Infraestrutura das cidades requer bons projetos de engenharia
Para atrair investimentos privados ou federais é necessário eficiência de execução em obras e empreendimentos bem elaborados
As cidades brasileiras convivem com problemas sérios de infraestrutura que travam a fluidez da economia. Devido a um crescimento desordenado, é cada vez mais comum que alguns municípios convivam com enchentes, congestionamentos, hospitais lotados, escolas em condições precárias, além de lixos e resíduos descartados de forma desordenada.
A principal dificuldade encontrada para resolver o problema é a ineficiência nas condições de investimentos em obras de infraestrutura, além da a falta de conhecimento técnico quanto à elaboração de bons projetos de engenharia. “Normalmente, o repasse de recursos federais e estaduais para municípios é destinado, em maior parte, à saúde e educação, sobrando pouco para se investir em infraestrutura”, observa Mauro Lúcio da Cunha Zanin, diretor da área de gestão a políticas públicas da empresa Interação Urbana.
O caminho muitas vezes é atrair o investimento de grupos empresariais privados. Nesse caso, há interesse conjunto que visa a melhoria da infraestrutura dos municípios. Como boa logística, qualidade de vida a funcionários ou à comunidade, ações ambientais, ou até eficiência na capacidade da região para o desenvolvimento da atividade industrial, são as pautas discutidas para o sucesso dos projetos.
“Mas para atrair o investimento privado, é necessário que os gestores públicos estejam embasados em empreendimentos de engenharia consistentes, bem elaborados, e relevantes para estancar carências como enchentes e deteriorações viárias desencadeadas por vazamentos de esgoto, inundações de córregos ou ruas mal projetadas, por exemplo”, explica Zanin. Ou seja, com a má elaboração desses projetos, a probabilidade de atrair investimentos para as obras é nula.
Desconhecimento técnico
A dificuldade de se elaborar um projeto eficiente começa pela dificuldade dos gestores públicos ligados à infraestrutura dos municípios conheceram as questões técnicas que envolvem a construção.
“A maioria dos cargos é político, de ‘confiança’. Os responsáveis não sabem como deve ser estruturada uma obra e precisam de consultoria técnica especializada no ramo da engenharia”, acrescenta Marcos Almeida, coordenador geral da Construction Expo, que acontecerá de 08 a 10 de junho de 2016, em São Paulo. O evento visa, principalmente, estreitar as relações entre gestores públicos e empresas especialistas em fornecer soluções de engenharia.
Para Almeida, existe uma demanda reprimida de obras que, se acontecerem em alguns núcleos municipais, vão impulsionar o mercado da construção. “Os municípios poderão acessar verbas federais para realizar seus projetos de infraestrutura, o que alimentará um importante mercado”, completa.
Verbas federais ou privadas estão ligadas à eficiência de projetos
Os problemas de infraestrutura mais proeminentes nas cidades são, de acordo com Mauro Zanin, relacionados a saneamento de água e esgoto, drenagem urbana, más condições viárias, coleta e disposição final de lixo. Para essas questões serem resolvidas no contexto da gestão estrutural, é preciso conhecer as causas, identificar a dimensão e definir uma política de enfrentamento desses problemas. Sendo assim, há urgência de contar especialistas capazes de contribuir tecnicamente.
Um dos principais receios das empresas de engenharia interessadas em participar da concorrência em obras municipais é a inadimplência contratual. Evidentemente que elas devem condicionar essa participação à coleta prévia de informações sobre o histórico do município, seja quanto ao pagamento de dívidas e as condições de honrar as parcelas.
“Quando um município faz captação de recursos, a Secretaria do Tesouro Nacional é informada. Ela faz uma análise e atesta se tem condições de adquirir o crédito”, explica Zanin. A Interação Urbana orienta gestores públicos e municipais para a realização de políticas públicas, definição de metas claras e mensuráveis e desenvolvimento de competências da equipe para alcançar os resultados.
No município de Rondon do Pará (PA), a empresa elaborou projetos executivos para sistemas de abastecimento de água, esgoto sanitário, drenagem urbana e manejo de águas pluviais, estudos para licenciamento ambiental, organização e preparo de documentação técnica e institucional necessária ao protocolo do projeto junto a órgãos governamentais.
Colaboraram para esta matéria
- - Marcos Almeida – Coordenador geral da Construction Expo
- Mauro Lúcio Zanin – Diretor da área de gestão a políticas públicas da Interação Urbana