Pedra Branca, da fazenda ao bairro sustentável
Único na América do Sul, o bairro foi projetado buscando os maiores índices de sustentabilidade
Redação AECweb
Em apenas oito anos, a fazenda de 250 hectares localizada a 15 km de Florianópolis se transformou no primeiro bairro sustentável do país. Nas suas terras restam raros sinais da antiga criação de gado nelore e cavalos da raça Campolina: o bairro de Pedra Branca hoje reúne cerca de 4 mil moradores em 700 belas casas de médio alto padrão e outras 100 em construção, uma universidade e um Tecnopark com cerca de 70 indústrias de pequeno e médio porte. Dentro de, no máximo, 15 anos deverá abrigar uma população de aproximadamente 30 mil pessoas, num total de 1,7 milhões de m² destinados aos setores residencial, comercial, de serviços e outras facilidades como biblioteca, centro cultural e hotel. E com um detalhe fundamental: não há e não haverá catracas de controle de circulação, evitando a segregação.
Na noite de 14 de maio último, numa festa com quase mil convidados, Valério Gomes Neto, presidente da Pedra Branca Empreendimentos Imobiliários, acompanhado por Sérgio Luis dos Santos Vieira, diretor da Espírito Santo Property Brasil, empresa associada, lançou a primeira quadra do centro de bairro de Pedra Branca e o Showroom da Sustentabilidade. Desde o pré-lançamento, há três semanas, até o momento, 50% dos 217 apartamentos de variados padrões da quadra Pátio da Pedra já foram comercializados.
O novo sócio reconhece o trabalho desenvolvido por Valério, ao lembrar que o empreendimento já é famoso na academia e nos fóruns especializados nacionais e internacionais. “São inúmeros os convites e apresentações em universidades e congressos, assim como as premiações - entre elas, as conferidas na 2008 FT ULI Sustainable Cities, promovida pelo Financial Times e Urban Land Institute, e a da XI Bienal de Arquitetura de Buenos Aires”. Pedra Branca foi selecionada, junto com apenas outros 16 empreendimentos de todo o mundo, para fazer parte do Programa de Desenvolvimento do Clima Positivo, lançado pelo ex-presidente norte-americano, Bill Clinton, para apoiar projetos urbanos de larga escala que demonstrem que as cidades podem crescer de forma positiva para o clima. A Pedra Branca é o único destes empreendimentos na América do Sul.
O BAIRRO
O primeiro passo para a urbanização da antiga fazenda nasceu da parceria entre Valério Gomes Neto e a UNISUL – Universidade do Sul de Santa Catarina. Ele cedeu à universidade um terreno de 150 mil m² e ganhou, com isso, a necessária atratividade que buscava para seu empreendimento. Uma âncora de qualidade que hoje reúne 10 mil universitários. O trabalho do grupo de arquitetos liderados por Hector Vigliecca, Silvia Lenzi e Rolando Lisboa, em fins de 1999, fez nascer a Cidade Universitária Pedra Branca. O conceito de urbanismo sustentável aportou ali em 2005, e se tornou a principal marca do empreendimento, seguindo padrões de construção LEED (Leadership in Energy and Environmental Design).
Segundo os idealizadores do projeto, o bairro Pedra Branca vai crescer ordenadamente, sem perder o charme, a beleza e o encanto que possui hoje.
O estudo de seu crescimento foi cuidadosamente planejado e debatido em oficinas de trabalho (charretes) que, sob a coordenação de Maximo Rumis e Marcela Leiva, da DPZ Latin America, reuniram representantes da comunidade, arquitetos, urbanistas, paisagistas e um elenco de importantes consultores das mais diversas áreas, desde meio ambiente até tratamento do esgoto, reutilização de águas servidas e de chuva, economia de energia e conforto ambiental, transporte público e ciclovias.
“Nosso objetivo é garantir que os moradores possam viver junto à natureza sem abrir mão das amenidades urbanas", diz Valério Gomes. O primeiro edifício do novo centro urbano de Pedra Branca já está em operação e abriga o ‘call center’ da empresa Tivit, com 1,7 mil empregados, boa parte deles estudantes da Unisul e moradores de Palhoça e Pedra Branca.
A QUADRA
A primeira quadra do centro de bairro, que recebeu o nome de Pátio da Pedra e foi projetada pelo escritório Marchetti + Bonetti, será composta por seis torres que juntas formarão quatro edifícios: Dolomitas, Icaraí, Carrara e Travertino. No total serão 217 apartamentos, entre eles 24 apartamentos jardins e oito lojas, numa área construída de 42 mil m², com investimentos da ordem de R$ 50 milhões. A execução ficará por conta da Joal Teitelbaum Engenharia.
Segundo o arquiteto Giovani Bonetti, “o Pátio da Pedra é diferente de tudo o que se encontra disponível no mercado imobiliário e reforça os princípios do urbanismo sustentável, pelo mix de tipologias, com lojas e apartamentos de 2, 3 e 4 dormitórios, incluindo apartamentos jardins e de cobertura. Além do diferencial das plantas, que permitem flexibilidade e integração com as grandes varandas; da infraestrutura que proporciona o uso da bicicleta; energia alternativa; e reuso da água, entre outros recursos”.
A sustentabilidade está presente em cada detalhe do showroom de vendas do empreendimento, projetado pelo Studio MOS, e que se traduz num grande cubo de vidro de 1,2 mil m², com geração de energia feita por painéis fotovoltaicos e iluminação por LED. As soluções fazem parte da exposição de tecnologia e materiais sustentáveis que serão utilizados no bairro, nos edifícios, e nos quatro apartamentos modelos. O bairro pode ser visualizado numa maquete de 100 m², onde se destacam o Anfiteatro e o Centro Cultural - projetados pelo arquiteto Jaime Lerner, as praças e o futuro Pólo Médico.
O URBANISMO
O empreendimento se concentra em núcleos, projetados para permitir aos moradores acesso rápido à zona comercial, a uma distância que pode ser feita a pé. A primeira fase do projeto vai integrar espacial e funcionalmente a universidade existente com a área de indústrias leves, localizada nos limites laterais do bairro. Todas as atividades culturais, comerciais e de lazer de Pedra Branca estão ligadas por ruas que privilegiam os pedestres. Uma rede de ciclovias também segue este padrão viário, oferecendo rotas alternativas que realçam a visão da cordilheira circundante.
Amplos bolsões de áreas verdes, praças e um parque linear ao longo do riacho e lago oferecem oportunidades para encontros e aproveitamento da vida ao ar-livre, bem como a praça central, a Praça Pedra Branca, que irá concentrar os usos cívico-culturais, comerciais e de lazer. E será a âncora do shopping aberto da região. A arquitetura de Pedra Branca também seguirá os padrões do LEED, para obter o máximo grau de eficiência ambiental e sustentabilidade. A maior parte dos edifícios será de alvenaria de tijolos, com lojas e restaurantes no térreo e apartamentos e escritórios nos andares superiores. Muitos dos edifícios têm pátios internos, oferecendo maior privacidade e jardins para complementar as áreas verdes públicas. Boa parte deles será contemplada também com jardins em suas coberturas. Já os estacionamentos serão subterrâneos, sob cada bloco.
“O projeto do centro de bairro de Pedra Branca foi pensado e realizado com um grande rigor. Nossos parceiros e as equipes de arquitetos, urbanistas e consultores sempre trabalharam buscando os melhores resultados estéticos e os maiores índices de sustentabilidade possível”, ressalta Valério Gomes Neto, lembrando a colaboração de profissionais como o especialista Tom Paladino e o grupo Arup. Para o empreendedor, “sustentabilidade é um processo que nasce no projeto, passa pela construção e deve continuar durante toda a vida útil da edificação. O mesmo se aplica ao bairro”.
Redação AECweb