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O que muda em projetos de piscinas internas e externas

Definido o perfil do elemento, inclusive se residencial ou institucional, é preciso atentar para as particularidades de cada situação. Muitas vezes, os recursos são semelhantes

Publicado em: 28/09/2021

Texto: Redação AECweb/e-Construmarket

Projetos de piscinas internas e externas
Projetos de piscinas demandam diferentes estudos (Foto: Soundaholic studio/Shutterstock)

Internas ou externas, residenciais ou institucionais, as piscinas sempre exigem projeto cuidadoso, que tem como ponto de partida o seu perfil. De acordo com o arquiteto Edson Jorge Elito, sócio do escritório Elito Arquitetos, é preciso definir se o elemento é de uso privativo, do tipo familiar, ou para multiusuários com monitoramento, como em clubes. E, ainda, se a piscina será utilizada para lazer ou se vai contemplar atividades físicas funcionais, de treinamento ou de competições.

“Essas informações vão definir grande parte das características conceituais, geométricas e técnicas da piscina”, ensina. A piscina residencial exige menor complexidade de equipamentos instalados do que as institucionais. No entanto, os requisitos de desinfeção, higiene, segurança, economia de energia e acessibilidade devem ser previstos dentro de padrões aceitáveis em quaisquer situações.

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Interna ou externa

Tanto para a piscina interna quanto para a externa, a localização na edificação deve ser objeto de estudo, além da orientação norte-sul. “Dependendo do seu perfil, deve estar conectada com as funções que a complementam”, afirma, dando como exemplo as piscinas internas em edifícios institucionais que, além de sua finalidade principal, podem fazer parte da ambientação dos espaços adjacentes, como espelho d’água que promove harmonia espacial aos usuários.

Para piscinas multiusuários, institucionais e de clubes, entre outras, é mandatório atender à norma de acessibilidade ABNT NBR 9050 em sua mais recente atualização
Edson Jorge Elito

Considerando as preexistências do entorno imediato, é essencial que o projeto posicione as piscinas externas para que sejam banhadas pelos raios solares na maior parcela de tempo possível. “Para piscinas multiusuários, institucionais e de clubes, entre outras, é mandatório atender à norma de acessibilidade ABNT NBR 9050 em sua mais recente atualização”, ressalta, comentando que a norma estabelece algumas alternativas para atendimento às necessidades de cadeirantes e de pessoas com algum tipo dificuldade de locomoção.

Ainda quanto ao posicionamento do elemento externo ou interno, é preciso criar condições para o monitoramento de suas instalações e estrutura, visando sua manutenção, sem que a estrutura precise de interferência. “Esta providência, por exemplo, pode ser contemplada com a previsão de ‘túneis’ de manutenção em todo o perímetro externo e, se possível e recomendável, embaixo da piscina. Assim, toda a estrutura externa fica visível e passível de ser reparada e as instalações aparentes também”, orienta Elito.

Design

A concepção do projeto abre um leque de opções para o design, detalhes, bordas, tipos de revestimentos internos e do deck externo. “Para a sua configuração, o projetista, de posse das informações de funcionamento, necessidades e desejos do proprietário, define a forma e as dimensões da piscina”, diz Elito.

Ele define também o tipo de borda da piscina, dependendo do seu uso, segurança e inserção. Pode ser adotada a convencional com a lâmina d’água uns 12 a 15 cm abaixo do nível da borda; do tipo prainha no mesmo nível; borda infinita, quando é possível se valer da vista; ou do tipo praia, onde o piso externo é contínuo até o fundo da piscina.

Sistemas construtivos e materiais

Devido à necessidade de durabilidade e menor nível de manutenção, as piscinas institucionais geralmente são executadas com estrutura de concreto armado. “Nos revestimentos, comumente é empregada uma cerâmica de alta resistência e mínima absorção”, fala o arquiteto, acrescentando que é obrigatório especificar revestimento antiderrapante para o piso do deck que envolve a piscina interna ou externa.

A mesma coisa vale para residências, porém existem outras ofertas de materiais e revestimentos. Por exemplo, estrutura mista de concreto e blocos, ou apoiada diretamente no solo com camada resistente com revestimentos de lona impermeável, mas de durabilidade bem menor, ou de areia compacta simulando uma praia.

Impermeabilização

Se a caixa da piscina for de concreto, existem outros meios de impermeabilizar, como o emprego de produtos químicos que cristalizam os poros do concreto
Edson Jorge Elito

A impermeabilização é necessária, sendo a mais usual, no lado interno, a aplicação de mantas impermeáveis, com camada de proteção mecânica e o revestimento escolhido. “Se a caixa da piscina for de concreto, existem outros meios de impermeabilizar, como o emprego de produtos químicos que cristalizam os poros do concreto”, acrescenta, lembrando que há, também, tipos de pintura que criam películas impermeabilizantes.

Pelo lado externo, o ideal é que seja criado o túnel visando a manutenção. Caso não exista, as faces em contato com a terra também devem ser impermeabilizadas para evitar a penetração de água e contaminação da piscina.

Para as escadas de entrada e saída da piscina – que podem ser várias se for institucional ou semiolímpica –, o material ideal é o aço inox tradicional. Elito sublinha que os projetistas podem desenhar as escadas, personalizando e valorizando os acessos das piscinas internas e externas, residenciais e institucionais.

Tratamento e aquecimento

Piscinas internas requerem estudos sobre o pé-direito, que deve ser alto para evitar causar incômodo aos usuários caso se utilize o cloro como desinfetante – meio mais comum e barato. O arquiteto recomenda que o projeto providencie insuflamento de ar quente vindo de um nível próximo do piso, e de exaustão no nível intermediário. Para ser efetiva, essa climatização do ambiente pressupõe um fechamento permanente ou ocasional.

“Estas duas previsões evitam a concentração dos vapores de cloro, assim como a possibilidade de condensação de vapor nas paredes, principalmente se forem de vidro, nos períodos com temperatura interna muito diferente da externa”, observa.

Caso o ambiente não seja climatizado, a piscina interna deverá ser aquecida. “Atualmente, a maioria das piscinas externas também escolhe esse conforto no seu planejamento”, ressalta. Os sistemas podem ser o de aquecimento solar, elétrico ou a gás, ou ainda a conjunção de mais de um meio. As piscinas destinadas a multiusuários ou institucionais exigem sistema complexo, projetado na disciplina de hidráulica com consulta a profissional de química.

Em conjunto com o proprietário, é definido o tipo de tratamento da água e seu custo-benefício, que pode ser por cloro, ozonização, raios ultravioletas ou ionização. “E, também, a forma sustentável do sistema de aquecimento da água da piscina – e dos chuveiros dos vestiários –, da sua filtragem, do seu tratamento e controle, e do armazenamento e manuseio com segurança dos produtos químicos utilizados”, lembra.

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Colaboração técnica

Edson Jorge Elito
Edson Jorge Elito – Arquiteto formado pela Universidade Mackenzie (1971). Ocupou diversos cargos em entidades profissionais, como no Instituto de Arquitetos do Brasil (IAB) – do qual atualmente é conselheiro – e na sessão paulista do Conselho de Arquitetura e Urbanismo (CAU-SP). Foi diretor da Fundação Bienal de São Paulo e professor da FAU Braz Cubas. Entre seus principais projetos, destacam-se o do Teatro Oficina, co-autoria com Lina Bo Bardi; Teatro do Colégio Santa Cruz, co-autoria com J.C. Serroni e Gustavo Lanfranchi. Em co-autoria com as sócias do escritório Elito Arquitetos, arquitetas Joana Fernandes Elito e Cristiane Otsuka Takiy, assina, entre outros, os projetos Programa Habitacional Paraisópolis; SESC Santo Amaro; Restauro e Ampliação da Escola Municipal de Astrofísica.