Madeira: um recurso renovável
Principal mercado consumidor, a Construção Civil deve explorar o material de forma consciente.
Redação AECweb
Nas incansáveis discussões sobre o aquecimento global e as mudanças climáticas da Terra, o desmatamento da região amazônica é classificado como o principal problema ambiental do Brasil. A atividade madeireira ilegal, as queimadas e o próprio desmatamento já provocaram a destruição de aproximadamente 20% da cobertura florestal existente na região.
Utilizada em estruturas, pisos, paredes e telhados, a madeira tem um vasto leque de aplicações na construção civil. Isso sem contar suas aplicações decorativas, que ampliam ainda mais seus usos funcionais e estéticos.
O setor da construção civil, principal consumidor da madeira tropical do país, deve ser o primeiro a se conscientizar de que não apenas a qualidade e os custos da madeira são importantes, mas também a sua origem.
“Em tempos de drásticas alterações no clima do planeta, é dever do setor produtivo procurar matérias-primas certificadas que valorizem as florestas e, consequentemente, contribuam para a redução de gases do efeito estufa”, afirma a Secretária geral da WWF-Brasil, Denise Hamú, na publicação “Madeira: Uso Sustentável na Construção Civil”.
A madeira é um dos poucos materiais de construção que possuem caráter renovável. Quando fornecida acompanhada de documentos que garantam sua origem legal, pode ser claramente classificada como um produto sustentável. Saber a sua procedência é fundamental no momento da compra do produto. Um consumidor consciente precisa ter idéia de todo o processo para saber se, com sua compra, está ajudando a combater o desmatamento, ou contribuindo para a destruição da natureza.
LEGALIDADE E CERTIFICAÇÃO DA MADEIRA
Basicamente, a “madeira sustentável” pode ser encontrada de duas formas: Madeira Legal ou Madeira Certificada.
A madeira é considerada legal quando cumpre todos os requisitos quanto à documentação, podendo ter origem tanto em áreas de manejo florestal como de extração autorizada por órgãos ambientais. Verificar se a madeira encontrada em um produto é de origem autorizada e conhecida, envolve atestar que o produto tem origem em uma unidade de manejo florestal, na qual a entidade extratora possui direito legal de exploração.
Já a madeira certificada é a que não está somente de acordo com a lei, mas que adota práticas sustentáveis do ponto de vista ambiental, social e econômico, promovendo o desenvolvimento das comunidades florestais. Essa categoria exige que o comprador obtenha provas de que, além de possuir direito legal de exploração, a entidade extratora esteja em conformidade com a lei ao extrair a madeira e de que a madeira tenha sido legalmente comercializada.
Para certificação de Madeira no Brasil, estão disponíveis o Sistema de Certificação Florestal Brasileiro do INMETRO (CERFLOR) – http://www.sbs.org.br – e o Sistema do FSC – Forest Stewardship Council (Conselho) de Manejo Florestal. Existem ainda organizações não-governamentais que buscam orientar as empresas dispostas a ter um controle sobre a origem da madeira utilizada em seus produtos.
USOS DA MADEIRA NA CONSTRUÇÃO CIVIL
Na construção civil, a madeira é utilizada de diversas formas:
Construção civil pesada interna
Peças de madeira serrada na forma de vigas, caibros, pranchas e tábuas utilizadas em estruturas de cobertura.
Construção civil leve externa e leve interna estrutural
Peças de madeira serrada na forma de tábuas e pontaletes empregados em usos temporários (andaimes, escoramentos e fôrmas para concreto) e as ripas e caibros utilizadas em partes secundárias de estruturas de cobertura.
Construção civil leve interna decorativa
Peças de madeira serrada e beneficiada, como forros, painéis, lambris e guarnições, onde a madeira apresenta cor e desenhos considerados decorativos.
Construção civil leve interna de utilidade geral
São os mesmos usos descritos acima, porém para madeiras não decorativas.
Construção civil leve, em esquadrias
Peças de madeira serrada e beneficiada, como portas, venezianas e caixilhos.
Assoalhos domésticos
Compreende os diversos tipos de peças de madeira serrada e beneficiada (tábuas corridas, tacos, tacões e parquetes).
CONSCIÊNCIA INDIVIDUAL
Segundo pesquisa realizada pelo Datafolha, em Abril de 2008, a maioria dos consumidores brasileiros diz que aceitaria pagar mais por um produto que possua certificação florestal.
Quando questionados sobre a possibilidade de adquirir um “produto florestal com certificado ambiental”, 81% dos entrevistados responderam que dariam “preferência, mesmo com preço um pouco superior”; 16% disseram que não dariam preferência com base na certificação e 3% que não sabem. A distribuição desta propensão à compra é homogênea geograficamente, mas muda bastante de acordo com os grupos sociais: parte de 65% na classe D para atingir 87% nas classes A/B.
Mudar nossos padrões de consumo e produção, banindo o uso de madeira ilegal e de desmatamento, e substituindo-as por produtos provenientes de planos de Manejo Florestal com certificação FSC, é fundamental não apenas para a conservação da Amazônia, mas também para a sobrevivência econômica das populações que dependem dos recursos da floresta. Adquirir madeira certificada, além de garantia de procedência, significa também respeito às leis trabalhistas, fiscais e aos direitos das populações tradicionais.
PUBLICAÇÕES RELACIONADAS
Já em sua 2ª edição, lançada em Fevereiro de 2009, o manual “Madeira: Uso Sustentável na Construção Civil” –, organizado pelo IPT, SindusCon-SP e Secretaria Municipal do Verde e do Meio Ambiente de São Paulo, destaca como o uso consciente da madeira pode reduzir seu impacto ambiental sobre as florestas brasileiras.
Outra importante publicação sobre o tema é o guia “Seja Legal – Boas Práticas para Manter a Madeira Ilegal Fora de Seus Negócios” , organizado pela WWF Brasil, que estimula empresários, consumidores e formuladores de políticas públicas a adotarem medidas para o uso exclusivo de madeira certificada.
Redação AECweb