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Instalação de ar-condicionado split pede adequação da infraestrutura elétrica

Entre as recomendações dos fabricantes está a preparação de um circuito independente para alimentar o ar-condicionado, além de calcular corretamente o número de BTUs do aparelho

Publicado em: 25/06/2018Atualizado em: 26/06/2018

Texto: Redação AECweb/e-Construmarket


Infraestrutura elétrica pode apresentar falhas caso potência do ar-condicionado seja maior do que sua capacidade (Africa Studio/shutterstock)

Popular, o ar-condicionado split está presente, hoje, nos mais variados tipos de edificação. Porém, diferentemente de outros dispositivos eletroeletrônicos, sua instalação exige que a infraestrutura elétrica esteja preparada para recebê-lo. Basicamente, é necessário analisar se a potência da rede atende aos requisitos do aparelho, sem prejudicar o desempenho dos demais itens ligados ao circuito. “A potência elétrica do ar-condicionado split é definida pela sua capacidade de refrigeração e pelo modelo de equipamento, ou seja, se é um minisplit, VRF, chiller, entre outros”, explica o engenheiro Arnaldo Lopes Parra, vice-presidente de Comunicação e Marketing da Associação Brasileira de Refrigeração, Ar-Condicionado, Ventilação e Aquecimento (Abrava).

A capacidade de refrigeração é indicada através do número de BTUs (British Thermal Unit) do aparelho, sendo 1 BTU a quantidade de energia necessária para diminuir ou elevar em 1 graus Fahrenheit (0,56°C) a temperatura de meio litro de água. Calcular esse valor corretamente é o primeiro passo para o dimensionamento das instalações elétricas, afinal, conforme o nível de BTUs aumenta, também cresce a potência do equipamento.

DEFININDO A CAPACIDADE DE REFRIGERAÇÃO

A equação que demonstra o número de BTUs necessários para refrigerar o ambiente envolve uma série de fatores. “É preciso verificar o nível de insolação e a existência de envidraçamento que permita a entrada de calor”, ensina Parra. Ainda entram na conta as propriedades que indicam o desempenho térmico da construção, como os tipos de isolante utilizados e os materiais empregados nas paredes, fachadas e lajes.

A potência elétrica do ar-condicionado split é definida pela sua capacidade de refrigeração e pelo modelo de equipamento, ou seja, se é um minisplit, VRF, chiller, entre outros
Arnaldo Lopes Parra

As características de uso do edifício também influenciam o cálculo, já que a quantidade de pessoas e as atividades realizadas podem elevar a temperatura do local, assim como a presença de outros aparelhos ou equipamentos para iluminação. Também devem ser considerados dados geográficos e climáticos da região onde está a edificação. E, claro, o tamanho do ambiente.

Com as informações em mãos, o projetista dimensiona a capacidade de resfriamento necessária. Para facilitar essa tarefa, alguns fabricantes oferecem ferramentas que realizam automaticamente o cálculo depois de inseridos todos os dados do empreendimento. Conhecendo o número de BTUs, é possível verificar no manual técnico do fornecedor qual será a potência elétrica para funcionamento do ar-condicionado.

SEGURANÇA É FUNDAMENTAL

A recomendação da grande maioria dos fabricantes é que a infraestrutura elétrica conte com um circuito exclusivo para o ar-condicionado. “O ideal é que sejam sistemas isolados e independentes, além de sempre contarem com os devidos equipamentos de proteção”, ressalta Parra. Ente os dispositivos de segurança mais indicados estão os disjuntores bipolares ou tripolares, especificados em função do tipo de equipamento.

“Os elementos de proteção precisam ser escolhidos mediante a potência elétrica requerida pelo circuito”, destaca o engenheiro. A norma técnica que norteia a especificação dos dispositivos de proteção é a ABNT NBR 5.410 — Instalações Elétricas de Baixa Tensão.

INSTALAÇÃO CONFORME AS NORMAS

A instalação precisa ser realizada por profissional devidamente habilitado e preparado. O procedimento se inicia com testes na tomada de 220 V na qual o equipamento será ligado. Constatando que o sistema elétrico está preparado, o especialista começa a montagem do split, sempre seguindo as orientações do manual técnico. “É fundamental estar em conformidade com as boas práticas, por exemplo, esvaziando os sistemas até vácuo de, pelo menos, 500 mícrons”, recomenda o vice-presidente da Abrava.

Devem ser usados somente materiais apropriados para a instalação, como cabos e tubos de cobre de boa qualidade, isolamento térmico apropriado e suportes adequados
Arnaldo Lopes Parra

Toda a execução tem que ser guiada pelas normas de segurança, principalmente, a que regulamenta os trabalhos em altura (NR35) e a que apresenta os cuidados com a eletricidade (NR10). “Além disso, devem ser usados somente materiais apropriados para a instalação, como cabos e tubos de cobre de boa qualidade, isolamento térmico apropriado e suportes adequados”, recomenda Parra.

Depois de finalizado o procedimento, o profissional realizará alguns testes para aferir o funcionamento de todo o sistema, observando se a água de condensação está sendo drenada adequadamente e se todas as funções estão de acordo com o rendimento esperado.

ERROS COMUNS

As falhas mais recorrentes na instalação do split podem ser divididas em três categorias. “No primeiro conjunto estão os erros de projeto, ou seja, especificação de máquinas com capacidade inadequada ou modelos impróprios para o ambiente”, explica o especialista. Já na segunda categoria ficam os problemas elétricos, que englobam erros de dimensionamento de ponto de força, interligação equivocada e uso de produtos de má qualidade. Por fim, há também os relacionados à instalação, que envolvem a inadequação do local de fixação do equipamento, dos materiais e/ou da mão de obra; elementos em desníveis; e tubulações mal instaladas. “Os riscos decorrentes de todos esses casos são variados, desde irregularidades no funcionamento e no rendimento do equipamento até a exposição a danos elétricos”, adverte o engenheiro.

Mesmo erros que parecem pequenos podem se revelar complicados no futuro. A colocação do split em local de difícil acesso, por exemplo, dificultará futuras manutenções, o que prejudicará seu funcionamento. “Além disso, sistema elétrico executado sem observar as boas práticas pode resultar no superaquecimento de cabos de energia, gerando grave e iminente risco de incêndio”, finaliza Parra.

CABEAMENTO

É possível dividir os cabos elétricos usados na instalação do split em dois grupos. No primeiro estão os de potência, fabricados com cobre e dimensionados em função das diretrizes da ABNT NBR 5.410. Eles têm como função conduzir a energia até o aparelho. Já na outra categoria estão os de interligação e comando. Sua especificação depende do tipo de equipamento, sendo que nos de pequeno porte são comuns os com dupla isolação (cabos PP).

Leia também: Saiba especificar o ar-condicionado ideal para o seu projeto

Colaboração técnica

Arnaldo-Parra
Arnaldo Lopes Parra – Engenheiro mecânico formado pela Fundação Armando Álvares Penteado (FAAP) e engenheiro de refrigeração e ar-condicionado formado pela Universidade de São Paulo (USP). Tem MBA em Administração de Empresas pela Faculdade Presbiteriana Mackenzie e em Engenharia de Segurança pela FAAP. Tem mais de 31 anos de experiência no Ramo de HVACR. Também possui experiência nas seguintes áreas: fabricação, montagem e teste de chillers, trocadores de calor, split system, self contained, grupos destilatórios e máquinas de gelo; manutenções preventiva, preditiva e corretiva para sistemas de HVACR; administração geral de negócios; vendas; garantias; partes; e peças. Ocupa o cargo de vice-presidente de comunicação e marketing da Associação Brasileira de Refrigeração, Ar-Condicionado, Ventilação e Aquecimento (Abrava).