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Manuseio de pistola finca-pinos é operação crítica em canteiros de obras

Essa ferramenta de fixação à pólvora é como arma de fogo e exige treinamento rigoroso para evitar acidentes. Veja 12 dicas de segurança

Publicado em: 24/07/2017Atualizado em: 24/10/2022

Texto: Redação PE

As pistolas finca-pinos são muito utilizadas na construção civil para serviços como fixação de telas de amarração em alvenaria, montagem de guias de drywall, fixação de forros e instalações elétricas suspensas, bem como para montagens e instalações diversas.

Essas ferramentas de fixação à pólvora são acionadas através da deflagração de um cartucho que, mediante explosão, produz gases que impulsionam o pino de fixação até inseri-lo na superfície, dispensando furação prévia. “A agilidade é uma vantagem desses equipamentos, que evitam a colocação de buchas e o aperto de parafusos. Além disso, o finca-pino é versátil e pode ser empregado em concreto normal ou aço estrutural, para sustentação de cargas estáticas”, comenta Bruno Leonardo Rigueira Chagas, técnico de segurança do trabalho do Seconci-SP (Serviço Social da Construção Civil do Estado de São Paulo).

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As pistolas finca-pinos são utilizadas na construção para fixações diversas (Divulgação/ Walsywa)

DISPOSITIVOS DE SEGURANÇA

Nos últimos anos, as ferramentas de fixação à pólvora evoluíram principalmente nos quesitos ergonomia e segurança. Hoje, os principais fabricantes oferecem pistolas que não disparam acidentalmente quando caem no chão e que somente deflagram o cartucho se estiverem no prumo e pressionadas contra uma superfície rígida. “Os novos modelos funcionam somente com a combinação de pressão e acionamento do gatilho. O risco de disparo acidental é praticamente zero”, diz Chagas, lembrando que os acidentes, quando ocorrem, são motivados quase sempre por imperícia do operador ou pelo uso doméstico indevido (fora do canteiro).

A agilidade é uma vantagem desses equipamentos, que evitam a colocação de buchas e o aperto de parafusos
Bruno Leonardo Rigueira Chagas

Acidentes ocorridos com pistolas finca-pinos podem ser fatais. Mas os danos mais comuns são os causados pela projeção de partículas que atingem os olhos do operador quando ele está sem os óculos de segurança. Assim, capacete, protetor auricular e óculos de proteção são itens obrigatórios para manipular ferramentas acionadas à pólvora.

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PISTOLAS DE AÇÃO DIRETA E INDIRETA

Nos canteiros brasileiros é possível encontrar pistolas fica-pinos de ação direta (também conhecidas como de alta velocidade) e as de ação indireta (de baixa velocidade). Nas ferramentas do primeiro grupo, a energia liberada pela deflagração atua diretamente sobre o pino, que se desloca em alta velocidade pelo cano da ferramenta em direção à superfície a ser fixada. Neste sistema, a velocidade do pino pode passar de 150 m/s. Já nas ferramentas de ação indireta, a energia liberada pela deflagração da pólvora atua inicialmente sobre um pistão, que se desloca através do cano da ferramenta e empurra o pino na direção da superfície. Neste sistema, a velocidade do pino não passa dos 100 m/s.

“Ambos os modelos são semelhantes no quesito desempenho. A principal diferença está no controle da força produzida pela deflagração do cartucho, que implica maiores riscos de acidentes nos modelos de ação direta”, explica Américo Grisolia, instrutor do Seconci-MG na área de ferramentas de fixação.

Os modelos de baixa velocidade são tão seguros quanto uma serra elétrica, elevador, martelete e outros equipamentos
Américo Luiz Grisolia

Segundo Grisolia, o uso das pistolas de alta velocidade é restrito na Europa e nos Estados Unidos justamente por conta do maior risco de acidentes com esse tipo de ferramenta. “Os modelos de baixa velocidade, em contrapartida, são tão seguros quanto uma serra elétrica, elevador, martelete e outros equipamentos. Ou seja, desde que manuseados por um operador bem treinado, não geram problemas”, diz.

A escolha do tipo de pino a ser utilizado na fixação à pólvora depende da espessura da superfície que vai ser perfurada e das cargas suportadas. Identificados por cores (verde, amarelo e vermelho), os finca-pinos podem suportar cargas fracas, médicas e altas.

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ORIENTAÇÕES PARA O USO SEGURO DE FINCA-PINOS

As diretrizes para o uso seguro das ferramentas de fixação à pólvora constam na NR 18 (Norma Regulamentadora do Ministério do Trabalho), mais especificamente no item 22 que trata do uso de máquinas, equipamentos e ferramentas diversas nos canteiros. Em função do uso de pólvora, essas ferramentas exigem cuidados especiais semelhantes ao manuseio de armas de fogo (ver quadro a seguir).

As pistolas de fixação à pólvora devem ser obrigatoriamente operadas por trabalhadores qualificados em cursos teóricos e práticos e devidamente autorizados. É recomendável também que os operadores dessas ferramentas realizem, rotineiramente, cursos de reciclagem e de atualização.

12 DICAS DE SEGURANÇA 1. Nunca aponte a ferramenta para outras pessoas, mesmo que desarmada

2. Jamais coloque a mão na frente da ferramenta. Isso pode provocar sérios ferimentos, como queimadura por pólvora

3. É proibida a presença de pessoas nas proximidades do local do disparo, inclusive ajudantes. Para o disparo, o operador deve estar atrás do equipamento, nunca ao lado ou com a face encostada nela

4. No momento da retirada e da entrega da ferramenta no almoxarifado, o operador deve conferir se a pistola está sem pino no cano ou cartuchos carregados

5. A ferramenta deve ser alimentada somente quando o operador já estiver no local de fixação

6. Ao se ausentar do local de fixação, o operador deverá guardar a ferramenta dentro da caixa e trancá-la com cadeado. Outra opção é entregá-la ao almoxarifado

7. O operador nunca deve deixar pessoas não autorizadas manusearem o equipamento, mesmo que descarregado

8. O operador deve colocar o dedo no gatilho somente quando tiver certeza que está pronto para realizar a fixação

9. No momento do uso, o operador deve estar com o corpo totalmente equilibrado para a operação. Jamais deve improvisar apoios

10. Não é autorizado o uso da ferramenta em ambientes com líquidos ou gases inflamáveis

11. Pinos e cargas não devem ser misturados em um mesmo recipiente ou em bolsos de jaleco ou aventais de trabalho

12. Diante do travamento do cartucho no recipiente deflagrador, o operador deverá solicitar o envio do equipamento para assistência técnica especializada

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Colaboração técnica

Américo Luiz Grisolia – Diretor comercial da ISO Elementos de Fixação e instrutor de cursos sobre ferramentas acionadas a pólvora no Seconci-MG (Serviço Social da Construção Civil do Estado de Minas Gerais)
Bruno Leonardo Rigueira Chagas – Técnico de segurança do trabalho do Seconci-SP (Serviço Social da Construção Civil do Estado de São Paulo)