Novas estações do metrô paulistano vencem interferências construtivas
Fundações de edificações existentes e condições geológicas desfavoráveis foram alguns dos desafios construtivos superados durante a construção da Linha 4 Amarela
Linha 4 teve que superar interferências urbanas e até mesmo o Rio Pinheiros (foto: Alexandre Carvalho A2img)
No primeiro semestre de 2018, foram inauguradas duas novas estações da Linha 4-Amarela do metrô de São Paulo: Higienópolis-Mackenzie e Oscar Freire. Operada pela concessionária ViaQuatro, a Linha 4 transporta atualmente cerca de 700 mil pessoas por dia. Quando concluída, no final de 2019, vai ligar a Luz (região central) à Vila Sônia (zona oeste), com um total de 14 quilômetros, 11 estações e demanda diária de 981 mil pessoas. Se o cronograma for cumprido, a estação São Paulo-Morumbi será inaugurada no fim do ano.
DESAFIOS CONSTRUTIVOS
Construída por baixo do leito de importantes eixos viários da cidade, além de passar sob o Rio Pinheiros, a Linha 4-Amarela teve de vencer complexas interferências urbanas. Isso impactou diretamente a escolha dos métodos e das técnicas utilizados para a construção dos túneis e das estações. “Dependendo do tipo de fundação do edifício e dos equipamentos urbanos existentes, houve a necessidade de aprofundar o greide, parcializar escavações, desviar o traçado etc.”, contam os engenheiros Paulo Roberto Soares Domingues e Luís Fernando Mendes Romão, do Metrô-SP.
Havia, ainda, um grande volume de estruturas enterradas, como adutoras e redes de gás e de esgotos, muito sensíveis aos deslocamentos provocados pelas escavações. Tal condição demandou monitoramento, desvio das escavações e, em casos mais severos, o remanejamento da infraestrutura existente para evitar interferência física com as obras.
Os engenheiros do Metrô-SP contam que a intensa ocupação urbana na região da obra exigiu a execução de sondagens e investigações precisas. “Isso nos trouxe uma incerteza maior quanto ao tipo e às características geomecânicas do material escavado”, dizem Domingues e Romão.
Ao longo da Linha 4-Amarela, a geologia é bastante variada, com alguns trechos mais fáceis e outros mais complicados para a escavação. Foi especialmente complicada a execução dos trechos mais profundos dos poços Higienópolis-Mackenzie (lado Mackenzie) e Oscar Freire (lado Clínicas) devido ao intenso fluxo de água do lençol freático nos metros finais das escavações. Isso demandou diversas etapas de tratamento do solo a partir da superfície, com injeções de calda de cimento para consolidação, além da necessidade de construir poços com bombas submersas e ponteiras filtrantes visando o rebaixamento do lençol freático.
EQUIPAMENTOS UTILIZADOS
Para viabilizar a construção da Linha 4-Amarela, uma série de equipamentos pesados foi utilizada, de escavadeiras e guindastes de grande porte a bombas para concreto projetado e gruas para movimentação de diversos materiais. Destaque para a tuneladora shield (conhecida como tatuzão), utilizada na construção dos túneis pelo método NATM (New Austrian Tunnelling Method). Fabricada na Alemanha e do tipo EPB (Earth Pressure Balanced), a máquina utilizada tinha cabeça de perfuração com 9,4 m de diâmetro, capaz de escavar um túnel com duas vias, ida e volta.
Crédito: Divulgação Metrô-SP
Também foram determinantes para viabilizar os trabalhos, os equipamentos de acesso (andaimes, escoras e cimbramentos) e as fôrmas para concretagem. Na estação Oscar Freire, por exemplo, utilizou-se um sistema de moldes industrializados confeccionados com vigas de madeira para a construção de uma parede de 25 m. A mesma tecnologia foi empregada na estação Vila Sônia, para a concretagem de mais de 70 pilares com 8 m de altura.
ARQUITETURA DAS ESTAÇÕES
Para as estações que compõem a Linha 4 do metrô paulistano, a arquitetura buscou privilegiar a funcionalidade e a segurança do usuário, aproveitando ao máximo os espaços. “Na sequência, vieram as questões de sustentabilidade e qualidade estética”, diz a arquiteta Ana Regina Chiarelli Ferraz, do Metrô-SP. Ela conta que nas novas estações da Linha Amarela, destacam-se a fluidez no tráfego entre o acesso e as plataformas, e as aberturas para troca de ar e iluminação natural.
O acabamento segue o padrão arquitetônico adotado em toda a linha, com superfícies de concreto aparente e pastilhas esmaltadas. O mezanino e as escadas contam com guarda-corpo de vidro.
Histórico das obrasIniciadas em 2012, as obras para a construção da segunda fase da Linha 4-Amarela estavam sob responsabilidade do Consórcio Corsán-Corvian. Em julho de 2015, após o Metrô rescindir unilateralmente a contratação, a obra foi relicitada e um novo contrato foi assinado com o Consórcio TC-Linha 4-Amarela, formado pelas empresas TIISA e Comsa. O novo acordo prevê a continuação da ampliação do Pátio Vila Sônia, a implantação do terminal de ônibus Vila Sônia, além da construção de dois quilômetros de túneis.
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Colaboração técnica
- Paulo Roberto Soares Domingues – Engenheiro-civil da gerência de engenharia da Companhia do Metropolitano de São Paulo (Metrô-SP)
- Luís Fernando Mendes Romão – Engenheiro-civil da gerência de engenharia da Companhia do Metropolitano de São Paulo (Metrô-SP)
- Ana Regina Chiarelli Ferraz – Arquiteta e urbanista da Companhia do Metropolitano de São Paulo (Metrô-SP)