Operador de plataforma elevatória deve receber treinamento teórico e prático
O equipamento permite acesso a uma séria de atividades e é utilizado por profissionais com formações variadas. Treinamento adequado, contudo, é fundamental para evitar riscos ao ambiente de trabalho
Texto: Redação AECweb/e-Construmarket
O operador de plataforma elevatória bem preparado é capaz de diminuir os ricos de acidentes (foto: Denis Starostin/shutterstock)
Apesar de simples, a operação de uma plataforma elevatória (PTA) traz um conjunto de riscos que não podem ser ignorados. A maioria deles diz respeito às condições do ambiente de trabalho. O operador tem que saber reconhecer, entre outros fatores, as características do piso onde o equipamento será utilizado; o fluxo de movimento de pessoas e cargas no local de trabalho; e se no ambiente há possibilidade de contato com fios elétricos.
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“Um operador devidamente habilitado fará esta análise de forma adequada e evitará acidentes”, assegura o engenheiro Roland Robert Colombari, professor nos cursos de graduação e pós-graduação em Engenharia da Universidade São Francisco e Senac.
Para o engenheiro elétrico José Luiz Alves, professor de cursos de Segurança do Trabalho do Senai-SP, o operador de PTA bem preparado poderá reduzir os riscos de acidentes que possam ocorrer com ele e com o pessoal próximo à operação. “O treinamento influi na diminuição de riscos de danos patrimoniais, da própria plataforma e de outros patrimônios próximos à operação, além de aumentar a produtividade do operador ao adotar as técnicas corretas de manejo do equipamento”, explica.
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CONTEÚDO DOS CURSOS
No treinamento prático é importante incluir todas as manobras que o equipamento realiza, avaliando se o candidato executa essas manobras de forma consistente e seguraRoland Robert Colombari
Colombari salienta que um bom treinamento para formar operadores de PTA deve ser dividido em teórico e prático. O treinamento teórico deve abordar temas como definição dos equipamentos e famílias de equipamento, inspeção geral antes do uso, testes funcionais, detalhes de funcionamento dos principais sistemas do equipamento, incluindo dispositivos de emergência, e análise de riscos do ambiente de trabalho. “No treinamento prático é importante incluir todas as manobras que o equipamento realiza, avaliando se o candidato executa essas manobras de forma consistente e segura”, destaca.
Para o professor do Senai-SP, o curso deve abranger Operação e Manutenção, que se subdivide em Dispositivos de segurança; Sistemas de ar; Sistema hidráulico; Sistema de combustível; Estabilizadores; Eixos expansíveis; e Estruturas. Conhecimentos de Manutenção preventiva devem ser detalhados em disciplinas voltadas ao Planejamento; Definição; e Etapas. O conteúdo se completa com conhecimentos de Segurança do trabalho envolvendo Causas de acidentes; Prevenção de acidentes; Análise preliminar de riscos; Ergonomia; Equipamentos de proteção individual e coletiva; e Legislação.
“O treinamento contempla a plataforma em si, cinto de segurança, capacete, óculos e sapato de segurança; vestimenta adequada, cones e fitas para isolamento da área de operação”, conta Alves. Para o professor Colombari, esta é uma questão muito importante e explica: “O anexo IV da NR18 define que o treinamento deve ser ‘no modelo ou similar’, porém, não define quais equipamentos são similares entre si”.
Normas internacionais classificam esses equipamentos em grupos e tipos, evitando assim que sejam geradas dúvidas quanto à similaridade. As normas ANSI série A90 e a norma ISO 18878 definem esta classificação de forma bastante consistente. “Por exemplo, as plataformas tipo pantográfica/tesoura são classificadas como 3A e as plataformas tipo articulada/telescópica são classificadas como 3B”, expõe Colombari.
CARGA HORÁRIA DOS CURSOS
A carga horária ideal dos cursos costuma ter seis horas de teoria e, no mínimo, duas horas de prática para cada participante praticar as operações do equipamento. Columbari comenta que essa definição também deve se basear nas normas internacionais, pois existe muita dúvida e contradição.
“A carga horária preconizada nessas normas é de oito horas para uma turma padrão, que pode ser de quatro a oito pessoas, dependendo do tipo e grupo de equipamentos. A IPAF (Federação Internacional das Plataformas para Trabalho Aéreo), referência mundial em treinamento de operadores de PTA, tem o seu treinamento com carga horária de oito horas em todos os países onde está presente. Desse total, a parte teórica deve ocupar de três a quatro horas e o restante fica para a parte prática, o que vai depender da quantidade de pessoas a treinar”, diz o professor da Universidade São Francisco.
Para que se tenha uma ideia do tempo real do treinamento de operador de PTA, um equipamento móvel vertical (geralmente tesouras), com alcance de aproximadamente 7 metros, necessita de pelo menos 20 minutos no equipamento para que o operador conclua o circuito – isso para operadores com alguma e experiência. Uma máquina móvel de braço (geralmente as articuladas ou telescópicas), com alcance de aproximadamente 30 metros, necessita de pelo menos 40 minutos por candidato.
Os dois professores concordam que é impossível realizar este curso pelo sistema de Ensino à Distância (EAD), já que uma parte do treinamento precisa ocorrer de forma prática. Pode, até mesmo, ser feito no modelo semipresencial, onde o candidato faça toda a parte teórica em EAD e, depois, cumpra a prática presencialmente. “Mas, é necessário tomar muito cuidado com este sistema, pois o treinamento teórico é crítico, nele são abordados temas relacionados com a segurança na operação”, alerta Columbari.
NORMAS DE SEGURANÇA
A norma de segurança específica aplicável ao serviço de operação de PTA é o anexo IV da NR 18. “Outras normas são referenciadas com frequência, mas de fato a única no Brasil é esta”, reforça Columbari, informando que está em fase final de elaboração uma norma técnica brasileira sobre PTA e será de grande ajuda para a definição de temas como o próprio treinamento. Alves menciona as normas NR-06; NR-07; NR-08; NR-10; NR-12; NR-18; NR-26 e NR-35.
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ESCOLHENDO O CURSO
Um centro de treinamento deve ter condições de realizar tanto a parte teórica como a prática. Dessa forma, deve ter acomodações como sala de aula com projetor e quadro branco e material didático. Para a parte prática, é necessário ter os equipamentos dos modelos em que os participantes serão treinados – plataforma elevatória tipo tesoura e/ou tipo articulada –, espaço físico para a operação e um circuito de manobras, além de Equipamentos de Proteção Individual (EPIs) para os alunos e Equipamentos de Proteção Coletiva (EPCs).
No mercado, vemos muitas empresas de treinamento que estão oferecendo este curso de forma muito superficial, sem preparar realmente o operador para uma operação seguraJosé Luiz Alves
Ao escolher o curso de operação de PTA é importante verificar o real conhecimento e experiência do instrutor e da instituição sobre esse tipo de equipamento. “No mercado, vemos muitas empresas de treinamento que estão oferecendo este curso de forma muito superficial, sem preparar realmente o operador para uma operação segura”, observa Alves. É fundamental que o interessado verifique se a empresa ou entidade que oferece o curso está legalmente constituída como escola, verificando a Classificação Nacional de Atividades Econômicas (CNAE do CNPJ). “E considerar aspectos como credibilidade e tradição no ensino para profissionais, projeto pedagógico que atenda a legislação de segurança e educacional, e contemple os vários aspectos da operação, tais como segurança, manutenção preventiva e a operação do equipamento”, orienta Columbari.
OPERADORES
Na maioria dos casos, operadores de plataforma elevatória possuem outras profissões, como instaladores, eletricistas, montadores de estruturas. “Eles utilizam a plataforma como mais um equipamento de trabalho”, lembra Alves. Daí que raramente o profissional é registrado como Operador de PTA. “Porque esse é um equipamento auxiliar. Ele facilita o acesso, porém, o trabalho a ser executado é outro. Por exemplo, quem opera a PTA numa instalação elétrica a ser realizada em altura é o eletricista”, acrescenta Columbari.
Ele conta que um curso de PTA, nos dois modelos (3A e 3B), custará, em média, R$ 600,00 por participante.
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Colaboração técnica
- Roland Robert Colombari – É Engenheiro Mecânico e de Segurança do Trabalho, com especialização em Qualidade e Produtividade e mestrado Acadêmico em Engenharia de Produção. Tem mais de 20 anos de experiência no Brasil e no exterior (África, Estados Unidos, Reino Unido e Ásia), em empresas dos setores metalúrgico, autopeças, automotivo, oil&gas e equipamentos. Leciona em cursos de graduação em Engenharia (Universidade São Francisco) e de pós-graduação em Engenharia (Universidade São Francisco e Senac). Diretor técnico da RR Qualifica.
- José Luiz Alves – Formado em Engenharia Elétrica e pós-graduado em Engenharia de Segurança do Trabalho, com 18 anos de experiência em distribuidora de energia e 10 anos como docente de cursos na área de Segurança do Trabalho. É professor do Senai-SP.