Fossa séptica é solução para áreas rurais

Com a função de cuidar do esgoto doméstico, o sistema pode ser adquirido pré-moldado em concreto, PVC ou construído artesanalmente

Publicado em: 29/07/2015Atualizado em: 25/10/2022

Texto: Redação AECweb/e-Construmarket

As fossas sépticas têm a função de prover o cuidado primário do esgoto doméstico, para que sejam evitadas contaminações do solo e da água, prevenindo a transmissão de várias doenças. Seu uso intensivo no Brasil é, contudo, uma evidência da falta de investimentos nas redes coletoras e estações de tratamento de esgoto. “Esses sistemas são soluções recomendadas para regiões com população difusa, como em áreas rurais, e não para centros urbanos, onde eles também são muito encontrados”, analisa o engenheiro Renato de Oliveira Fernandes, professor na URCA – Universidade Regional do Cariri (CE).

As fossas sépticas são opção também quando o lançamento do esgoto na rede é inviável, pela característica do efluente que precisa de tratamento prévio, ou, ainda, em redes com capacidade reduzida.

De acordo com o profissional, o tratamento é realizado com uso de bactérias que estabilizam a matéria orgânica contida no efluente. "O acompanhamento de profissionais capacitados na manutenção das fossas é essencial, para se evitar problemas de poluição do meio ambiente”, comenta.

A adoção das fossas sépticas em empreendimentos industriais também requer cuidados, para não trazer prejuízos à natureza. “Nesses casos, é necessária uma análise prévia de seus efluentes, realizada por entidades ambientais competentes. A verificação permite avaliar qual tipo de tratamento precisa ser feito no esgoto antes que seja lançado no ambiente”, adverte Fernandes. Materiais indicados para indústrias têm dimensões maiores em comparação aos fabricados para serem instalados em residências. “O volume depende do consumo de água da edificação”, completa.

Esses sistemas são soluções recomendadas para regiões com população difusa, como em áreas rurais, e não para centros urbanos, onde eles também são muito encontrados
Renato Fernandes

ESPECIFICAÇÃO E INSTALAÇÃO

O dimensionamento das fossas sépticas deve ser feito levando em consideração o que determina a ABNT NBR 7229 – Projeto, construção e operação de sistemas de tanques sépticos. “Os principais critérios que definem o tamanho do sistema são o número de habitantes na edificação, a frequência de limpeza e o consumo de água que retornará como esgoto”, explica o engenheiro. É importante estar ciente de que a fossa séptica precisa ser um tanque estanque, sem possibilidade de infiltração no solo, e sua localização deve respeitar uma distância mínima de 30 m de corpos d’água (qualquer tipo de acumulação de água, como rios, lagoas, represas ou mar).

Existem muitas tecnologias para construção da solução, incluindo as pré-moldadas em concreto ou PVC e, também, as construídas no próprio local, utilizando-se concreto ou tijolos cerâmicos. De forma geral, é preciso determinar o tamanho do sistema, escolher o ponto de instalação, realizar a escavação do solo, colocar a fossa (caso seja pré-moldada) ou moldar as paredes com concreto ou alvenaria e, por fim, ligar a rede predial ao dispositivo que receberá o efluente líquido, por exemplo, o sumidouro ou a vala de infiltração.

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MANUTENÇÃO E LIMPEZA

A manutenção e a limpeza das fossas sépticas devem ser feitas com cuidado para evitar contaminação e acidentes. “Existem empresas especializadas nessa atividade. Os profissionais retiram o efluente e encaminham o material para estações de tratamento de esgoto, sua destinação adequada”, diz Fernandes.

MERCADO E PREÇOS

Determinar uma faixa de preço para fossas sépticas não é tarefa fácil, pois variáveis como a tecnologia aplicada e a mão de obra necessária para instalação influenciam no valor. No entanto, Fernandes menciona que, especialmente para comunidades rurais, existem soluções bem econômicas e simples que podem ser feitas pelos próprios moradores.

Os principais critérios que definem o tamanho do sistema são o número de habitantes na edificação, a frequência de limpezas e o consumo de água que retornará como esgoto
Renato Fernandes

A especificação dos materiais apropriados depende muito do contexto econômico e social da região. “Para áreas com maior disponibilidade de material e mão de obra, a construção de fossas in loco pode ser mais econômica. Já em regiões com pouca mão de obra e onde o preço de materiais for muito representativo, deve-se avaliar a possibilidade de instalação de fossa séptica industrializada”, avalia Fernandes.

Segundo ele, as principais vantagens da fossa séptica industrializada são a redução de erros decorrentes da execução e a rapidez de sua construção. “Por outro lado, as moldadas no local, como as de alvenaria e concreto, têm um valor social maior, considerando que podem empregar mais trabalhadores durante a sua construção. ”

Normas técnicas - além da ABNT NBR 7229, outra norma técnica específica para projeto e construção de fossa séptica é a ABNT NBR 13969 – Tanques sépticos – Unidades de tratamento complementar e disposição final dos efluentes líquidos – Projeto, construção e operação. “Há, ainda, legislações municipais e estaduais que devem ser respeitadas”, comenta o profissional.

Processo de biodigestão produz fertilizantes - especialmente no campo, o sistema pode ser usado também para geração de fertilizantes. “A tecnologia usa o esgoto para criação de fertilizantes por meio do processo de biodigestão. Para potencializar a ação das bactérias, adiciona-se esterco bovino ao esgoto. A solução é indicada para casos em que se pretende utilizar o fertilizante em atividades agrícolas. O investimento inicial geralmente é maior, mas, em longo prazo, o uso do adubo orgânico em substituição à compra do químico pode compensar o investimento”, finaliza Fernandes.

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Renato de Oliveira Fernandes – engenheiro civil com mestrado em Engenharia Civil e Ambiental pela Universidade Federal de Campina Grande (UFCG). É professor-assistente do Departamento de Construção Civil da Universidade Regional do Cariri (URCA). Doutorando no Programa de Pós-Graduação em Engenharia Civil do Departamento de Engenharia Hidráulica e Ambiental da Universidade Federal do Ceará (UFC).