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Norma traz requisitos para a construção de fachadas seguras em caso de incêndio

Recém-publicada, ABNT NBR 16.951 avalia a reação ao fogo de sistemas e revestimentos externos para fachadas

Publicado em: 10/11/2021

Texto: Juliana Nakamura

Fachada ACM
Uma solução bastante aproveitada no Brasil é o alumínio composto (Foto: Dolores M. Harvey/Shutterstock)

Na última década, em todo o mundo, ao menos 33 incêndios em edifícios residenciais foram agravados pelo comportamento das fachadas, resultando na morte de 223 pessoas. Além das perdas humanas, 78% das unidades habitacionais envolvidas nessas tragédias foram completamente incendiadas. Algumas delas tiveram que ser demolidas, enquanto outras levaram anos para serem reabilitadas. Os dados são de um levantamento da Associação Brasileira de Proteção Passiva Contra Incêndio (ABPP).

É em meio a esse contexto que a preocupação com o papel das fachadas em situações de fogo ganhou ênfase. No Reino Unido, novos regulamentos de prevenção foram publicados, entre os quais se destacam as normas BS 8414 e BS 9414, que tratam da performance ao fogo dos sistemas de revestimento externo. No Brasil, esse movimento culminou na publicação, em maio de 2021, da ABNT NBR 16.951. O texto avalia a reação ao fogo de sistemas e revestimentos externos de fachadas em grande escala, incluindo método de ensaio, classificação e aplicação dos resultados de propagação do fogo nas superfícies das fachadas.

REDUÇÃO DE RISCO

De acordo com Rogerio Lin, superintendente do Comitê Brasileiro de Segurança Contra Incêndio (ABNT CB-024), a construção brasileira apresenta inúmeras tipologias construtivas de fachadas. Além disso, novos sistemas surgem todos os anos como resultado do avanço tecnológico, especialmente na forma de materiais mais leves, isolantes térmicos e sistemas pré-fabricados ou modulares.

A enorme quantidade de alternativas, aliada aos inúmeros sistemas construtivos, faz com que as fachadas desenvolvam novos riscos de propagar os incêndios verticalmente
Rogerio Lin

“A enorme quantidade de alternativas, aliada aos inúmeros sistemas construtivos, faz com que as fachadas desenvolvam novos riscos de propagar os incêndios verticalmente”, explica Lin. Ele lembra que uma solução bastante aproveitada no Brasil é o alumínio composto (ACM) com miolo composto por material isolante combustível ou sem o isolante. “Nesses casos, é preciso controlar os riscos para evitar a propagação pelo material combustível e o que chamamos de efeito chaminé, com uma cavidade permitindo a rápida passagem de fumaça e fogo aos andares superiores”, destaca Lin.

ENSAIO EM GRANDE ESCALA

A ABNT NBR 16.951 traz como novidade um olhar especial para os materiais empregados do lado externo das edificações. O documento apresenta um método para determinação das características de reação ao fogo de sistemas de revestimento não estrutural de fachadas, sistemas de fachadas ventiladas ou não aderidas, paredes-cortina, além de sistemas que incluam painéis de vidro, painéis instalados entre lajes de andares e isolantes compostos.

O texto especifica um método para determinação das características de reação ao fogo dos materiais a partir de um ensaio em grande escala. Conforme a norma, este é o único meio disponível para determinar de modo absoluto as características de propagação de chamas de sistemas completos de fachadas.

Lin conta que o ensaio prevê a elaboração de um corpo de prova com cerca de nove metros de altura, montado em formato de canto, simulando um cenário mais próximo do real em edifícios altos.

PROJETO DE FACHADAS

Incêndios históricos como os dos edifícios Joelma e Andraus, em São Paulo, nos anos 1970, demonstraram que a linha de fogo pode avançar pavimento a pavimento quando estas medidas são negligenciadas
Rogerio Lin

Para a construção de edifícios que sejam seguros mesmo em caso de incêndios, há inúmeros fatores a serem observados, desde as etapas de projeto e de especificação de materiais. Rogério Lin destaca dois pontos importantes que não podem ser esquecidos jamais. O primeiro deles é a selagem perimetral, pavimento a pavimento. Outro ponto crítico é a distância de verga-peitoril, que deve atender ao mínimo de 1,20 m de altura ou 0,90 m de aba projetada horizontalmente para fora da edificação.

“Incêndios históricos como os dos edifícios Joelma e Andraus, em São Paulo, nos anos 1970, demonstraram que a linha de fogo pode avançar pavimento a pavimento quando estas medidas são negligenciadas”, alerta o superintendente do Comitê Brasileiro de Segurança Contra Incêndio na ABNT.

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Colaboração técnica

Rogerio Lin
Rogerio Lin — Superintendente do Comitê Brasileiro de Segurança Contra Incêndio (ABNT CB-024), é diretor-presidente da Associação Brasileira de Proteção Passiva contra Incêndio (ABPP) e diretor da CKC do Brasil.