MT Expo acontece em meio a cenário difícil para vendas
Profissionais se esforçam para realizar negócios no mercado da construção pesada
Os políticos deveriam tirar o chapéu para os empresários e trabalhadores brasileiros. Graças à resiliência, à força de vontade dessas pessoas em fazer negócios, gerar emprego e impulsionar a economia, o país reage à inapetência de seus líderes. Esse é o retrato atual do setor da construção: pessoas tentando sobreviver nos negócios e construir uma infraestrutura pujante, enquanto Brasília busca saídas para a crise, com medidas que só oneram ainda mais o contribuinte.
Essas pessoas, das quais o país deve se orgulhar por estarem entre as que mais geram emprego, foram encontradas pelos corredores da MT Expo 2015 – Feira Internacional de Equipamentos para Construção e Mineração, que aconteceu de 9 a 13 de junho, em São Paulo.
Realizada a cada três anos e vista como a principal evento do Hemisfério Sul nos negócios da construção pesada e mineração leve, a feira cumpriu seu papel. Os expositores se esmeraram na montagem e apresentação dos estandes, sem deixar a desejar para feiras internacionais como a Conexpo, de Las Vegas, exceto ao tamanho, já que o evento norte-americano ocorre em maior área de exposição.
Forte queda nas vendas
O mercado de construção civil é um dos mais afetados pela atual crise econômica. No caso do segmento de equipamentos para a construção, o volume de vendas nos primeiros cinco meses de 2015 foi 44,3% inferior ao resultado do mesmo período do ano passado, de acordo com o Estudo de Mercado Sobratema: O Mercado Brasileiro de Equipamentos para Construção – Tendências. A pesquisa foi apresentada pelo consultor Brian Nicholson durante o MT Expo Congresso, realizado em São Paulo. A sondagem ouviu 32 empresas (27 construtoras e sete locadoras).
Para os dirigentes da Sobratema, realizadora da feira, a recuperação do setor pode estar nas recentes concessões anunciadas pelo governo em obras de infraestrutura. O vice-presidentre da entidade, Mario Humberto Marques, realizou uma palestra em que analisou os investimentos necessários ou previstos para melhorias em áreas como portos, aeroportos, rodovias, hidrovias, ferrovias, água, energia elétrica, mineração. Porém, frisou que, apesar de ser um imenso universo de oportunidades de negócios, existem entraves como a queda do PIB, alta da inflação e, principalmente, falta de confiança motivada pela falta de transparência das concessões anunciadas de 2012.
O lado bom desse cenário cinzento é que os empresários tendem a ser menos pessimistas em relação a realidade, segundo constatou Brian Nicholson em sua pesquisa. “Isso é importante, pois se a pessoa não for otimista, é melhor mudar de barco”, finalizou. E o quadro revelado pela sondagem é realmente impactante: para 94% dos entrevistados, os resultados de 2015 serão piores ou muito piores na comparação com 2014. Entre os dados negativos apontados, como atraso nas obras e falta de crédito, um dos destaques ficou com o desemprego. Somente nesse primeiro semestre, 79% das empresas demitiram por conta da queda nas vendas.
Anúncio de concessões rodoviárias
“O fato do governo ter feito os anúncios ajuda a melhorar o cenário econômico e também a recuperar parte da confiança dos empresários”, diz Marques. Ele acrescenta que isso, talvez, seja até mais importante do que os próprios projetos das obras anunciadas. “As demandas, investimentos e atividade econômica não dependem apenas de capital investido. O governo tem papel importante de ser o agente que passa confiança, que destrava os processos e mostra o caminho”, comentou Marques.
Na avaliação do vice-presidente da Sobratema, para que o pacote de concessões tenha efeito que o governo e o setor de equipamento para construção esperam, é necessário corrigir uma série de fatores. Os principais, segundo Marques, é o melhor planejamento de governança, além de se conseguir desenvolver projetos básicos e executivos das obras.
Outra questão que, no entender do executivo da Sobratema, deve surgir com a viabilização das obras do novo pacote é o financiamento. “O governo está anunciando que uma parte dos recursos deve vir por meio de debêntures incentivadas. E as últimas remunerações das debêntures públicas resultaram num custo de captação muito elevado para financiamento de obras de infraestrutura. É um problema que terá de ser muito debatido nos próximos dias”, analisa Marques.
Confira o que alguns expositores apresentaram na MT EXPO 2015
A Sany reafirmou o compromisso com o mercado nacional. Após conquistar uma expressiva participação no mercado brasileiro de guindaste, em que estima ter 40% das vendas, a Sany esforça-se para, nos próximos dois ou três anos, aumentar a fatia de mercado da linha amarela, hoje ao redor de 10%. A fabricante lançou na feira três equipamentos: a motoniveladora SAG200, primeira no mundo com transmissão composta; a retroescavadeira BL70C; e o guindaste STC800S, com todos os eixos direcionáveis.
A Case Construction Equipment lançou o aplicativo Site Control, para aumentar a produtividade no canteiro de obras. Com o uso do aplicativo acoplado por 1.500 horas em motoniveladoras, escavadeiras hidráulicas e tratores de esteiras, ocorre o aumento de produtividade em 63%, o que confere economia superior a R$ 450 mil no ano. “Se economiza pela redução de pessoal, como greidistas, redução das demandas topográficas e das horas de trabalho”, informa Carlos França, gerente de marketing da Case.
A Volvo Construction Equipment Latin America anunciou a inauguração de um centro de treinamento para o setor de equipamentos de construção que ocupa um terreno de 5 mil metros quadrados e com uma área construída de 2.600 metros quadrados. Considerado um dos maiores centros de treinamento do segmento de máquinas para construção da América Latina, as instalações abrigarão aulas teóricas e práticas.
A Wacker Neuson Brasil participou pela primeira vez da MT EXPO, com várias novidades para o mercado sul-americano. Entre elas, as pás carregadeiras compactas 5035, 5055 e 850, a extensa linha de escavadeiras compactas, todas com sistema de giro da lança, minicarregadeiras, manipuladores telescópicos compactos, dumpers e novidades da linha leve, como a Linha M – constituída de placa vibratória, serra de pavimento e torre de iluminação.
A Schwing-Stetter Brasil anunciou na feira que a fábrica brasileira assumiu as operações de vendas de equipamentos e atendimento aos clientes para os nove países do Hemisfério Sul, até então atendidos pela filial norte-americana. A empresa também apresentou produtos consolidados no mercado brasileiro, como as bombas S36X, SP 1000, SPL 2000 GB, Auto Betoneira AM 10 FHC, Robô para Projeção TSR 3014 e a Bomba Industrial para Mineração KSP 12+SD350.
A Romac apresentou na MT EXPO 2015 o bem-sucedido modelo de atendimento pós-venda que tem deixado satisfeitos os clientes no Sul do país. Com matriz na cidade de Gravataí (RS), a empresa passou a distribuir os equipamentos das marcas Doosan e Bobcat no estado de São Paulo. Para isso, inaugurou recentemente uma filial em Campinas (SP), numa área de 6.200 metros quadrados, com showroom de equipamentos, estoque de peças e serviços pós-venda.
Colaboraram para esta matéria
- Mario Humberto Marques – Vice-presidente da Sobratema
Brian Nicholson – Consultor da Sobratema
Carlos França – Gerente de marketing da Case
Mário Neves – Especialista em equipamentos compactos da Wacker Neuson Brasil
Rene Porto – Gerente comercial da Sany do Brasil
Luiz Polachini – Gerente comercial da Schwing-Stetter Brasil
Jefferson Recus – Diretor administrativo da Romac
Volvo Construction Equipment Latin America