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Montagem de elevador de cremalheira pede profissionais especializados

Apesar de simples, tarefa demanda mão de obra devidamente preparada e treinada, para garantir a segurança e a funcionalidade do equipamento

Publicado em: 30/07/2021Atualizado em: 04/08/2021

Texto: Redação AECweb/e-Construmarket

Elevador cremalheira
Os elevadores de cremalheira têm capacidades distintas de carga (Foto: Aleoks/Shutterstock)

O elevador de cremalheira é essencial para a elevação de profissionais e cargas em obras de múltiplos pavimentos. Além de garantir produtividade, substitui equipamentos do passado, como o operado por cabo – hoje, proibido. Sua instalação e operação exigem funcionários treinados, que são protegidos nessas atividades por normas regulamentadoras (NRs).

A lei determina a obrigatoriedade do elevador de cremalheira na construção de prédios que tenham quatro andares ou mais
Giancarlo Rigon

“A lei determina a obrigatoriedade do elevador de cremalheira na construção de prédios que tenham quatro andares ou mais”, destaca o engenheiro Giancarlo Rigon, diretor da Logmak Engenharia. O equipamento pode atuar paralelamente à evolução da estrutura, quando são montados complementos de altura da torre a cada concretagem; ou é instalado nas estruturas com sua altura total atingida.

O elevador de cremalheira traz, ainda, benefícios relacionados ao bem-estar da equipe que atua no canteiro, eliminando a necessidade de os profissionais transportarem manualmente os materiais entre um pavimento e outro. “Valoriza o trabalho dos colaboradores, reduzindo o absenteísmo e prevenindo contra doenças laborais”, destaca o engenheiro Wesley Silva, supervisor de Produção do Grupo Montarte.

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Características do equipamento

No passado, havia maior variedade de soluções empregadas na movimentação vertical. “Porém, graças à nova legislação, ficou proibida em todo o território nacional a utilização de algumas delas, como os elevadores de cabo”, comenta Rigon, lembrando que portarias do Ministério do Trabalho determinam que sejam usados dispositivos que garantam a segurança dos ocupantes, como a célula de carga.

Os elevadores de cremalheira têm capacidades distintas de carga, sendo que os mais comuns são os que suportam 1,2 mil kg, 1,5 mil kg e 2 mil kg. “Eles podem ter configuração simples ou dupla, ou seja, a mesma torre de sustentação é capaz de receber uma ou duas cabines que trabalham simultaneamente”, diz Rodrigo Domingos, coordenador de Projetos da Engenharia de Aplicação da Orguel. Eles também se diferenciam por outras particularidades, como tamanho das cabines e posição da motorização.

Não existe limitação de altura para os equipamentos. O tamanho máximo pode variar conforme a necessidade do projeto, visando o melhor atendimento às demandas. “Hoje, podemos atingir, aproximadamente, 150 m de altura com os componentes padrões do fabricante. Para dimensões mais elevadas, é necessário desenvolvimento de peças especiais e reforçadas”, complementa Domingos.

Como alugar?

Hoje, podemos atingir, aproximadamente, 150 m de altura com os componentes padrões do fabricante. Para dimensões mais elevadas, é necessário desenvolvimento de peças especiais e reforçadas
Rodrigo Domingos

No momento de alugar o equipamento, a construtora precisa fornecer as plantas baixa, de situação e da fachada. O local onde ele será montado deve estar definido, com atenção especial ao piso da área que irá recebê-lo, afinal, serão exercidas cargas consideráveis nesse local. O locador também precisa saber qual o peso das cargas que serão movimentadas dentro do equipamento.

Caso o espaço onde ocorrerá a montagem seja restrito, a construtora pode optar por modelos com cabines menores que viabilizem a instalação. É necessário cuidado especial com as interferências ou recuos na fachada. “Isto porque as amarrações de fixação têm limite máximo de abertura por volta de 2,20 m do centro da torre do equipamento até fachada. Se a medida for excedida, demandará amarrações personalizadas, acarretando aumento dos custos”, fala Domingos.

Escolher o locador levando em consideração somente o preço pode trazer problemas futuros para o canteiro. “Valores muito baixos certamente estão relacionais com equipamentos de qualidade inferior ao esperado”, adverte Rigon, observando que o Ministério do Trabalho exerce fiscalização constante sobre os elevadores de cremalheira. “Se for constatado que ele não segue as normas, a obra pode até mesmo ser embargada”, complementa.

Logística e montagem

É comum a empresa que oferece o equipamento também fornecer o serviço logístico, apesar de a construtora ter a opção de realizar o transporte por conta própria. Já o trabalho de montagem costuma ser feito sempre pelo locador. “Particularmente, não gostaria de entregar o elevador no canteiro e ver a instalação sendo feita por terceiros. Prefiro executar a tarefa, garantindo assim o perfeito funcionamento”, destaca Rigon.

“Como a montagem é muito especializada, normalmente, é o fornecedor do equipamento que a executa. Ou ainda pode ser contratada uma empresa especializada neste tipo trabalho”, afirma Domingos. “A instalação tem que ser feita por profissionais qualificados e sob a supervisão de especialista legalmente habilitado”, concorda Silva.

O trabalho começa com a preparação da área que receberá o elevador de cremalheira. Caso seja constatado que o local não suportará as cargas exercidas, deve ser construída uma base, geralmente de concreto, para apoio do equipamento. Ela pode ser confeccionada no nível do apoio, em um fosso escavado (com atenção à drenagem para evitar acúmulo de água) ou elevada, conforme a necessidade.

Segundo Silva, a área de instalação inicialmente indicada pela construtora pode passar por estudos de viabilidade e logística realizados pelo fornecedor. “A análise busca possíveis interferências que possam prejudicar a montagem”, conta. Próximo do equipamento deve existir ponto de energia trifásico e que tenha um disjuntor tripolar para garantir a proteção de todo o sistema de movimentação.

Com a base de concreto preparada, são montados os módulos iniciais. “A partir desse momento, com auxílio de equipamento de carga (caminhão munck, guindaste, grua, entre outros), a cabine é acoplada na torre e energizada”, informa Domingos. Após a cabine estar instalada e em funcionamento, o “pau de carga” existente em seu teto é utilizado para elevar os demais módulos e amarrações até a posição correta para serem fixados.

Durante o trabalho, são colocados os dispositivos de segurança e automação (sensores de pavimento, de fim de curso, entre outros). Quando a altura desejada é atingida, a equipe de montagem inicia a fixação das cancelas e chaves de segurança em cada nível de acesso. “Finalizada a tarefa, o responsável técnico realiza os testes para aferir o funcionamento e segurança, fazendo assim a entrega técnica ao cliente e liberação do uso”, fala Domingos.

“É necessária a emissão da Anotação de Responsabilidade Técnica (ART) da montagem. A construtora também recebe um book do elevador, que contem informações sobre todos os procedimentos realizados durante a montagem”, comenta Rigon.

Operação

Apesar de seu funcionamento relativamente simples, o elevador de cremalheira é um equipamento robusto, que opera com altas tensões e tem vários componentes elétricos e eletrônicos sensíveis. “Com tudo isso, é recomendado que as pessoas envolvidas na manutenção, montagem e operação sejam devidamente qualificadas”, recomenda Domingos.

Existem empresas que oferecem operadores para atuar com o equipamento, mas a construtora pode utilizar sua mão de obra. “Independentemente da escolha, é fundamental que esse profissional esteja devidamente treinado”, destaca Rigon, lembrando que quando a opção é pelo operador da própria construtora, este deve estar habilitado para trabalhar com o tipo específico de elevador de cremalheira que foi instalado no canteiro.

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“Quando a construtora utiliza um colaborador interno, exigimos que seja alguém que tenha um curso de operação. Além disso, nós oferecemos a ele treinamento para que se familiarize com nosso equipamento, ou seja, o profissional já tem uma preparação geral para operação do elevador e nós fornecemos uma especialização para que lide adequadamente com o modelo específico que está na obra”, detalha Rigon.

Esse profissional tem uma grande responsabilidade pelo equipamento, sendo qualificado para realizar vistorias diárias antes de iniciar as atividades
Wesley Silva

Silva lembra ainda que o operador do elevador deve ter sua função anotada em carteira de trabalho, conforme exigência da NR-18. “Esse profissional tem uma grande responsabilidade pelo equipamento, sendo qualificado para realizar vistorias diárias antes de iniciar as atividades. Essas verificações devem ser apontadas no livro do elevador para que se tenha um histórico do funcionamento e condições gerais do equipamento”, diz.

Normas técnicas

Existem diversas normas que regulamentam os serviços de instalação, montagem, desmontagem e manutenção dos elevadores de cremalheira. Entre elas, está a NR-18 que proíbe, por exemplo, a execução desses serviços em dias de condições meteorológicas não favoráveis, como chuva, relâmpagos e ventanias. “A norma estabelece ainda o isolamento da área durante a montagem do elevador”, complementa Silva.

Assim como a NR-18, devem ser respeitadas as determinações da NR-10, NR-12, NR-18 e NR-23. “Há também a ABNT NBR 16200 — Elevadores de canteiros de obras para pessoas e materiais com cabina guiada verticalmente — Requisitos de segurança para construção e instalação”, conclui Domingos.

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Colaboração técnica

Rodrigo Domingos
Rodrigo Domingos — Engenheiro Civil formado pela Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais (PUC Minas) e técnico em Edificações pelo Centro Federal de Educação Tecnológica de Minas Gerais (CEFET-MG). Atualmente, cursando a pós-graduação em Gerenciamento de Projetos, também pela PUC Minas. Há 15 anos na Orguel, ocupa hoje o cargo de coordenador de Orçamentos e Soluções Especiais – Engenharia de Aplicação.
 
Giancarlo Rigon — Engenheiro Mecânico com cursos de especialização em fabricantes de equipamentos dos EUA e Europa, e especialização no Operating Engineers Training Institute of Ontario - Toronto - Canadá. Trabalha na área de equipamentos desde 1984, tendo exercido as funções de gerente de operações, diretor comercial e CEO de empresas de ponta na área de aluguel de equipamentos e logística. Fundou e é diretor da Logmak Engenharia.
 
Wesley Silva — Supervisor de produção no Grupo Montarte.