Painéis elétricos precários acarretam falhas e acidentes
A manutenção preventiva depende de vários fatores, mas uma regra é que ela deve ser feita todo ano, independentemente do porte e função da edificação
Texto: Redação AECweb/e-Construmarket
O porte do painel elétrico influencia no tipo e na frequência de inspeção a ser realizada (Foto: Roman Zaiets/Shutterstock)
As falhas nos painéis elétricos vão das mais simples às de maior intensidade, podendo causar consequências danosas às pessoas e aos imóveis. De acordo com o engenheiro Henrique Dariva Nascimento Costa, gerente Comercial na OMS Engenharia, o Brasil ainda é carente em infraestrutura elétrica. “Isso se deve, em linhas gerais, à mão de obra com baixa qualificação e em quantidade insuficiente para atender às demandas dos mercados público e privados de maneira adequada”. Ele ressalva que o advento de novas tecnologias e a maior oferta de informação tem ajudado a diminuir essa lacuna.
Entre as funções dos painéis, está a proteção de circuitos elétricos, de comunicação, de automação ou de modificação de sinais dos condutores que derivam a jusante. Portanto, quando um equipamento de proteção atua – um disjuntor abrindo por curto-circuito, por exemplo – considera-se que houve um defeito. “É uma forma equivocada de se definir tal evento, já que essa é justamente uma função do painel, interrompendo algo que poderia escalar para efeitos mais graves”, indica.
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Problemas comuns
Painéis elétricos que obedecem a todos os itens normativos são a exceção, e não a regraHenrique Dariva Nascimento Costa
As instalações elétricas de baixa tensão e um dos seus principais equipamentos, que são os painéis elétricos, geralmente são montados, instalados e mantidos de maneira precária nas edificações do país. “Painéis elétricos que obedecem a todos os itens normativos são a exceção, e não a regra”, frisa. Como consequência, os problemas mais comuns são a falta de identificação e de padronização de componentes e condutores, local de instalação fora das regras normativas, falta de proteção e alerta contra pessoas inadvertidas.
De forma mais grave, também são encontrados quadros elétricos com sobreaquecimento em seus componentes, falta de aterramento adequado e maus contatos elétricos. “Essas inconformidades podem levar, em última instância, a acidentes sérios de origem elétrica, como choques e princípios de incêndio”, adverte Costa.
Instalações e quadros elétricos mal dimensionados têm a peculiaridade de, em um primeiro momento, não apresentar quaisquer sinais que evidenciem tal condição. Apenas com uma falha mais grave iminente é que efeitos como aquecimento, desarme de disjuntores e fugas à terra, entre outros, podem aparecer. Daí a importância da inspeção periódica, realizada através de manutenções por pessoal técnico qualificado. “Essas ações podem ser mais assertivas, detectando as falhas em estágios ainda iniciais”, ressalta o engenheiro.
Manutenção preventiva
Cada painel elétrico é dimensionado e instalado para uma situação e ambientes específicos. “Não se pode argumentar que um quadro elétrico instalado, por exemplo, em um hospital tem a mesma criticidade daquele em uma residência comum. Assim, cada local, cliente e entorno de um painel elétrico pode trazer insights diferentes para se definir qual deve ser sua periodicidade de inspeção”, observa Costa.
Ambientes de missão crítica, como data centers, requerem um monitoramento quase constante, ao passo que aqueles de baixa afluência de público – galpões logísticos – vão requerer inspeções bem menos frequentes. “Como regra, não se admite que painéis elétricos passem mais de um ano sem uma manutenção preventiva adequada”, alerta.
Como regra, não se admite que painéis elétricos passem mais de um ano sem uma manutenção preventiva adequadaHenrique Dariva Nascimento Costa
Painéis de pequeno porte e baixa criticidade podem ser bem mantidos se efetuadas medidas básicas, como reaperto de conexões elétricas, inspeção visual e verificação da identificação de circuitos e do próprio painel. Por outro lado, painéis mais complexos, como aqueles de ambientes industriais, devem ser inspecionados mais frequentemente e de forma mais minuciosa.
“Entre os inúmeros procedimentos que devem se somar aos mais básicos estão a execução de termografia, os testes de resistência de contato e de isolação, a verificação de projeto e documentação”, ensina. Adicionalmente, é medida comum em qualquer situação a realização da manutenção com os equipamentos desenergizados. Na impossibilidade, é essencial adotar todas as precauções previstas segundo as normas técnicas e de segurança em eletricidade.
Painéis em indústrias
Quem não está familiarizado com os painéis elétricos pode, em um pensamento superficial, afirmar que eles são manufaturados por poucos componentes: barramentos, disjuntores, a carcaça ou envoltória e, eventualmente, um dispositivo de proteção diferencial – conhecido como IDR ou DDR.
“Em ambientes industriais, painéis podem ser compostos por até uma centena de diferentes tipos de elementos, já que englobam não só a função de distribuição de potência, mas também de automação, controle, comunicação, acionamentos e instrumentação. São exemplos, entre muitos outros, os inversores, bornes, transformadores, fusíveis, soft-starters, switches de comunicação, modens, DPS, botoeiras e sinalizadores.
Em quadros focados exclusivamente em distribuição de potência, disjuntores e conexões elétricas (entre barramentos e cabos, e em componentes específicos como bornes de passagem) costumam apresentar a maior quantidade de falhas. “Já para aqueles que englobam outras funções, os equipamentos com circuitos eletrônicos internos apresentam maior frequência de defeitos, já que pequenas variações de corrente, tensão ou isolação elétrica podem danificá-los”, destaca.
Manutenção preventiva e preditiva
A manutenção preventiva se baseia na intervenção com eventual substituição de componentes, preventivamente à ocorrência de falhas, independentemente do estado de conservação do item substituído. Já a manutenção preditiva é pautada pelo monitoramento contínuo dos componentes, o que resulta em maior assertividade do tempo previsto para falha. “Quando tal prazo se aproxima, procede-se a uma intervenção com troca ou remanufatura de determinado componente”, comenta.
Ainda que o processo da manutenção preditiva possa parecer mais oneroso, a precisão maior no tempo estimado de falha permite a maior programação e diminuição em custos de logística, compra, mão de obra, entre outros insumos. “Portanto, manutenções preditivas se aplicam muito bem aos processos fabris e de outros grandes consumidores de energia, como hospitais e shoppings centers”, conclui Henrique Costa.
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Colaboração técnica
- Henrique Dariva Nascimento Costa – É Engenheiro Eletricista com ênfase em eletrotécnica formado pela Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR), com especialização em Energias Renováveis pela mesma instituição. Atua há mais de 10 anos no mercado predial e industrial de instalações elétricas em baixa e média tensão. É gerente comercial da OMS Engenharia Ltda.