Pisos de madeira: confira dicas de manutenção para lidar com problemas comuns
O material pede cuidados que podem elevar sua vida útil a cerca de 100 anos. Submetido à umidade pode empenar, diante do ar seco é capaz de encolher, mas tudo tem solução. Conheça!
(Foto: Iriana Shiyan/Adobe Stock)
Pisos de madeira são nobres e de longa vida útil, ultrapassando décadas quando bem-cuidados. “No início da década de 1990, tratei de um piso de carvalho, em Paris, com mais de 200 anos”, conta Jamal Islim, titular da Atuart Aplicadora.
A madeira, no entanto, é sensível ao excesso de umidade e, até mesmo, ao ar mais seco de determinadas épocas do ano. Pode empenar, estufar, soltar, se curvar, encolher, mas tudo tem solução.
Manutenção de pisos de madeira
Existem diferentes situações que podem prejudicar a qualidade e a durabilidade dos pisos de madeira. Entre os principais problemas estão:
- Piso molhado
- Piso empenado por infiltração
- Piso de madeira que encolheu
- Piso laminado estufado
- Bordas danificadas
Porém, há ações específicas para tratar o revestimento. Conheça, logo abaixo, como fazer a manutenção de pisos de madeira e lide corretamente com cada caso.
Piso de madeira que molhou
Se os tacos ou o assoalho dilataram porque molharam em decorrência, por exemplo, de vazamento hidráulico no imóvel, o ideal é conviver com a situação. A madeira vai secar e retornar à condição inicial. Depois, basta submeter o piso ao tratamento usual – raspagem e aplicação de verniz.
Porém, há casos em que o morador não quer esperar. “A raspagem da madeira ainda úmida, além de comprometer sua vida útil, vai acarretar um novo problema no futuro. As bordas das peças que levantaram um dia vão assentar e a área central das peças vai ‘embarrigar’”, expõe Jamal Islim.
Piso de madeira empenado por infiltração
No caso de infiltração ascendente de umidade, se a área for pequena e para não perder todo o piso, é possível retirar e refilar as peças e, em seguida, calafetar. Mas, se o dano atingiu uma área extensa, será preciso substituir o piso. Porém, adotando o máximo cuidado com o contrapiso e a impermeabilização, principalmente em ambientes térreos. Em regiões onde o lençol freático é muito alto, como ocorre em São Paulo nas proximidades do rio Pinheiros, ter piso de madeira no térreo pode ser desafiador.
“Nesse caso, há soluções técnicas radicais, que envolvem a colocação de manta sobre o solo, execução do contrapiso que deve conter produto químico impermeabilizante e, por fim, nova camada de impermeabilização antes de colar o piso”, ensina.
Para o tratamento final, o ideal é evitar o uso de Bona que, por se tratar de resina, sela a superfície da madeira e retém a umidade ascendente. O piso começa a mudar de cor, a apodrecer. Os produtos indicados para dar brilho têm formulação similar ao antigo sinteco.
Uma dica valiosa para instalação de piso de madeira, independentemente da condição do terreno, é aguardar entre 30 e 40 dias a cura do contrapiso. “Depois desse prazo, realizamos testes para verificar se, de fato, secou”, explica.
Piso de madeira que encolheu
O ar seco do inverno – extremo como o registrado em setembro de 2024 com mínima de 8% em Barretos (SP) e de 7% em Brasília –, atua nos pisos de madeira retraindo as peças. Os tacos e assoalhos se separam e a calafetação trinca. “A sugestão para reduzir o problema é passar pano úmido, com frequência, em todo o piso”, diz.
O tratamento envolve a nova calafetação com massa acrílica (cola PU) e, posteriormente, aplicação de uma demão de verniz.
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Piso laminado estufado
O piso laminado tem comportamento semelhante ao dos tacos e assoalhos, afinal, é madeira. Diante da umidade, vai empenar. Se foi molhado, a água vai ficar estagnada sob as pranchas. “Nas duas situações, o proprietário pode esperar secar, o que vai demorar um pouco. Mas pode ocorrer a delaminação, e a única solução é substituir a área danificada ou, se necessário, todo o piso para manter a uniformidade estética”, recomenda o especialista.
Piso de madeira com bordas danificadas
A vida útil dos assoalhos deve atingir 50 ou 60 anos e os tacos mais atuais duram até 100 anos, porque são maciços. “Já os antigos têm bordas finas e uma área central de maior espessura para colagem no contrapiso. Com o passar do tempo, as bordas lascam pelo arrastar de móveis e o pisar de salto alto. Essa condição pode ser solucionada com a troca das peças danificadas ou apenas calafetando e escamoteando os sulcos, para estender um pouco mais sua permanência”, explica Jamal Ismail.
O especialista conta, ainda, que reaproveita pranchas de assoalho antigo, cortando e fabricando novos tacos que vão durar mais 70 anos.
Por que piso de madeira empena
É importante esclarecer que madeiras de maior densidade, como ipê, cumaru e jatobá, têm melhor comportamento diante da umidade se comparadas às mais macias – amêndola, perobinha e tauari. “Elas reagem à umidade ascendente do solo, do ar ou, ainda, mediante a água. As peças tencionam e dilatam, empurrando as laterais e empenando”, diz.
É comum que ocorra o empenamento do piso de madeira quando instalado sem o cuidado de deixar, pelo menos, 1 cm de distância dos rodapés. Com o clima úmido, a madeira pode expandir e, se não houver espaço, as peças vão tensionar.
Colaboração técnica
- Jamal Ismail – É sócio proprietário da Atuart Aplicadora, com 34 anos de atuação no mercado de tratamento e recuperação de pisos de madeira.