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LSF combina perfis de aço galvanizado a fechamentos industrializados

Velocidade de execução e vedação estanque são vantagens do Light Steel Framing, que pode ser usado para erguer paredes autoportantes e não estruturais. Saiba mais

Publicado em: 07/05/2018Atualizado em: 09/11/2018

Texto: Juliana Nakamura

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Steel Framing no Pavilhão Olímpico no RJ (Divulgação: gypsteel)

Baseado no uso de perfis de aço estrutural leve, o light steel framing (LSF) ou simplesmente steel frame, é um sistema construtivo cada vez mais aproveitado no Brasil para a construção de edifícios com até sete pavimentos. Exemplos de aplicações dessa solução podem ser encontrados em agências bancárias, conjuntos comerciais, postos de gasolina, galpões industriais, escolas, clínicas, postos de combustível e condomínios residenciais.

O LSF pode, ainda, ser empregado em retrofits e como fechamento externo de fachadas para edifícios de múltiplos pavimentos. Nesses casos, os perfis não são estruturais. O objetivo é dar à fachada estanqueidade e resistência aos ventos.

GANHOS ASSOCIADOS

O que induz o interesse por essa tecnologia é a possibilidade de encurtar o prazo de execução, diminuir a necessidade de mão de obra e minimizar o desperdício de materiais, mantendo o alto desempenho da construção. “Entre as vantagens atribuídas ao LSF podemos destacar o excelente desempenho térmico e acústico, a ausência de fissuras, o melhor aproveitamento da área útil do imóvel, além do menor impacto ao ecossistema”, cita a arquiteta Heloisa Pomaro, diretora da seção de Light Steel Framing da Associação Brasileira da Construção Metálica (Abcem).

Entre as vantagens atribuídas ao LSF podemos destacar o excelente desempenho térmico e acústico, a ausência de fissuras, o melhor aproveitamento da área útil do imóvel, além do menor impacto ao ecossistema
Heloísa Pomaro

Para o engenheiro Guilherme Kuhn, diretor da IG Engenharia, as principais vantagens do LSF se sobressaem especialmente quando o projeto explora um alto grau de repetição. “Isso acontece, por exemplo, em condomínios de casas com a mesma planta ou mesmo em pequenos prédios. Nesses casos há um ganho extra obtido com a industrialização de paredes repetidas”, afirma o engenheiro.

Kuhn menciona, ainda, outros pontos fortes do sistema construtivo, como a possibilidade de vencer amplos vãos e o menor peso da construção, o que implica em diminuição dos custos com fundações.

FECHAMENTOS INDUSTRIALIZADOS

A principal característica do LSF é o uso de sistemas e materiais industrializados, que chegam à obra prontos para serem montados e têm seu controle de qualidade realizado na fábrica.

Os principais componentes do sistema consistem em perfis leves de aço galvanizado dobrados a frio, utilizados para formar painéis estruturais e não-estruturais. O sistema é compatível com qualquer tipo de material de fechamento, admitindo desde os mais convencionais, como alvenaria, até os pré-fabricados (mais utilizados).

De modo geral, os fechamentos externos são executados com placas cimentícias ou com OSB (Oriented Strand Board). A placa cimentícia pode ser usada como face externa e, opcionalmente, receber tratamento superficial com massa e tela ou cobertura de pastilhas cerâmicas. “Já o OSB não deve ser usado como último acabamento, porque não pode ficar exposto às intempéries”, explica o arquiteto Alexandre Kokke Santiago.

Segundo ele, a aplicação desse material deve ser sempre acompanhada por um acabamento que pode ser um siding de PVC ou cimentício, ou ainda um sanduíche formado por uma barreira de vapor, EPS, argamassa e tela. Para elevar o desempenho termoacústico da edificação, o projeto com LSF pode prever a inserção de lãs minerais ou de painéis de EPS no miolo entre as chapas.

PLACAS CIMENTÍCIAS

Para o sucesso do sistema LSF é fundamental que o fechamento externo atenda a algumas características técnicas. Heloisa Pomaro cita os principais requisitos para a escolha das chapas cimentícias: resistência à flexão e à compressão, densidade (seca e úmida), transmissão de calor, coeficiente térmico de expansão e expansão higrométrica, comportamento perante o fogo, resistência à tração do prego, variação dimensional e módulo de elasticidade.

O OSB não deve ser usado como último acabamento, porque não pode ficar exposto às intempéries
Alexandre Kokke Santiago

Diretamente relacionada às dilatações que levam a fissuras, a absorção de água costuma ser um aspecto crítico. Segundo Alexandre Santiago, que também é professor no Centro Universitário Uni-BH, a norma brasileira que aborda as chapas cimentícias é bastante permissiva, lembrando que, quanto menor o grau de absorção de água, menores serão as movimentações higroscópicas e, consequentemente, menores serão os riscos de patologias. “Nesse sentido, as placas que apresentam o melhor desempenho e são mais estáveis são as armadas com telas de fibra de vidro e as autoclavadas”, comenta o arquiteto.

SEQUÊNCIA EXECUTIVA

Uma construção típica em light steel framing costuma prever:

• Fundações rasas – Radier, sapatas corridas e vigas baldrame são as soluções mais usadas. Isso se deve à leveza das paredes com perfis leves, que pesam no máximo 50 kg/m² e permitem o uso de fundações mais simples

• Estrutura – Os perfis de aço galvanizado a quente são unidos por parafusos autoperfurantes e autoatarraxantes. Para as paredes, é comum usar perfis com espessuras entre os 0,8 e os 1,5 mm. Para pisos e telhados, é usual o emprego de peças com até 2,5 mm de espessura

• Vedações – Os fechamentos externos são, em geral, executados com placas OSB seguidas por algum acabamento ou com chapas cimentícias (com ou sem acabamento). Do lado interno são utilizadas placas de gesso acartonado (drywall)

• Instalações – As instalações elétricas e hidráulicas em edificações com LSF são as mesmas utilizadas em edificações convencionais. Os dutos e eletrodutos passam através de aberturas preexistentes nos perfis de aço da estrutura, o que exige um projeto bem compatibilizado

• Coberturas – Podem ser empregadas diferentes soluções, desde telhas metálicas (mais comum), às telhas cerâmicas e de concreto

Principais textos normativos orientam o projeto e a execução de construções em LSF

• ABNT NBR 6.355:2012 - Perfis estruturais de aço formados a frio
• ABNT NBR 15.253:2014 - Perfis de aço formados a frio, com revestimento metálico, para painéis reticulados em edificações
• Diretriz SINAT 003 - Diretriz para avaliação técnica de sistemas construtivos estruturados em perfis leves de aço zincado conformados a frio, com fechamentos em chapas delgadas (Sistemas Light Steel Framing)
• ABNT NBR 15.498:2016 - Placa plana cimentícia sem amianto

COLABORAÇÃO TÉCNICA

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Alexandre Kokke Santiago – arquiteto e urbanista com mestrado em Engenharia Civil. Doutorando em Engenharia de Estruturas, é professor no Centro Universitário Uni-BH. Projetista de estruturas metálicas e de Light Steel Framing, é autor do manual “Steel Framing: Arquitetura”, editado pelo Centro Brasileiro da Construção em Aço (CBCA).
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Heloísa Pomaro – arquiteta e urbanista, é diretora da Construtora Micura Steel Frame e da Mictech Cursos e Treinamentos. Dirige também a seção de Light Steel Framing da Associação Brasileira da Construção Metálica (Abcem).

Guilherme Kuhn – engenheiro-civil e elétrico. É fundador da IG Engenharia, construtora especializada em projetos e construções em LSF.