Inspeção para compra de imóveis: confira cinco práticas recomendadas
Avaliação técnica para apoiar a aquisição de imóveis é fundamental para evitar a compra de um bem viciado ou com defeitos
A inspeção de imóveis deve ser realizada por profissionais (foto: Karramba Production/shutterstock)
A vistoria técnica é um procedimento imprescindível para garantir a segurança e a tranquilidade de compradores e locatários. Trata-se de uma análise cuidadosa para atestar as condições construtivas do imóvel, se ele está apto para ser habitado, e se é condizente com o que foi tratado com o vendedor.
A vistoria deve observar o imóvel de forma ampla, abrangendo desde a estrutura, até o revestimento. Ao mesmo tempo, ela precisa detalhada e relatar eventuais anomalias e o grau de severidade. Confira algumas recomendações paras tornar a inspeção para compra de imóveis mais simples e assertiva.
1) Inspeção de imóveis é trabalho para profissionais
O principal erro que se comete em relação à inspeção de um imóvel é não contratar um profissional competente para realizar o trabalho. Para Hermes Luiz Bolinelli Júnior, membro do Instituto Brasileiro de Avaliações e Perícias de São Paulo (Ibape/SP), o ideal é que o serviço seja feito por um engenheiro ou arquiteto.
“A falta de conhecimento especializado associada à crença de que qualquer um é capaz de fazer a inspeção pode custar caro”, diz Bolinelli. Ele lembra que a inspeção demanda um rol de conhecimentos que incluem técnicas construtivas, comportamento de materiais, desempenho das edificações, planejamento da inspeção e legislação. “Não basta identificar o defeito. É preciso saber descrevê-lo e caracterizá-lo adequadamente quanto à sua gravidade e consequências”, afirma.
“Além de conhecimentos técnicos, uma boa vistoria imobiliária exige acuidade visual, sensorial e tátil", adiciona João Teodoro da Silva, presidente do Conselho Federal de Corretores de Imóveis (Cofeci). "É fundamental que o profissional à frente da inspeção tenha capacidade de percepção de detalhes e sutilezas que, normalmente, passam despercebidas a olhares desatentos”, complementa.
2) Dê atenção aos defeitos ocultos
Uma edificação, seja nova ou antiga, pode esconder uma série de problemas construtivos. Os mais difíceis de serem detectados são os defeitos ocultos, que podem demorar para se manifestar. Entre as falhas mais recorrentes estão umidade indesejada, fissuras/trincas e vedações ineficientes, além de falhas na rede elétrica e nas instalações hidráulicas.
A depender da gravidade do defeito e do momento em que ele se manifesta, a solução pode passar pelo abatimento do valor pago e, até mesmo, pela rescisão do contrato.
3) A vistoria deve ser completa
A inspeção em imóveis deve observar as condições estruturais, hidráulicas, elétricas, o estado da cobertura e se as manutenções estão em dia. Também deve identificar e classificar defeitos construtivos, como fissuras e trincas, manchas, deformações e desaprumos.
Além da análise técnica, a inspeção realizada para apoiar a compra de um imóvel envolve uma parte burocrática que inclui a checagem de documentação. A lista varia em função da tipologia
do imóvel, do local de construção e da legislação vigente. Mas, de modo geral, são analisados alvará de construção, convenção de condomínio, memorial descritivo e matrícula vintenária, bem como eventuais pendências legais e aprovações dos órgãos ambientais quando aplicáveis.
4) Acessibilidade e cumprimento às normas
Segundo João Teodoro, um aspecto muitas vezes ignorado em inspeções de imóveis é a acessibilidade. Ele lembra que um bom imóvel deve prever rampas para cadeirantes, portas largas e equipamentos especiais de segurança nos banheiros e corredores, ou previsibilidade para sua instalação em caso de necessidade. “No caso de edifícios ou condomínios, também é necessário verificar se eles atendem às normas de segurança contra incêndio e acessibilidade”, continua o presidente do Cofeci.
5) Aproveite as novas tecnologias
Nos últimos anos, algumas inovações tecnológicas aumentaram a agilidade e a precisão dos serviços de inspeção de imóveis. Hermes Luiz Bolinelli Júnior cita, como exemplos, as máquinas fotográficas com alta resolução e zoom potente, que permitem, entre outros recursos, observar e documentar detalhes de fissuras com qualidade. “Há, ainda, as câmeras térmicas, trenas laser e drones, esses últimos muito úteis para vistoriar partes do imóvel que eram inacessíveis até então”, finaliza o engenheiro.
Colaboração técnica
- Hermes Luiz Bolinelli Júnior – Engenheiro civil com mestrado em engenharia industrial e especialização em engenharia de avaliações e perícias. É coordenador da Câmara de Avaliações do Instituto Brasileiro de Avaliações e Perícias de São Paulo (Ibape/SP).
- João Teodoro da Silva – Graduado em direito e em ciências matemáticas, é presidente do Conselho Federal de Corretores de Imóveis (Cofeci).