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Pavimentação em concreto armado é boa alternativa para vias urbanas

Substituição das placas de concreto simples por estruturas de concreto armado, que são mais adaptáveis, pode aumentar a durabilidade da via pública em até quatro vezes

Publicado em: 13/11/2017Atualizado em: 06/02/2018

Texto: Redação AECweb/e-Construmarket

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Concreto armado garante maior vida útil aos pavimentos quando comparado às placas de concreto tradicionais (shutterstock.com / DarkMediaMotion)

Em todo o mundo, as placas de concreto simples são amplamente utilizadas em vias rodoviárias. “Contudo, as estruturas de concreto armado podem reduzir os custos no ciclo de vida de pavimentos, por isso podem ser boas alternativas quando comparadas às placas de concreto simples”, avalia o professor Fernando Silva Albuquerque, docente da Universidade Federal de Sergipe (UFS), completando: “Ainda faltam experiências nacionais para que os técnicos da área possam fazer julgamentos mais precisos”.

O uso do concreto armado em corredores urbanos apresenta como principal vantagem sua elevada durabilidade, que atinge 20 anos, sendo quatro vezes superior ao pavimento convencional de concreto. Além disso, a armação presente no interior da estrutura faz com que as peças sejam mais adaptáveis aos problemas decorrentes das diferentes características e tipos de solo existentes ao longo do trajeto.

Ainda faltam experiências nacionais para que os técnicos da área possam fazer julgamentos mais precisos
Fernando Silva Albuquerque

Para que todos os benefícios proporcionados pela solução sejam conquistados, porém, é necessário que o projeto leve em consideração as particularidades de cada modal. No caso de corredores de ônibus, devem ser analisados o peso dos veículos, áreas de frenagem e o nível do tráfego.

Apesar da possibilidade de aproveitá-lo em qualquer tipo de via, o concreto armado não é recomendado em situações de carregamentos leves, como as destinadas ao tráfego de veículos leves, para passeios de pedestre ou ciclovias. “Trata-se de uma solução muito nobre para essas necessidades”, comenta Albuquerque, lembrando que a solução é aplicada em pisos industriais, que recebem carregamentos altíssimos, além de vibrações de máquinas.

INVESTIMENTOS

O investimento necessário para uso do concreto armado em vias urbanas é bastante variável. Isso acontece porque os projetos de engenharia não atendem à receita única, pois dependem dos condicionantes de tráfego e clima locais, além da disponibilidade de materiais.

“A solução pode ser mais viável economicamente em uma região do país, mas não ser em outra”, comenta o docente. “O importante é ter certeza da viabilidade técnica para depois avaliar a possibilidade econômica em uma determinada obra”, completa.

IMPERMEABILIDADE

As enchentes são problemas recorrentes em todo grande centro urbano. Com isso, a impermeabilidade das vias é questão que precisa ser muito bem estudada para evitar problemas nas épocas de fortes chuvas. Em princípio, pavimentar com concreto armado impermeabiliza mais o solo do que com placas de concreto.

“A quantidade de juntas de dilatação no concreto armado é reduzida, assim como a necessidade de selagem”, afirma Albuquerque. A selagem de juntas é um recurso que também tem a função de impermeabilizar o piso, combatendo a infiltração de águas superficiais para camadas subjacentes.

O uso do concreto armado exige cuidados para garantir que as peças não apresentem rachaduras ou trincas. Essas patologias permitem que a chuva penetre na placa e atinja a armadura metálica, causando sua corrosão.

O importante é ter certeza da viabilidade técnica para depois avaliar a possibilidade econômica em uma determinada obra
Fernando Silva Albuquerque

MANUTENÇÃO

A manutenção de pavimento de concreto armado tende a ser mais complexa do que a de vias com placas de concreto. Isso porque a solução requer a substituição de armaduras e amarração, com o procedimento de amarração às demais armaduras já existentes.

“Na execução de reparos, é preciso evitar erros para não criar novos defeitos, como bicheiras de concretagem e pilhas de corrosão”, alerta o professor.

SUSTENTABILIDADE

A troca das placas simples por estruturas de concreto armado proporciona redução no consumo de insumos utilizados na preparação do concreto, porém acaba aumentando a exploração do aço.

“Para análise de sustentabilidade, há que se estudar não somente a durabilidade do produto final, mas também os impactos para produção dos insumos aplicados ao produto. Nesse caso, da cadeia produtiva de cimento Portland e aço para a construção civil”, diz o docente.

NORMALIZAÇÃO

“Ambos os procedimentos, com concreto simples e com concreto armado, são tecnologias definidas há décadas para aplicação em pavimentação rígida. Os dois são normalizados internacionalmente pela PCA (The Portland Cement Association), uma organização norte-americana”, finaliza Albuquerque.

Colaboração técnica

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Fernando Silva Albuquerque – Possui graduação em Engenharia Civil pela Universidade Federal da Paraíba, mestrado em Engenharia Civil e Ambiental pela Universidade Federal de Campina Grande e doutorado em Engenharia Civil pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Atualmente, é professor da Universidade Federal de Sergipe. Tem experiência na área de Engenharia Civil, com ênfase em pavimentos, atuando principalmente nas seguintes áreas: gerência de pavimento, projeto de pavimentação e construção rodoviária.