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Juntas de dilatação ajudam a evitar fadiga estrutural de pontes e viadutos

Solução cumpre importante função em obras de arte, mas exige atenção do especificador

Publicado em: 06/10/2016Atualizado em: 30/03/2023

Texto: Redação AECweb/e-Construmarket

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Juntas de dilatação são os elementos aplicados nos tabuleiros de pontes e viadutos para vedar as fendas que permitem a movimentação das estruturas (Checubus/Shutterstock.com)

As juntas de dilatação são componentes construtivos essenciais para garantir a integridade e a durabilidade de pontes e viadutos. Essas estruturas estão constantemente submetidas a cargas móveis resultantes do tráfego de veículos, que fazem com que elas se movimentem. Por isso, é preciso que o projeto preveja fendas entre esses elementos estruturais a fim de evitar pontos de fadiga no tabuleiro e o surgimento de manifestações patológicas, como as fissuras. “As juntas de dilatação são os elementos aplicados nos tabuleiros de pontes e viadutos com a finalidade principal de promover a vedação das fendas que permitem a movimentação das estruturas”, explica engenheiro Carlos Henrique Siqueira, diretor da Associação Brasileira de Pontes e Estruturas (ABPE).

É fundamental que as juntas de dilatação proporcionem uma continuidade suave na superfície de pavimentação
Carlos Henrique Siqueira 

Como estão localizadas nos tabuleiros, esses elementos construtivos precisam garantir a boa qualidade de rodagem para os veículos. “É fundamental que as juntas de dilatação proporcionem uma continuidade suave na superfície de pavimentação”, destaca. Os materiais utilizados pela construção civil brasileira são, em sua maioria, fabricados no próprio País. “Temos duas empresas que abastecem todo o mercado, além de uma terceira que é norte-americana e tem escritório no Brasil”, complementa.

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TIPOS DE JUNTAS DE DILATAÇÃO

São duas as categorias de juntas de dilatação: as abertas e as totalmente estanques. A tipologia aberta tem seus lados em concreto armado e pode ou não contar com cantoneiras metálicas. Permitem a passagem da água da chuva e recebem o impacto dos pneus dos automóveis. Com isso, costumam apresentar vida útil menor. Já as fechadas podem ser preenchidas com diferentes materiais, como composto elástico ou elementos metálicos. Ao promover a vedação, a solução também contribui para evitar a passagem da água pluvial para o interior da estrutura das pontes e viadutos. “As chuvas causam diferentes problemas ao concreto e as armaduras”, comenta Siqueira.

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As juntas promovem a vedação e evitam a passagem da
água pluvial para o interior da estrutura (135pixels/
Shutterstock.com)

Segundo o profissional, cada fabricante define o melhor procedimento para instalação do produto. “Os vários tipos e modelos de juntas impõem processos distintos de aplicação, que devem ser rigorosamente seguidos para garantir o sucesso do serviço”, recomenda. Apesar das particularidades na execução, existem procedimentos comuns a todas. Por exemplo, a superfície deve estar totalmente linear e limpa. Ao final da instalação, todo o excesso de material deve ser cuidadosamente retirado para evitar a criação de imperfeições ou pequenos degraus na pista.

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MANUTENÇÃO E QUALIDADE

Depois de aplicadas, podem surgir algumas falhas mesmo com pouco tempo de uso. “Conheço casos em que as juntas apresentaram problema antes mesmo de a obra ser aberta ao tráfego”, afirma o engenheiro. Esses problemas são resultados de projeto ou instalação inadequados, ou ainda, de produtos de qualidade abaixo do esperado. “Toda obra, ao adquirir as juntas, deve impor uma fiscalização da produção e do controle da qualidade por pessoal de sua confiança, garantindo que o material atenda às premissas normativas. É importante, também solicitar o projeto de instalação com procedimentos detalhados, além de requerer o prazo de garantia da perfeita funcionalidade”, recomenda.

Toda obra (...) deve impor uma fiscalização da produção e do controle da qualidade por pessoal de sua confiança
Carlos Henrique Siqueira 

Os serviços de manutenção ou substituição de produtos com problemas são questões que têm sempre que ser levadas em conta, inclusive sob o aspecto operacional da via, já que serão necessárias interdições parciais para realizar os reparos. “Em caso de falhas ocorridas durante o prazo de garantia, o responsável pela junta deve promover os reparos sem qualquer ônus”, fala o profissional.

As juntas de dilatação têm alguns de seus componentes normatizados pela ABNT NBR 7187/2003 - Projeto de pontes de concreto armado e de concreto protendido – Procedimento. “Existem outras normas brasileiras e internacionais que detalham os requisitos mínimos que precisam ser atendidos pelo material. Se as juntas de dilatação forem importadas, a norma norte-americana ou a Eurocode podem servir para o controle da qualidade do recebimento”, finaliza Siqueira.

Colaboração técnica

Carlos Henrique Siqueira – engenheiro civil, pós-graduado em Estruturas e com mestrado e doutorado em Patologia das Estruturas. Engenheiro de supervisão da construção da ponte Rio-Niterói, tendo sido o responsável pela manutenção desta obra por 17 anos e realizado consultoria de vistoria por 36 anos. É diretor da Associação Brasileira de Pontes e Estruturas (ABPE). Ocupa o cargo de professor da Metrocamp e do Instituto IDD, lecionando aulas de Vistoria de Pontes e de Tecnologia do Concreto Protendido. Vistoriou mais de cinco mil pontes e viadutos no Brasil e no exterior.