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Iluminação de hospitais deve proporcionar conforto aos pacientes

Lâmpadas dicroicas e halógenas, ou fluorescentes compactas e tubulares são boas opções. Mas é importante planejar cada ambiente e considerar tamanho e posição do empreendimento, normas, qualidade e durabilidade dos materiais

Publicado em: 10/01/2013Atualizado em: 31/03/2023

Texto: Redação AECweb/e-Construmarket

Por Tatiana Arcolini

Satisfazer a diversidade de critérios técnicos e as compatibilidades físico-funcionais é requisito básico a qualquer projeto de iluminação hospitalar. As soluções devem atender às demandas das atividades ali desempenhadas sem se esquecer de levar em conta o conforto humano.

Tais recomendações relacionadas à harmonia arquitetônica em ambientes hospitalares decorrem das grandes inovações tecnológicas e biomédicas, que passaram a exigir que fossem projetados especificamente para esse fim, atendendo às características das diversas especialidades médicas e exercendo a atenção fundamental do cuidado com o bem-estar dos pacientes.

Um projeto de iluminação hospitalar, dessa forma, precisa integrar o homem ao meio e otimizar seu desempenho. Para isso, são extremamente necessários o desenho do espaço, os elementos funcionais e estéticos, a correta utilização de luz natural e artificial, e a escolha das melhores cores. Tudo isso para que os aspectos do conforto ambiental sejam atendidos e possam, de fato, agregar qualidade de vida aos pacientes.

“A elaboração de um projeto de iluminação para ambientes hospitalares é um processo complexo. Hospitais, clínicas médicas e consultórios devem proporcionar bem-estar e tranquilidade aos pacientes. A saúde exige ambientes arejados, limpos e com luz natural ou adequadamente iluminados, assim como locais que sejam agradáveis e confortáveis. Esses são os itens que permitem bom desempenho dos profissionais, funcionários e pacientes”, pontua Ronald de Goes, Doutor em Arquitetura e Urbanismo (UFRN), professor do Instituto de Arquitetos do Brasil (IAB).

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Luz: ponto principal

O ser humano se desenvolve somente a partir do contato permanente com a iluminação natural. Sendo assim, um projeto de iluminação hospitalar deve se atentar, primordialmente, para o controle do uso da luz e sua intensidade, a fim de oferecer todo o conforto visual de que o paciente necessita para o sucesso do tratamento.

Um estudo realizado em seis hospitais de Chicago, nos Estados Unidos, pelos profissionais de Medicina Física e Reabilitação da Universidade de Michigan, e publicado no The Journal of Architectural and Planning Research, apresentou uma importante relação entre o bem-estar dos pacientes, a iluminação artificial e a contribuição proveniente do contato com a visão da paisagem externa. Os pacientes apresentaram insatisfação quando não tinham pleno controle sobre a iluminação, a abertura das cortinas, das persianas e das próprias janelas.

“Uma boa iluminação valoriza e revela o ritmo do espaço: sombras, formas, texturas, proporções e determina as sensações de bem-estar, conforto e motivação. A iluminação provoca reações emocionais positivas ou negativas. Ambiente com luz fria, isto é, branca azulada, provoca irritação, inquietação, incutindo, muitas vezes, o desejo de sair do ambiente. A luz amarela, por outro lado, provoca a sensação de aconchego, relaxamento e o desejo de permanecer no local”, esclarece o professor Ronald de Goes.

O projeto em si

Compreender que as edificações para saúde, hoje em dia, requerem soluções flexíveis é o primeiro passo para um projeto bem-sucedido. Analisar todos os pontos e prever possíveis demandas futuras faz parte do trabalho do arquiteto, que deve participar desde o início das obras e se envolver em todas as fases do processo, tendo claro para si mesmo o uso que se fará daquele espaço: hospital geral ou especializado, horizontal ou vertical, público ou privado, e com ou sem fins lucrativos. “Uma vez que o conforto luminoso está ligado à comodidade visual (quanto ao nível da iluminação adequado à visualização, quanto ao índice de ofuscamento e quanto à cor da luz enquanto temperatura e rendimento), é função do arquiteto considerar a qualidade dos equipamentos de iluminação, que precisam apresentar boa eficiência energética, alto grau de qualidade física, além de custos operacional e de implantação dos sistemas compatíveis com os valores do empreendimento”, explica Eduardo Cunha Castanheira, arquiteto urbanista, doutorando em Iluminação (UFOP) e professor de Instalações Elétricas e Luminotécnicas na Faculdade de Arquitetura e Urbanismo Izabela Hendrix.

É de suma importância, também, saber que um hospital se classifica em pequeno (até 50 leitos), médio (de 50 a 150), grande (de 150 a 400) e especial (acima de 400). A complexidade do projeto é, portanto, diretamente proporcional ao seu tamanho. O passo seguinte é analisar o entorno, a acústica, a insolação e a facilidade de acesso, além da topografia e da geologia. Observar o lado para o qual o prédio está voltado, por exemplo, permite optar por revestimentos de vidros verdes, que possuem pequeno índice de reflexão, e assim ganhar luminosidade natural caso esteja na face sul. Nesse mesmo caso, pode-se, também, fazer escadas abertas e elevadores panorâmicos nas áreas de circulação, permitindo total controle dos acontecimentos ao seu redor. Além disso, vale usar compostos de alumínio, que criam efeito visual agradável e minimizam o impacto com o ambiente urbano.

Parâmetros técnicos

“Os parâmetros técnicos utilizados no Brasil para elaboração de projetos de iluminação em ambientes hospitalares se referem à Norma 5413, da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT)”, explica Ronald de Goes, Doutor em Arquitetura e Urbanismo (UFRN), professor do IAB (Instituto de Arquitetos do Brasil). Confira as principais orientações para um projeto funcional:

• Uma vez que a visão do paciente é o teto, a iluminação deve ser indireta;

• As cores das luzes devem levar em conta a patologia do paciente, uma vez que as tonalidades podem relaxar ou agitar as pessoas;

• Como as salas cirúrgicas são sempre muito iluminadas, os ambientes ao seu redor devem ter 50% de luminância e redução gradativa, para a adaptação do olho;

• Em locais de deslocamento de pacientes, a luz deve ser baixa e próxima ao nível do piso;

• Nas cabeceiras dos leitos devem ser colocadas luminárias com diferentes iluminâncias, auxiliando o paciente e a enfermagem;

• A temperatura de cor mais usada em hospitais está entre 4000 K e 4500 K. Mais do que isso pode provocar frio e desconforto; abaixo, dá sensação de calor;

• O uso de fluorescentes tubulares com pó trifósforo e compactas é ideal para a iluminação geral.

“Deve-se projetar corretamente para que o nível de iluminação não fique abaixo do exigido, provocando fadiga e cansaço visual, ou, caso contrário, ofuscamento. A iluminação deve permitir que pessoas e objetos sejam vistos da forma mais natural possível. Outro ponto é definir a temperatura da cor (em graus Kelvin). Para clima aconchegante, 3.000 K; clima frio e estimulante, 4.000 K. Para evitar interferência na aparência neutra das cores, a temperatura deve ficar em torno de 3.500 K”, diz Ronald.

A humanização também é fator de relevância. Considerando que os hospitais são ambientes de doença, quanto mais humanizado for o projeto, menor é a tristeza daqueles que estão no local. Para isso, entra novamente a questão da criação de espaços saudáveis que tragam sensação de bem-estar e proporcionem boa relação entre o ser humano e o meio. “As lâmpadas mais utilizadas atualmente, quando se deseja provocar a sensação de conforto e relaxamento, são as dicroicas e as halógenas, ou as fluorescentes compactas e tubulares, cuja aparência de cor é mais quente”, afirma o professor.

LuminotÉcnica em centros cirÚrgicos

Em um projeto luminotécnico para centros cirúrgicos, a indicação é usar luminárias que sejam herméticas, para evitar acúmulo de poeira e bactérias que possam causar contaminação. Além disso, o ideal é utilizar lâmpadas de alta eficiência e vida útil longa, minimizando os custos de manutenção e energia elétrica. Outra indicação é que as luminárias auxiliares possuam acabamento em acrílico ou vidro, para facilitar a  limpeza. O mais usual são as lâmpadas fluorescentes tubulares, como as T5 de 28W ou 14W com alto índice de reprodução de cor, como as das séries 90 encontradas no mercado com Índice de Reprodução de Cores (IRC) acima de 90, que reproduzem com muita fidelidade as cores dos ambientes e das pessoas.

Já as luzes naturais devem também estar presentes, pois possuem a capacidade de melhorar as condições emocionais da equipe médica. Porém, nesse caso, não se pode deixar de controlar a emissão de calor gerado por ela, bem como a incidência de altos índices de luminosidade que provocariam ofuscamento e desconforto aos usuários.

Para saber mais

Confira as dicas que Eduardo Cunha Castanheira, arquiteto urbanista, doutorando em Iluminação (UFOP) e professor de Instalações Elétricas e Luminotécnicas na Faculdade de Arquitetura e Urbanismo Izabela Hendrix, oferece para um bom projeto luminotécnico.

1. Quais são orientações para um projeto de iluminação hospitalar bem-sucedido?

Analisar as tecnologias disponíveis no mercado para avaliação da sua qualidade técnica e econômica, e selecionar os equipamentos e detalhes construtivos adequados à integração dos equipamentos de iluminação com a arquitetura e interiores propostos.

2. Como devem ser instalados os equipamentos de luz?

De acordo com os manuais técnicos específicos das luminárias, devendo sempre prever a correta manutenção na troca de lâmpadas e aparelhos, a fim de manter as especificações definidas no projeto definitivo.

3. Que cuidados são exigidos em um projeto como este?

A plena integração das luminárias com os sistemas prediais do empreendimento obtida a partir da identificação dos pontos conflitantes de diferentes sistemas e de negociação para adaptações entre esses pontos, para se alcançar o melhor atendimento dos interesses técnicos e econômicos do empreendimento, ou seja, compatibilização com os diversos projetos complementares.