Grafite decorativo é opção para personalizar fachadas, muros e paredes internas
Arte urbana tem sido cada vez mais aproveitada em projetos de arquitetura e de interiores adicionando cor e criatividade às cidades
O grafite pode ser elaborado com diferentes técnicas e materiais combinados (Foto: Divulgação/Dinas Miguel)
Manifestação artística associada à liberdade, à ousadia e à contestação, o grafite tem sido utilizado por arquitetos e designers de interiores como uma forma de imprimir personalidade e autenticidade aos projetos, transformando fachadas, muros e paredes em galerias.
O grafite cria uma comunicação direta entre as pessoas e os espaços. Além disso, em função de seu caráter único e exclusivo, gera mídia espontânea, algo bastante valioso em tempos de redes sociais.
“Tivemos uma experiência muito bem sucedida ao inserir um grafite no interior de um apartamento de curta duração”, conta a arquiteta Heloisa Yamashiro. Nesse caso, os hóspedes ficavam encantados com as cores do local, tiravam fotos, marcavam o artista e tornavam a hospedagem cada vez mais visível a outros potenciais usuários.
Os grafites são mais que uma mera pintura na parede. Eles são uma expressão artística que conseguem transmitir emoções a quem os vêHeloisa Yamashiro
“Os grafites são mais que uma mera pintura na parede. Eles são uma expressão artística que conseguem transmitir emoções a quem os vê”, afirma Yamashiro. “Esses trabalhos nos permitem trazer arte para os espaços, criando um ar mais moderno e descontraído”, acrescenta o arquiteto David Bastos.
ESTILOS DE GRAFITE
Segundo Bastos, qualquer parede interna ou externa pode receber um grafite. “No entanto, em projetos privados, sejam eles comerciais ou residenciais, é importante considerar a personalidade do cliente na hora de planejar uma intervenção”, destaca.
Também é importante escolher um artista que esteja bem integrado ao intuito do projeto e às pessoas envolvidas no processo. “Quando falamos em projetos residenciais, o grafite está muito ligado à personalidade de cada morador que opta por ter esse tipo de arte. Por isso, quando o cliente escolhe essa intervenção artística, ela costuma acompanhar um significado pessoal”, explica a arquiteta Ana Rozenblit.
Quando falamos em projetos residenciais, o grafite está muito ligado à personalidade de cada morador que opta por ter esse tipo de arteAna Rozenblit
A dica de Heloisa Yamashiro é analisar os tipos de desenho ou aplicações que mais agrada. “Depois disso, escolha um artista, pesquise informações nas redes sociais ou, se preferir, peça indicação de alguém de confiança”, comenta a arquiteta. Ela lembra que hoje, muitos artistas já disponibilizam seus portfólios para consulta na Internet. Mas embora as referências possam servir como base, os profissionais, em sua maioria, não são adeptos a reproduções.
Diverso e criativo, o grafite brasileiro é reconhecido entre os melhores de todo o mundo. Há, ao menos quatro tipos estilos mais recorrentes. O freestyle (estilo livre) combina letras, desenhos e assinaturas dos artistas. Já o throw up se baseia no uso de poucas cores, mantendo o foco no contraste entre as tonalidades. Muito popular, o wild style remete à arte tribal, utilizando letras trançadas e coloridas. Há, ainda, o grafite 3D hiper-realista. Nesses casos, a arte se assemelha a desenhos computadorizados, criando uma impressão de volume, confundindo-se com o espaço real.
CUIDADOS NA EXECUÇÃO
Além da tradicional tinta spray, o grafite pode ser elaborado com diferentes técnicas e materiais combinados. Há artes com pincel, tinta látex, colagem, canetão, entre outros.
A durabilidade da arte executada depende, diretamente da correta preparação da parede e da escolha dos materiais que precisam ser de primeira linha, especialmente quando se trata de trabalhos expostos às intempéries. Quando bem realizado e mantido, um grafite pode manter sua beleza por mais de dez anos.
Também é necessário dar atenção à qualidade da parede que receberá a intervenção. A superfície não pode apresentar sinais de infiltração, fissuras ou rachaduras. Ela também precisa ter uma camada bem aplicada de massa e fundo preparador.
A manutenção dependerá de fatores como a incidência solar e a ocorrência de chuvas. De “qualquer forma, é importante a aplicação de uma resina à base de água para ajudar a manter a coloração do grafite por mais tempo”, finaliza a arquiteta Heloisa Yamashiro.
Colaboração técnica
- Ana Rozenblit — Arquiteta e urbanista, está à frente do Escritório Spaço Interior, que realiza projetos residenciais, comerciais e corporativos.
- Heloisa Yamashiro — Arquiteta e urbanista com MBA em Gestão de escritórios de Arquitetura. Desde 2016, com escritório próprio, desenvolve projetos de arquitetura e interiores em projetos comerciais e residenciais. Desde 2020 é sócia da Parnasi Incorporadora.
- David Bastos — Arquiteto e urbanista, é autor de mais de 800 trabalhos residenciais e corporativos. Possui escritórios em Salvador (BA) e São Paulo (SP), onde desenvolve projetos residenciais e comerciais de alto padrão.