Impermeabilização de coberturas exige avaliação preliminar da estrutura
Projetista deve levar em consideração aspectos como movimentação estrutural, geometria do local e intensidade de tráfego de pessoas e veículos
Texto: Redação AECweb/e-Construmarket
Os impermeabilizantes flexíveis são a escolha mais indicada (Volodymyr Plysiuk/ Shutterstock.com)
A impermeabilização de lajes e coberturas tem como principal objetivo promover a estanqueidade desses elementos e protegê-los contra a ação da água e da umidade. Para que esse desempenho seja garantido, é necessário especificar os impermeabilizantes de acordo com as características da área em que eles serão aplicados.
Assim, nos casos em que essas estruturas estiverem sujeitas à movimentação, à dilatação e à contração térmica – como ocorre, por exemplo, com as coberturas –, os impermeabilizantes flexíveis são a escolha mais indicada, pois apresentam propriedades elásticas para suportar essas ações. Já os impermeabilizantes rígidos ou “semiflexíveis” (classificação não adotada pelas normas brasileiras) só podem ser utilizados caso o piso da laje esteja em contato com o solo.
Segundo Flávio de Camargo, engenheiro civil e gerente-técnico da Denver Impermeabilizantes, as características do projeto influenciam na escolha do melhor impermeabilizante, como geometria da superfície, intensidade de tráfego no local, exposição a intempéries, entre outros. “Também é necessário avaliar o cronograma de liberação da área, o tempo disponível para secagem ou para interdição da área, interferências pré-instaladas no local, futuras instalações, cota disponível e capacitação da mão de obra para o sistema a ser adotado”, explica.
IMPERMEABILIZAÇÃO DE LAJES
Lajes expostas à circulação de pessoas e carros requerem o dimensionamento de camadas de proteção à impermeabilização. A especificação deve, portanto, considerar a intensidade do tráfego no local, geralmente classificado como leve quando há trânsito de pedestres e elevado nos locais por onde passam veículos automotores.
Também é necessário avaliar o cronograma de liberação da área, o tempo disponível para secagem ou para interdição da área, interferências pré-instaladas no local, futuras instalações, cota disponível e capacitação da mão de obra para o sistema a ser adotadoFlávio de Camargo
Para tráfego leve, deverá ser projetada uma camada separadora e outra camada de proteção mecânica sobre a impermeabilização. “Juntas, elas terão a função de separar os esforços e proteger a impermeabilização tanto durante a execução do piso quanto depois quando estiver movimentando e sendo utilizado”, explica Camargo.
Já em lajes de trânsito elevado, a impermeabilização exige a aplicação de camadas mais reforçadas e espessas, com propriedades de amortecimento, resistência à tração e ao rasgamento para resistir aos efeitos de carga, punção e frenagem.
“Já as lajes não transitáveis não estão sujeitas a tantas solicitações, mas a impermeabilização deve apresentar resistência a intempéries” afirma Eliene Ventura, gerente-técnica da Vedacit.
Em lajes que irão receber vegetações para formação dos chamados telhados verdes, o projeto deve apresentar uma camada drenante entre a manta impermeabilizante e as camadas que suportam o substrato da cobertura vegetal. Além disso, é necessário a estruturação de um sistema hidráulico eficiente para captação e drenagem de água utilizada no regadio.
COBERTURAS
Telhados projetados sobre madeiramento ou fechamentos encaixados em estruturas metálicas também podem demandar cuidados com a impermeabilização. Isso porque, com o passar do tempo, as movimentações sofridas pela estrutura podem forçar a infiltração da água em pequenas junções. “No caso do telhado, a calafetação ou a sobreposição das telhas deve estar bem-feita, além de o projeto apresentar caimento para as saídas de água”, alerta Ventura.
No caso do telhado, a calafetação ou a sobreposição das telhas deve estar bem-feita, além de o projeto apresentar caimento para as saídas de águaEliene Ventura
Caso o projeto esteja muito exposto à umidade, pode ser indicada a impermeabilização do telhado por pintura ou aplicação de resinas, soluções que eliminam a porosidade das telhas e evitam a absorção de água. Outra opção, esta mais recomendada para corrigir problemas de infiltrações, consiste na aplicação de manta asfáltica aluminizada. “Ela é capaz impermeabilizar, além da porosidade, pequenos furos ou trincas”, diz Ventura.
A especificação dos diferentes tipos de tintas e resinas deve considerar a inclinação do telhado, onde caimentos menores requerem soluções mais resistentes, e a mão de obra disponível para aplicação. “Dependendo da situação, pode ser necessário o emprego de manta autoprotegida por grânulos de ardósia, mais espessa e resistente para cobrir pequenos vãos e vazios entre as telhas”, relata Camargo.
Já em estruturas de fechamento, como coberturas metálicas, a impermeabilização é feita nas interfaces de ligamento das peças por meio de selantes de vedação à base de poliuretano ou emprego de faixas com fitas asfálticas autoadesivas.
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Colaboração técnica
- Eliene Ventura – Gerente do SAC Vedacit. Tecnóloga civil pela faculdade de Tecnologia de São Paulo (FATEC/SP). Fez cursos complementares em construção civil pela Faculdade de Engenharia São Paulo (FESP) e Administração pela Anhembi Morumbi. Realizou trabalhos junto ao Instituto Brasileiro de Impermeabilização (IBI) e normatização junto à Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT).
- Flávio de Camargo – Engenheiro Civil pela Universidade Paulista (1998) e MBA Executivo pela Escola Superior de Propaganda e Marketing. Com mais de 15 anos de experiência em indústrias químicas renomadas na fabricação e tecnologia de impermeabilização, é especialista no segmento, tendo atuado como Coordenador e Secretário de importantes normas técnicas brasileiras na ABNT - Comitê Brasileiro de Normas Técnicas de Impermeabilização do CB-22. É gerente técnico da Denver Impermeabilizantes.