Manutenção de fachada inclinada deve ser prevista desde o projeto
Antecipar pontos de fixação e detalhes que viabilizem acessos é a principal estratégia para minimizar dificuldades de realização do serviço
Texto: Redação AECweb/e-Construmarket
Operadores em serviço na fachada de um edifício (para_graph/ Shutterstock.com)
A manutenção de fachadas inclinadas é um serviço incomum no Brasil. Isso porque existem poucos projetos concebidos dessa forma — entre os mais conhecidos, destacam-se o condomínio Comendador Yerchanik Kissajikian, o EZ Towers, o Faria Lima 3500, o Rochaverá e o edifício Luis Eulálio de Bueno Vidigal Filho, entre outros.
De baixa frequência, a realização dos serviços se caracteriza como um desafio para os próprios profissionais de manutenção. “Todos os procedimentos usuais foram desenvolvidos preferencialmente para fachadas planas, que é a mais usada”, conta o arquiteto Bernardo José de Toledo Piza, diretor da Inovatécnica, empresa especializada em limpeza e restauro de fachadas.
As inovações de desenho na arquitetura das fachadas devem ter inovações correspondentes para eventuais manutençõesBernardo José de Toledo Piza
Ainda segundo o arquiteto, uma das principais estratégias para minimizar as dificuldades da manutenção em fachadas inclinadas é prever, já no projeto do edifício, os pontos de fixação e outros detalhes que viabilizem os serviços. “Existem vários edifícios que têm no topo os ganchos de ancoragem, longarinas e trilhos usados na construção e deixados para serem usados em futuras manutenções”, exemplifica Piza. “As inovações de desenho na arquitetura das fachadas devem ter inovações correspondentes para eventuais manutenções”, determina.
CASO A CASO
O grau de dificuldade da manutenção em uma fachada inclinada varia de edifício para edifício, de acordo com os aparatos disponíveis para realização dos serviços, dimensionamento da inclinação, entre outros aspectos. “Se for pensada no projeto, a solução para o serviço de manutenção será mais econômica pois, quanto mais difícil é o acesso, mais elevado fica o custo”, constata Eligar Flaiban, técnico de patologias de fachadas e diretor da Flaiban Serviços, empresa que executa limpeza de fachadas.
Em casos de inclinação positiva (quando o declínio avança do topo ao térreo adquirindo volume, em efeito de rampa ou pirâmide), o serviço de manutenção é mais simples. “O trabalhador pode usar a inclinação a seu favor para se apoiar” revela Flaiban.
Se for pensada no projeto, a solução para o serviço de manutenção será mais econômica pois, quanto mais difícil é o acesso, mais elevado fica o custoBernardo José de Toledo Piza
Já em inclinações negativas (quando o declínio avança do topo ao térreo perdendo volume, em efeito reentrante ou côncavo), a tarefa é mais complicada, demandando soluções sob medida em casos extremos. “É preciso ver o projeto ou o próprio prédio para analisar a dificuldade e providenciar o método adequado”, idealiza Flaiban. “Pode ser necessário desenvolver um sistema específico no caso de haver elementos na fachada que precisem ser contornados”, completa, citando os brises como exemplo.
SOLUÇÕES EM EQUIPAMENTOS
Dependendo da altura do edifício, alguns equipamentos de acesso podem ser especificados para o serviço de manutenção, como andaimes, balancins, plataformas elevatórias, entre outros. No entanto, quanto mais acentuada for a diferença de inclinação entre os pavimentos, mais inviável se torna a especificação desses tipos de equipamentos. “Eles terão que ser adaptados para essas fachadas de modo a proporcionar o apoio desejado ao pessoal de frente da manutenção”, aponta Piza.
Um exemplo citado por Flaiban é adicionar um contrapeso nas costas do equipamento de descida, permitindo que o operador se balance com mais facilidade em direção à fachada. “Se a inclinação for suave e a fachada for de vidro, é possível utilizar um chupão (fixador de vidro) para encostar na superfície e se apoiar dessa maneira”, acrescenta o diretor da Flaiban Serviços.
RECOMENDAÇÕES DE SEGURANÇAA manutenção de fachadas, sejam elas inclinadas ou planas, deve atender às recomendações de segurança da NR 18, sobre condições e meio ambiente de trabalho na indústria da construção.
As principais exigências consistem na criação de linha de vida para todos os trabalhadores que estiverem em altura, uso de EPIs (Equipamentos de Proteção Individual), EPCs (Equipamentos de Proteção Coletiva), PPRA (Plano de Prevenção de Riscos Ambientais do Local) e curso de trabalho em altura, entre outros.
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Colaboração técnica
- Bernardo José de Toledo Piza – graduado em Arquitetura e Urbanismo pela Faculdade de Arquitetura e Urbanismo Farias Brito (1977), cursou extensão em ambiente e poluição do ar pela Faculdade de Arquitetura e Urbanismo Farias Brito (1976), Geografia Urbana (1978) e Habitação Popular (1979) pela Pontifícia Universidade Católica (PUC). Desde 1990, atua como diretor-presidente na empresa Inovatécnica Serviços e Obras Ltda.
- Eligar Flaiban – Técnico de patologias de fachadas e diretor da Flaiban Serviços, empresa que executa limpeza de fachadas com 20 anos de mercado.