Mercado em expansão, de olho na regulamentação ambiental
Setor de máquinas e equipamentos se preocupa em diminuir a emissão de poluentes
Setor de máquinas e equipamentos se preocupa em diminuir a emissão de poluentes.
Redação AECweb
À semelhança dos demais elos da cadeia da construção civil, o setor de máquinas e equipamentos apresenta forte crescimento e boas perspectivas para os próximos anos. Apenas no primeiro bimestre de 2010, as vendas cresceram 127,7% em comparação com o mesmo período de 2009, com 2,9 mil equipamentos vendidos. Na produção, o aumento foi de 243%, com 3,7 mil unidades fabricadas.
Enquanto o setor cresce, entidades com grande poder de articulação, como a ABIMAQ – Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos - e a Sobratema - Associação Brasileira de Tecnologia para Equipamentos e Manutenção, erguem a bandeira da regulamentação dos níveis de emissão de poluentes desses equipamentos - medida necessária para o fortalecimento dos fabricantes brasileiros. Até porque, o mercado brasileiro convive com bens de capital altamente poluentes produzidos por empresas de menor porte.
“A indústria brasileira de máquinas e equipamentos foi o último setor a entrar na crise e o primeiro a sair. A demanda está muito grande desde meados do ano passado”, comemora Antonio Carlos Bonassi, presidente da Câmara de Máquinas Rodoviárias da ABIMAQ. Para se ter uma idéia da curva evolutiva, em 2004, o mercado de consumo de máquinas e equipamentos no Brasil representava 1% do PIB mundial. Hoje, participa com 2,5%, devendo chegar a 3,5% em 2013, de acordo com Eurimilson João Daniel, vice-presidente da SOBRATEMA. “Para fins comparativos, a China, em 2004, representava 20% e chegou a 38% em 2009. Numa projeção para 2013, ela pode cair para 32%. Os Estados Unidos saíram de 21% em 2004 e, hoje, estão com 16% - devendo ficar por aí até 2013. Ou seja, são indicadores que mostram o mercado brasileiro se expandindo e tomando espaço de outros mercados, revela Daniel.
Em 2007, o crescimento foi superior a 40% e, no ano seguinte, essa performance se repetiu. Com a crise, em 2009, houve uma queda de 24%, mas para 2010 a tendência é retomar os patamares alcançados em 2008. O consumo de máquinas e equipamentos para a construção no Brasil é de cerca de 50 mil unidades/ano – aí inclusos caminhões, com 30 mil unidades/ano, e a chamada ‘linha amarela’ – carregadeiras, retro-escavadeiras, compressores, gruas, guindastes e plataformas aéreas. Desse total, 15% são importados, sobretudo da China e de outros países asiáticos – movimento que tende a crescer, em razão da atratividade dos preços dos importados.
Os segmentos mais fortes são os de retro-escavadeira, escavadeira hidráulica e tratores de esteira. O telehander, única categoria a registrar números positivos em 2009, atingiu a marca de 350 equipamentos vendidos, um crescimento de 16%, com expectativa de aumento de 30% em 2010.
LOCAÇÃO
Além da indústria, quem também tem motivo para comemorar são os locadores de equipamentos. “Cada vez mais os empreendedores comprovam que o melhor é investir seus recursos na atividade fim, desta forma, construtoras investem naquilo que elas fazem bem, que é construir, deixando para as locadoras a preocupação com as máquinas e equipamentos”, diz o engenheiro Expedito Eloel Arena, presidente do conselho da ALEC – Associação Brasileira das Empresas Locadoras de Bens Móveis. Algumas empresas locadoras estimam que o crescimento do faturamento do setor será de aproximadamente 20% ao ano, a partir de 2010. Para elas, as obras para a Copa do Mundo e Jogos Olímpicos também são vistas com bons olhos: “São obras que, com certeza, irão impulsionar ainda mais as locações, sobretudo de equipamentos destinados à infra-estrutura, construção de estádios, aeroportos e terminais”, comenta Expedito.
Assim como ocorre com o setor industrial, os locadores também se preparam para uma possível entrada de grupos estrangeiros no mercado nacional. “O Brasil irá crescer nos próximos anos, o que atrairá grupos estrangeiros para investir no mercado de locação nacional. Teremos que mudar muito os processos construtivos, qualificar mão de obra e desonerar de impostos determinadas máquinas que chegam ao Brasil com preços impraticáveis”, ressalta.
EXPORTAÇÕES E IMPORTAÇÕES
Dado que empresta status à indústria brasileira de máquinas e equipamentos para construção é a conquista, por grandes fabricantes nacionais, do mercado externo em países europeus, Estados Unidos e Japão. “Nossas máquinas dão um verdadeiro show de qualidade, prazo de entrega, e de todos os requisitos dos mercados mais exigentes”, afirma Bonassi. Houve, no entanto, uma redução significativa das exportações a partir da crise mundial iniciada em outubro de 2008 e da queda do câmbio. “No passado, o país exportou até 70% da produção nacional de máquinas e equipamentos. Hoje, não passam de 20% da produção feita no país”, acrescenta Daniel.
Na contramão das exportações de bens de qualidade, um problema enfrentado pela indústria nacional é a concorrência das máquinas asiáticas, que chegam por aqui com preços altamente competitivos. “É um mercado de muitas oportunidades, porém, está crescendo para quem está bem posicionado. Quem tem vindo prospectar não quer, necessariamente, implantar uma fábrica. Quer vender. E quer entrar nas grandes corporações como Vale do Rio Doce e Petrobras, pensando que é fácil”, comenta Eurimilson.
REGULAMENTAÇÃO AMBIENTAL
Um dos problemas enfrentados pelos grandes fabricantes nacionais é a falta de regulamentação ambiental no Brasil. A situação é problemática porque a grande indústria, que exporta, está adaptada às exigências dos mercados internacionais. Como no mercado interno não há a exigência de máquinas pouco poluentes, equipamentos importados e de fabricantes nacionais pequenos, de baixa qualidade e altamente poluentes, competem com preços muito abaixo da média. “O pior é que o tempo vai passando, a China produz muito. Isso pode representar uma ameaça para a indústria brasileira. Como não há uma regulamentação, o cliente não está nem aí para o nível de emissão dos produtos que compra. Deve haver uma regulamentação urgente no setor”, diz Antônio Carlos Bonassi.
Já existe um projeto de lei visando a regulamentação ambiental do maquinário para construção civil que, espera-se, possa ser aprovado e entrar em vigor ainda este ano. “Uma bandeira da nossa associação é que a poluição não tem fronteira, ela viaja. Por isso não adianta outros países regulamentarem níveis de emissão, e o Brasil não fazer nada a respeito. Além disso, 20% do diesel consumido no Brasil vão para as máquinas utilizadas em obras”, completa Bonassi.
Redação AECweb
COLABORARAM PARA ESTA MATÉRIA
Antonio Carlos Bonassi - Gerente de Assuntos Governamentais e Institucionais da Caterpillar, onde trabalha há mais de 25 anos, e Presidente da Câmara Setorial de Maquinas e Equipamentos Rodoviários da ABIMAQ – Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos.
Eurimilson Daniel - Diretor da empresa de locação Escad Rental e vice-presidente da SOBRATEMA – Associação Brasileira de Tecnologia para Equipamentos e Manutenção.
Expedito Eloel Arena - Engenheiro civil, sócio da franquia de aluguel de equipamentos ‘Casa do Construtor’, ex-presidente da ALEC – Associação Brasileira das Empresas Locadoras de Bens Móveis, e atualmente presidente do conselho da associação.