Novo marco legal deve impulsionar setor de impermeabilizantes
Aplicação do revestimento PU em estações de tratamento deve ganhar força nos próximos anos. Conheça as principais características desse produto
Entre as características fundamentais dos impermeabilizantes usados em ETEs e ETAs estão a flexibilidade e o alongamento (Foto: Divulgação/Saint-Gobain)
Sancionado em 2020, o novo marco legal do saneamento básico pretende impulsionar a universalização dos serviços de água e esgoto. Estima-se que para alcançar a meta estipulada de 99% da população atendida com água e 90% com a coleta e o tratamento de esgoto até 2033, será necessário um investimento de R$ 745 bilhões.
De acordo com Fabian Brotto Monteiro, especialista no setor de saneamento básico, os investimentos em obras e em inovação e tecnologia devem aumentar nos próximos anos. “As metas são bastante ousadas e as empresas – públicas e privadas – precisarão ser mais eficientes, reduzindo os custos e melhorando os serviços”, afirma. Vale lembrar que, desde 2020, as concessões poderão ser firmadas diretamente entre os municípios e prestadores de serviços – tanto públicos, quanto privados.
Esse produto terá um crescimento exponencial do seu consumo, devido às suas características de aplicação e durabilidade, que garantem a segurança dessas estruturas por muitos anosEsli Vieira Machado
O incremento do número de obras também impactará diretamente outro segmento: o de impermeabilizantes para estruturas de estações de água (ETAs) e de efluentes (ETEs). Uma das apostas do setor, segundo Esli Vieira Machado, coordenador de mercado da quartzolit, é o revestimento PU ETA/ETE. “Esse produto terá um crescimento exponencial do seu consumo, devido às suas características de aplicação e durabilidade, que garantem a segurança dessas estruturas por muitos anos”, acredita. Ainda segundo ele, a quartzolit já está estruturada para atender à nova demanda.
Vantagens do revestimento PU
O revestimento PU é uma espécie de elastômetro de poliuretano bicomponente de cura a frio e isento de solventes. Por conta das suas elevadas resistências mecânicas, o seu uso permite a rápida liberação da área e, por ser aplicado a frio, não apresenta risco de incêndio. Também é monolítico (dispensa emendas), isento de solventes (pode ser aplicado em ambientes confinados), além de rápido e limpo de aplicar em superfícies recortadas, horizontais e verticais, e em tetos (sem a necessidade de proteção mecânica).
Vale lembrar que entre as características fundamentais dos produtos de impermeabilização usados em obras de ETEs e ETAs estão a flexibilidade e o alongamento, que devem ser suficientes para suportar as movimentações e as dilatações das estruturas, bem como a resistência aos gases provenientes dos produtos que serão armazenados.
“Neste sentido, os revestimentos PU têm se mostrado uma das melhores opções, pois possui grande flexibilidade e alongamento, boa resistência e impermeabilidade de líquidos e gases. Além disso, no caso da água tratada, o PU atende às normas de potabilidade”, explica Monteiro.
O novo marco legal do saneamento básico deve aumentar o número de obras de ETEs e ETAs (Foto: Divulgação/Saint-Gobain)
Projeto de impermeabilização
Antes de especificar o revestimento PU, no entanto, é importante contar com um bom projeto de impermeabilização. Uma das principais particularidades dessas estruturas é que todas as suas superfícies internas são submetidas à abrasão, à ataques químicos (durante todo o processo de tratamento da água e de efluente) e à concentração dos agentes químicos (incluindo a sazonalidade de concentração).
“No caso das estruturas hidráulicas é importante não permitir a perda do fluído e a contaminação do solo. Já no caso do esgoto, ocorre a biodegradação e o ataque do concreto por gases agressivos. A presença de agentes químicos agressivos em contato direto com o concreto e os ciclos de molhagem e secagem são exemplos das condições mais severas de exposição a que as estações estão submetidas”, explica José Miguel Morgado, engenheiro civil e diretor executivo do IBI (Instituto Brasileiro de Impermeabilização).
Por isso, a impermeabilização adequada das ETAs e das ETEs é indispensável. As consequências de erros nesse processo podem causar infiltrações na estrutura. Em casos mais graves, pode levar ao colapso da edificação e, consequentemente, à vazamentos de água ou de resíduo. “No caso dos resíduos, o vazamento pode causar danos ao meio ambiente e a responsabilização da empresa por crime ambiental”, alerta Machado.
Cuidados na execução
A execução da impermeabilização dessas estruturas está dividida, basicamente, em três etapas: preparação da estrutura, aplicação do produto e conferência da estanquidade.
Esses cuidados garantirão que a impermeabilização fique aderida à superfície. Uma falha na fase de preparo da superfície poderá causar o desplacamento da impermeabilizaçãoFabian Brotto Monteiro
Antes de iniciá-la, é fundamental preparar adequadamente a superfície com uma boa limpeza. A área deve estar íntegra, seca, livre de partículas soltas, poeira e fuligem (no caso de tanques de aço) e isenta de produtos de corrosão. “Esses cuidados garantirão que a impermeabilização fique aderida à superfície. Uma falha na fase de preparo da superfície poderá causar o desplacamento da impermeabilização”, explica Monteiro.
No caso da aplicação do revestimento PU, a superfície deverá estar isenta também de umidade para evitar que surjam bolhas e microfuros na superfície. A execução precisará ser feita imediatamente após a superfície ser preparada, de modo a obter uma pintura contínua e de espessura constante.
A temperatura do substrato deverá estar entre 12°C e 35°C; a umidade relativa do ar precisará ser menor que 85% e a umidade do substrato deverá ser inferior a 6%. Após a aplicação é fundamental realizar ensaios de arrancamento, verificar as espessuras da membrana e investigar possíveis falhas.
Colaboração técnica
- Esli Vieira Machado - coordenador de mercado da quartzolit.
- Fabian Brotto Monteiro - especialista no setor de saneamento básico.
- José Miguel Morgado - engenheiro civil e diretor executivo do IBI (Instituto Brasileiro de Impermeabilização).