O irreversível crescimento de São Paulo pode ser ordenado
A expansão da maior cidade da América Latina continuará em ritmo forte com o reaquecimento do mercado imobiliário
Estamos diante de uma nova realidade habitacional. São Paulo cresce uma São Caetano do Sul por ano (140.000 habitantes). Não há como impedir esse contínuo crescimento, mas com diretrizes e conceitos urbanísticos atuais e desvinculados de preconceitos ideológicos poderemos ter uma cidade mais moderna e adequada àqueles que a habitam. Os sinais são, portanto, muito claros: a expansão da cidade, salvo algum descontrole da economia, continuará em ritmo forte. Assim, é crucial nos preocuparmos em saber como esse crescimento ocorrerá.
A revitalização de bairros periféricos, com obras de infraestrutura, principalmente aquelas vinculadas à mobilidade urbana, como sistemas viários, corredores de ônibus e metrôs, entre outras, e também da iniciativa privada, como shoppings e edifícios comerciais, tem criado novos nichos de mercado, com grande oferta imobiliária.
Entretanto, se, por um lado, as expectativas de uma cidade com melhor qualidade de vida ganham força e retroalimentam a indústria imobiliária, por outro, elas não favorecem uma diminuição do preço dos imóveis. Em localidades com melhor qualidade de vida, tudo é mais caro. Os exemplos espalham-se pelo mundo, como Nova York, Tóquio, Paris, Roma e Dubai. Porém, a inclusão desses novos bairros no mercado imobiliário vem acompanhada de ofertas um pouco mais convidativas.
Em 2013, foram lançadas, na cidade de São Paulo, 33.000 unidades residenciais, com um volume geral de vendas superior a 19 bilhões de reais. Se considerarmos a Região Metropolitana, o número cresce para 58.000 moradias e a comercialização ultrapassa 26 bilhões de reais. O setor respondeu por 3,4 milhões de empregos formais no Brasil.
Movimentação econômica
Esses resultados demonstram a boa recuperação do mercado imobiliário, que na capital paulista, nos últimos dois anos, havia estacionado na média de 27.000 lançamentos anuais. Além disso, outros fatores contribuíram para a retomada, a começar pela oferta de crédito.
No ano passado, foram emprestados 109 bilhões de reais para financiamentos ao consumidor final da casa própria e para construtoras investirem em obras. Segundo a Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança (Abecip), esse número é 32% maior do que o de 2012. E, pelas notícias que chegam, anunciando saldos recordes da caderneta de poupança, que em 2013 encerrou o ano com 467 bilhões de reais, 20% a mais do que em 2012, não se espera uma contração do crédito em curto prazo.
O fator “remuneração dos acionistas” deve ser considerado nessa puxada de lançamentos. O mercado imobiliário da capital paulista está muito concentrado nas mãos de aproximadamente 11 empresas incorporadoras/construtoras listadas em bolsa. Nos últimos dois anos, houve uma diminuição de lançamentos dessas companhias, por força de problemas orçamentários de custos de construção, com desdobramentos em descumprimento de prazos e na entrega de obras. Essa situação está sendo normalizada e, assim, retomam-se os trabalhos de lançamentos, com maior produtividade, com vistas ao aumento do faturamento e à melhor remuneração dos acionistas.