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NBR 15.575 pede nova conduta do setor de compras

Com o advento da Norma de Desempenho das Edificações, que exige desempenho acústico, a compra de esquadrias antirruído para empreendimentos residenciais passa a ser compulsória

Publicado em: 29/11/2013Atualizado em: 11/03/2021

Texto: Redação AECweb/e-Construmarket

Esquadrais Antirruídos

Até a entrada em vigor da ABNT NBR 15575, conhecida como Norma de Desempenho, em julho de 2013, as esquadrias acústicas ocupavam um nicho de mercado. Apesar de produzidas no país por empresas especializadas, há cerca de 30 anos, eram adquiridas principalmente pelo consumidor final para residências unifamiliares, e muito raramente por construtoras para seus empreendimentos. A exigência de desempenho acústico para as edificações, determinada pela normativa, pede uma nova conduta do setor de compras das construtoras. E mais: os profissionais devem ficar atentos à publicação prevista para o início de 2014 da parte 4 da ABNT NBR 10821 - Esquadrias para edificações: Requisitos adicionais de desempenho para esquadrias externas. A norma, também inédita, estabelecerá classes de isolamento acústico para o produto.

A construtora deve caracterizar a zona de ruído em que se encontra o terreno, ou ainda, se for um local crítico em termos de ruído, realizar um estudo específico de acústica para a caracterização da ‘paisagem sonora’. A partir daí pode-se utilizar softwares específicos, ou métodos normalizados de cálculos, para se estimar o impacto de ruídos médios incidentes sobre as fachadas do edifício

“Com a entrada em vigor da Norma de Desempenho, a construtora deve caracterizar a zona de ruído em que se encontra o terreno, ou ainda, se for um local crítico em termos de ruído, realizar um estudo específico de acústica para a caracterização da ‘paisagem sonora’. A partir daí pode-se utilizar softwares específicos, ou métodos normalizados de cálculos, para se estimar o impacto de ruídos médios incidentes sobre as fachadas do edifício”, informa Davi Akkerman, presidente da ProAcústica e diretor da Harmonia Davi Akkerman + Holtz, escritório de consultoria e projetos acústicos. Segundo ele, em função da incidência de ruídos nas fachadas e nos diversos pavimentos do empreendimento, pode-se definir o desempenho acústico ideal para as janelas. E exigir do fornecedor o ensaio de isolamento e o Rw (índice ponderado de redução sonora) da janela.

Baixe aqui um mapa comparativo de propostas para facilitar seu processo de cotação.

A engenheira Michele Gleice, diretora Técnica do ITEC – Instituto Tecnológico da Construção Civil, laboratório especializado em ensaios de esquadrias e fachadas, lembra que, quando passar a vigorar a parte 4 da NBR 10821, as construtoras poderão escolher as janelas conforme o desempenho desejado. “No projeto de norma estão propostos quatro níveis de desempenho acústico (A, B, C e D), sendo que o nível A é o que apresenta o melhor desempenho acústico, com Rw acima de 30 dB. Ficarão classificadas com B, as esquadrias com isolamento entre 24 e 30 dB, e com C, entre 18 e 24 dB. Já as janelas que obtiverem nível inferior a 18 dB estarão na classe D”, diz, lembrando que esses são os níveis propostos em projeto de norma, que ainda deverão passar pela Consulta Pública da ABNT. A engenheira esclarece que o Rw deverá ser ‘combinado’ com os demais itens da edificação, para garantir o desempenho acústico desejado, de acordo com as condições do ruído no entorno da edificação.

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Garantia

Ao especificar a janela, o projetista deverá indicar quais os modelos poderão ser utilizados, considerando o Rw necessário para aquela obra, o que garantirá o desempenho acústico do ambiente da edificação, conforme previsto na Norma de Desempenho

Akkerman insiste que, independente da tipologia, é fundamental no momento da compra o profissional exigir o ensaio normalizado de desempenho acústico. Já a diretora do ITEC ressalta que cada tipologia de esquadria poderá apresentar um desempenho acústico diferente, conforme suas características de projeto. “Ao especificar a janela, o projetista deverá indicar quais os modelos poderão ser utilizados, considerando o Rw necessário para aquela obra, o que garantirá o desempenho acústico do ambiente da edificação, conforme previsto na Norma de Desempenho”, orienta.

Para ter a certeza de que está adquirindo produtos de qualidade, o profissional de compras “deverá, além de exigir ensaios confiáveis, fiscalizar a produção e instalação das janelas”, afirma o consultor. Michele Gleice acrescenta que é importante, ainda, verificar se são produtos qualificados pelo Programa Setorial da Qualidade de Esquadrias de Alumínio. “Ao receber as esquadrias na obra, o principal é observar se as especificações de projeto e de compra foram atendidas, e se o produto entregue é compatível com o adquirido na fase da compra”, recomenda Akkerman, que acrescenta: “Na construção de edifícios, a quantidade de janelas compradas é enorme. Portanto, se não houver uma fiscalização severa durante a entrega dos produtos, podem ocorrer desvios na qualidade em relação às especificações iniciais. Nesse caso, a mercadoria deve ser rejeitada”, complementa.

Já fora da alçada do setor de compras, mas tão importante quanto à especificação e a aquisição da janela acústica, é a etapa da instalação. “Deve haver uma supervisão rigorosa do engenheiro da obra quanto à instalação das janelas, pois se essa fase não for bem conduzida, poderão ocorrer falhas, tais como frestas ou ausência de vedações, imprescindíveis ao bom desempenho do produto, entre outros problemas”, conclui Davi Akkerman.

Colaboraram para esta matéria

Davi Akkerman – Engenheiro civil formado pela Universidade Mackenzie, com mestrado no Institute of Sound and Vibration Research, do Southamptom (Grã Bretanha); com especialização em Controle de Ruído Industrial pelo IPT. Membro eleito do Institute of Accoustic (Grã Bretanha). Diretor da HARMONIA Davi Akkerman + Holtz, escritório de consultoria e projetos acústicos e exercendo seu segundo mandato como presidente da ProAcústica – Associação Brasileira para a Qualidade Acústica.
Michele Gleice – Engenheira civil, atualmente mestranda na área de estruturas da Faculdade de Engenharia Civil, Arquitetura e Urbanismo da UNICAMP. Atua em laboratórios de ensaios desde 1997. Trabalhou na Falcão Bauer e na Testin – Tecnologia de Materiais. Há sete anos é diretora técnica do ITEC – Instituto Tecnológico da Construção Civil.