Obra de MND: redução de 90% de valas beneficia trânsito em SP
Durante o dia, o trânsito não sofre interdições nem alterações e à noite, apenas uma das faixas sofre restrição
A utilização do MND (método não destrutivo) numa obra de recuperação de adutora de água no subsolo ao longo da Av. Pompeia, na Zona Oeste de São Paulo, é a solução para o tráfego no local. A Sanit Engenharia, contratada pela Sabesp para realizar a obra no Trecho 2, numa extensão de 1.040 metros, conseguiu, depois de muito planejamento, reduzir de oito para três aberturas de valas mestras.
Essas valas são os pontos pelos quais entram os tubos da nova adutora e o equipamento para soldá-los. Inicialmente, deveria ser aberta uma vala a cada 120 metros da avenida; agora, devem ser abertas apenas três, numa extensão de 1.040 metros. “Essa é uma obra muito complicada devido ao trânsito local, mas que está sendo elogiada pela Companhia de Engenharia de Tráfego (CET), algo inédito e gratificante. Isso se deve por termos conseguido melhorar o projeto aprovado pela companhia no início da obra e por termos reduzido o impacto no trânsito, diminuindo a quantidade e o tamanho das valas”, comemora o diretor da Sanit Engenharia, Hélio Rosas.
“Além disso, conseguimos reduzir os custos operacionais de escavação de valas e aumentamos a produção, graças ao replanejamento em torno do MND”, acrescenta. As escavações feitas de forma programada também minimizam o impacto, evitando que todas as valas sejam abertas de uma só vez. Com isso, apenas um pequeno trecho da avenida fica restrito à noite, quando as obras são realizadas.
O período de trabalho é das 22h às 5h – e não pode exceder esse horário, porque o trânsito começa a se intensificar. Às 5h, as valas são obrigatoriamente fechadas com chapas de aço e as faixas, normalmente liberadas para o trânsito.
Desafio possível, graças ao MND
Conciliar a execução de uma obra em avenida de trânsito intenso com as adequações exigidas pela CET é tarefa quase impossível. A equipe da Sanit apresentou vários projetos e participou de uma série de reuniões com a companhia para obter autorização, já que a Sabesp tinha urgência na realização da obra, e a utilização do MND era indiscutível.
“Por se tratar de uma importante artéria viária, são feitas fiscalizações todas as noites, cada vez por um fiscal diferente. Constantemente, apresentamos todas as documentações e licenças”, conta Hélio Rosas.
Essa adutora liga dois reservatórios de água – um no Jardim América e o outro no Alto da Lapa – e tem extensão de 9 quilômetros. Está fora de carga, ou seja, não vinha sendo utilizada pela Sabesp por apresentar muitos problemas. Para sanar de vez a questão, a concessionária está licitando oito trechos, cada um deles com cerca de 1 quilômetro.
As obras do Trecho 2 são realizadas na Av. Pompeia e devem ser concluídas até o fim de outubro, quando começam as obras do próximo trecho. De acordo com Hélio Rosas, o Trecho 3 continua pela Av. Pompeia, entra na Rua Heitor Penteado e segue até a Rua João Moura. O Trecho 4 segue pela Rua João Moura e cruza por baixo das avenidas Teodoro Sampaio e Sumaré. Ambos também serão realizados pela Sanit.
Trajeto da adutora foge à configuração das faixas
De construção antiga, a adutora não segue uma linha reta pela avenida. Ela vai cruzando pela segunda faixa, pela primeira, ou no meio da via. “Isso se deve, provavelmente ao fato de a configuração da Av. Pompeia ter mudado após a construção dessa adutora”, diz Hélio Rosas. “Embora o arruamento tenha mudado, o traçado da adutora continua o mesmo, complicando o trabalho de recuperação. Se não fosse utilizado o MND, todas as faixas e o passeio da avenida seriam arrebentados, o que provocaria um caos no trânsito da região, tornando a liberação da licença da CET impossível.”
O método de MND empregado é de inserção por PEAD (polietileno de alta densidade), por ser um material muito mais flexível que uma tubulação metálica rígida. De acordo com Hélio Rosas, esses parâmetros são essenciais para uma adutora com esse perfil, instalada numa topografia em fundo de vale, tráfego pesado e subsolo ruim.
“A tubulação dessa adutora é antiga, de ferro fundido, e apresenta problemas, como vazamentos e deflexões. Ao longo dos anos, a pressão das cargas na avenida provocou movimentos nessas tubulações, com deslocamentos das juntas de chumbo”, explica.
Obra insere tecnologia no subsolo da Pompeia
O processo de inserção dos novos tubos chama atenção. A vala mestra é aberta, com 9 metros de comprimento e aproximadamente 3 de largura, para comportar o tamanho dos equipamentos e tubos a ser inseridos. No local, um pedaço do tubo antigo é cortado e por essa abertura são inseridos os novos tubos de polietileno, de 900 milímetros de diâmetro e 6 metros de comprimento.
Primeiro um é colocado, puxado para dentro do tubo antigo, de 1.000 milímetros, e em seguida é colocado outro, que é soldado com uma máquina de termofusão. E assim, sucessivamente, os tramos vão sendo ligados com o sistema de solda de topo. A Sanit utiliza uma máquina de marca alemã de última geração, operada em joint stick, com capacidade para soldar tubos de até 1.200 milímetros. O tubo novo desce pelo munck, é alinhado e colocado na máquina que une as duas faces e faz a soldagem. “No Trecho 2, ao todo, serão soldados 175 tubos”, completa Hélio Rosas.
Colaborou para esta matéria
- Hélio Rosas – Diretor da Sanit Engenharia