Mantas refletivas conferem conforto térmico às edificações
Indicados para galpões industriais, produtos têm fácil instalação e baixo custo
Texto: Redação AECweb/e-Construmarket
As mantas refletivas ou térmicas são soluções simples para garantir o conforto térmico da edificação. De fácil instalação e baixo custo, podem ser integradas a diferentes tipologias de telhados. “Entende-se como manta um material constituído por fibras que podem ser linhas tecidas, como o pano, ou prensadas – por exemplo, o feltro. Tecnicamente, devemos entender este produto como uma manta revestida por película metálica”, diz o engenheiro Roberto Massaru Watanabe, professor da Unicamp e consultor em Segurança, Conforto e Habitabilidade das Edificações.
Ele explica que as mantas podem ser entendidas como um ‘sanduiche’, em que o miolo é composto por material mecanicamente resistente, em geral, fibras prensadas de polietileno, polipropileno ou vidro. É esta camada que impede a transmissão do calor por condução e determina o grau de isolamento térmico do produto. “A face externa é uma lâmina cuja principal característica deve ser a refletância, isto é, a capacidade de refletir a radiação solar. Pode ser de aço ou qualquer outro metal. Entretanto, o alumínio tem a vantagem de receber uma película de óxido de alumínio que confere à superfície um acabamento brilhante. Dependendo da tecnologia utilizada, essa aparência pode durar por muitos anos”, destaca.
Aplicadas na face externa do telhado, além de funcionarem em dias com céu aberto, impedindo a entrada da radiação solar, as mantas também são eficazes no inverno, pois não permitem a vazão do calor presente no interior do ambiente. Segundo Watanabe, esta é a solução mais indicada para construções industriais, como galpões. “Em locais que utilizam telhas cerâmicas ou de concreto não é recomendável a aplicação da manta. Porque estes modelos de telhas têm frestas nos encaixes, pequenos espaços que permitem a entrada de vento e saída de ar quente, o que aquece o teto da edificação”, enfatiza.
Como usar?
Há, também, a versão de mantas para instalação sob o telhado que, além de oferecerem isolamento térmico, contribuem no conforto acústico. Isso porque seu miolo tem uma camada de material, como o plástico bolha, que reduz a intensidade do som que entra na edificação.
A aplicação não requer mão de obra especializada. Entretanto, é preciso ter atenção aos procedimentos recomendados pelo fabricante. O primeiro passo da instalação é encaixar a manta entre os caibros e as ripas. Ela deve ser estendida no sentido transversal em relação aos caibros. A fixação ocorre por pregos ou grampos específicos para o sistema. Sobre a manta são posicionados contracaibros com um ou dois centímetros de espessura e depois as ripas. Por último são colocadas as telhas. Caso seja necessário unir duas mantas, é utilizada uma fita colante própria que tem uma face em alumínio e outra com propriedade autoadesiva.
A manta deve ficar afastada, pelo menos, 7,5 cm de elementos que geram calor, como lâmpadas e fios de eletricidade. “Para garantir todos os benefícios, alguns cuidados devem ser tomados. A instalação deve ser realizada em local onde é grande a incidência da radiação solar, ou seja, telhados voltados para a direção nordeste, norte e noroeste. A superfície deve ser mantida sempre brilhante, limpa e sem oxidação. Qualquer tipo de sujeira diminui a eficácia da manta”, comenta o engenheiro, que complementa: “É uma boa opção tanto para coberturas já prontas quanto para aquelas que têm estrutura metálica”.
Vantagens
Alguns modelos, como a manta asfáltica aluminizada autoadesiva para instalação sobre o telhado, podem ser utilizados para consertar trincas de telhas quebradas. “Isso acontece, principalmente, em coberturas com telhas de fibrocimento. Por serem peças grandes, são de difícil troca. Quando racham, é mais fácil, rápido e barato aplicar uma tira de manta autoadesiva sobre a trinca”, diz Watanabe. O uso desta solução aumenta a impermeabilidade da cobertura, impedindo possíveis infiltrações e goteiras, decorrentes de chuvas com vento, caimentos inadequados, quebras e movimentações de telhas e encaixes incorretos.
As mantas produzidas a partir de material betuminoso têm baixo custo. Já as autoadesivas, além da fácil aplicação, são usadas não só em telhados, mas também em lajes de cobertura de edifícios. “Cabe um alerta sobre os produtos baseados no asfalto. Por ser derivado do petróleo, é perecível e perde a elasticidade em poucos anos. Antes de adquirir, é importante conferir a garantia e a vida útil junto ao fabricante”, aconselha o engenheiro.
Watanabe afirma que uma desvantagem é o fato de não ser sustentável. “O produto não dispensa o uso das telhas convencionais. Então, a fabricação das mantas refletivas é uma produção adicional que consome materiais derivados do petróleo. Após determinado período, elas perdem a eficácia e exigem um descarte controlado”, diz.
O engenheiro finaliza com um alerta sobre as soluções para conforto térmico. “Estes produtos precisam ser pesquisados e desenvolvidos no Brasil. As escolas de engenharia, arquitetura e Construção Civil não ensinam detalhes importantes como a transmissão do calor pelos componentes construtivos, por isso, muitas edificações são quentes e abafadas. Os fenômenos térmicos, não só da cobertura como também das paredes, são pouco conhecidos pelos profissionais”.
COLABOROU PARA ESTA MATÉRIA
Roberto Massaru Watanabe– Formado em Engenharia Civil pela Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (Poli-USP). Chefiou o Laboratório de Construção Civil do Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT) do Estado de São Paulo – e desenvolveu pesquisas de Patologias das Edificações. Atualmente presta consultoria em Segurança, Conforto e Habitabilidade das Edificações. É professor de pós-graduação na Universidade Estadual de Campinas (Unicamp).