Obras no metrô do Rio aderem a tecnologia alemã para trabalhos de fundação
Conhecidos como MultiHammers, esses equipamentos escavam 2 metros de rocha por hora e estão operando a todo o vapor na Linha 4
As obras de fundação numa ponte estaiada da Linha 4 do Metrô (Barra da Tijuca-Ipanema) têm um “aliado” de peso da Alemanha. Trata-se do MultiHammer, um equipamento destinado a serviços de escavação em rocha que, segundo os engenheiros do Consórcio Construtor Rio Barra, é uma tecnologia dez vezes mais rápida do que a adotada em métodos tradicionais.
A ponte de concreto, suspensa por cabos de aço (estais), começou a ser construída em fevereiro e passará sobre o canal da Lagoa da Tijuca. Essa será a primeira ponte estaiada para o metrô no Rio de Janeiro. Num terreno de 13.000 metros quadrados, às margens do canal da Lagoa da Tijuca, serão cravadas em solo 38 estacas a 30 metros de profundidade média. Essas camisas metálicas em formato cilíndrico têm 1,4 metro de diâmetro cada uma e vão descer 25 metros em areia, até chegar à rocha. Serão escavados mais 5 metros para baixo nesse tipo de terreno (rocha).
Com 210 metros de comprimento, além dos elevados de transição para a galeria subterrânea e o túnel, a ponte terá 13,9 metros de largura e duas vias, uma para as composições que seguirão no sentido Barra e a outra em direção à Zona Sul. Os trens vindos da Zona Sul sairão do túnel e chegarão à Barrinha pela ponte estaiada, seguindo pela superfície até a Avenida Armando Lombardi, onde farão o "mergulho" para acessar a estação, que será subterrânea.
Método construtivo
Na primeira etapa, um martelo vibratório é utilizado para cravar no terreno os tubos metálicos de 14,5 metros de comprimento. Em seguida, uma perfuratriz faz a retirada da areia armazenada nessa estrutura cilíndrica, para que outra camisa seja soldada sobre ela e a cravação atinja toda a profundidade do terreno em areia. Após a camisa metálica atingir a rocha, o processo de limpeza interna é retomado.
Como as condições do solo variam por causa da formação geológica, os colaboradores podem utilizar dois equipamentos para essa limpeza dos cilindros: o flydrill, manipulado por guindaste, ou uma perfuratriz rotativa, que possui maior pull-down, ou seja, maior força descendente para escavar terrenos mais resistentes.
A partir desse estágio, entra em cena o MultiHammer: a máquina ativa os martelos simultaneamente, em frequências diferentes, e tem capacidade para escavar 2 metros de rocha por hora. Acima dos pistões que fazem a escavação quebrando a rocha, uma espécie de balde recolhe os resíduos. O sistema de circulação de ar comprimido da máquina eleva esse material descartável pela parte externa do equipamento, que acaba depositado no balde e transportado para fora da área perfurada.
Após a cravação das camisas metálicas e do trecho em rocha, as estacas receberão as armaduras e serão preenchidas com concreto estrutural de alta resistência. Tão logo a execução das estacas para a fundação esteja finalizada, começa a escavação do bloco de fundação da ponte.
Sobre a Linha 4
As obras foram iniciadas em 2010 no bairro da Barra da Tijuca. O empreendimento deve ser inaugurado no primeiro semestre de 2016, após uma fase de testes operacionais. Para a execução, a concessionária Rio Barra contratou dois consórcios: o Consórcio Construtor Rio Barra, que atua no trecho Barra da Tijuca-Gávea e é formado pelas empresas Queiroz Galvão, Odebrecht Infraestrutura, Carioca Engenharia, Cowan e Servix; e o Consórcio Construtor Linha 4 Sul, constituído pela Queiroz Galvão, pela Odebrecht Infraestrutura e pela Carioca Engenharia, que se encarrega das construções entre Gávea e Ipanema. O valor total do projeto está estimado em 8,5 bilhões de reais.
Cerca de 5.000 operários trabalham nas obras da nova linha, que terá 16 quilômetros de extensão com seis estações: Jardim Oceânico, São Conrado, Gávea, Antero de Quental, Jardim de Alah e Nossa Senhora da Paz. Com a implantação do metrô, o tempo de viagem nesse percurso será reduzido de uma hora para quinze minutos.