Máquinas de obra atuam na remoção de escombros em acidentes
Capacidades de locomoção e movimentação de grandes quantidades de terra, rocha e entulho fazem das escavadeiras e pás carregadeiras boas opções em ações de resgate
Os equipamentos de linha amarela ganharam status na construção civil principalmente pela capacidade de remover e movimentar centenas de metros cúbicos de terra, rochas, escombros, entulhos e realizar trabalhos que seriam praticamente impossíveis de modo braçal.
Mas a importância dessa tecnologia vai além dos canteiros de obra, quando assumem outro papel estratégico na ocorrência de grandes desastres naturais ou acidentes em larga escala, como queda de aviões, desabamento de prédios e moradias, terremotos, deslizamentos, furacões e até nevascas.
Em casos como esses, as empresas do segmento como construtoras, fabricantes e locadoras de equipamentos são solícitas com a urgência. Muitas se comprometem com a “doação” de máquinas para órgãos públicos sem tomar conhecimento das necessidades logísticas e das estratégias operacionais.
O Brasil ainda carece de operadores experientes, logística adequada, profissionais especializados e comitê gestor de crise para gerenciar organizadamente essas operações. Sem um método de trabalho específico, as máquinas são um “peso morto”.
A solução na prática
O ano de 2011 protagonizou o maior desastre natural do país após chuvas fortes na Região Serrana do estado do Rio de Janeiro. Nesta ocorrência, estima-se que mais de 300 máquinas de grande porte trabalharam somente para as desobstruções e limpeza de áreas atingidas pelas avalanches e desabamentos de terra.
Diante deste cenário, entraram em cena as escavadeiras hidráulicas sobre esteiras em que um agente da defesa civil ou corpo de bombeiros trabalhava ao lado de operadores que obedeciam criteriosamente às instruções. As pás carregadeiras também dão grande auxílio, por permitirem a realização da limpeza de acessos e ruas, de forma rápida e segura. Além de ser uma máquina de fácil locomoção (já que contam com pneus), trafega com facilidade de uma área a outra em ambientes urbanos.
Trata-se de uma operação muito delicada em que uma progressão precipitada no terreno pode ser desastrosa já que ainda pode haver sobreviventes soterrados. Qualquer operação ao ar livre envolvendo máquinas está subordinada às ordens da Defesa Civil, e não das construtoras.
Para se ter uma ideia, uma escavadeira de 20 toneladas escava com maior precisão e facilita o trabalho das equipes de resgate, por conta da agilidade e mobilidade nos escombros e no barro. Elas também conseguem carregar um caminhão com 15 toneladas de terra/rocha em um tempo médio de dois a três minutos.
Este ano, escavadeiras long reach e caminhões munck juntaram forças com cães farejadores, bombeiros e defesa civil para desobstruir a região atingida por um desabamento de um prédio em obras em São Mateus, Zona Leste de São Paulo. A tragédia na Avenida Mateo Bei deixou dez mortos e 26 feridos.
Já em janeiro de 2012, três prédios desabaram no centro da capital fluminense o que resultou na morte de 22 pessoas. Cerca de 70 bombeiros e 40 agentes da Secretaria da Defesa Civil do estado participaram dos trabalhos de busca por sobreviventes e assistência aos feridos. Um fato curioso marcou essa ocorrência que comprovou o quanto ações precipitadas envolvendo equipamentos podem comprometer ações de resgate.
Na pressa para remoção dos destroços e liberar o trânsito na região, as equipes começaram a usar retroescavadeiras cerca de 12 horas após a tragédia, o que gerou suspeitas de esmagamento de vítimas ainda vivas sob os escombros. O órgão norte-americano FEMA (sigla para Agência Federal de Gestão de Emergências, em inglês) recomenda, por exemplo, que o uso de maquinário pesado em situações semelhantes aconteça apenas quando a vida das equipes de resgate estiver em risco.
Exemplo histórico
Outro acontecimento que teve visibilidade global foi o atentado terrorista no World Trade Center em Nova York. Um mês depois do rastreamento de vítimas e resgate de sobreviventes, retroescavadeiras na faixa de 20 a 30 toneladas se encarregaram de fazer a remoção de escombros.
Segundo as estatísticas do governo dos Estados Unidos, cada torre produziu cerca de 400.000 toneladas de entulho e, só de aço, a quantidade removida era suficiente para a construção de vinte monumentos iguais à Torre Eiffel. A limpeza só terminou em maio de 2002 e 108 mil caminhões transportaram cerca de 1,8 milhões de toneladas de material para o aterro da Ilha Staten, ao sul da cidade de Nova York.
Houve também auxílio de guindastes maciços, o que representava um grande desafio em que os engenheiros tiveram que encontrar um local cujo solo era seguro e estável para colocarem os guindastes de 300 e 800 toneladas. Os trabalhadores do resgate não apenas peneiraram uma pilha de destroços sobre o chão como também trabalharam sobre um poço cheio de escombros.