Pele de vidro é sistema que assegura estanqueidade e estética
Considerada uma evolução das fachadas cortinas, a técnica permite a exposição dos grandes panos de vidro dos edifícios corporativos e comerciais, sem interferência da estrutura
Texto: Redação AECweb/e-Construmarket
(Foto: Shutterstock)
O desenvolvimento e uso do sistema de fachadas cortinas, envelopando os edifícios, datam da década de 1970 no Brasil. Alumínio e vidro são os principais elementos dessa tecnologia que, hoje, abrange formas diversas de instalação, cada uma com nome próprio. No início, os perfis de alumínio ficavam visíveis pelo lado de fora, dando verticalidade ao edifício.
A primeira evolução veio com a fachada em pele de vidro. “Esquadria que, além da função de vedação, apresenta também a função de revestimento da edificação, conferindo estanqueidade e apelo estético”, afirma o engenheiro Pedro Martins, titular da consultoria P. Martins.
Na pele de vidro, as “colunas” em alumínio passaram para o lado interno da fachada, permitindo total exposição dos vidros e maior segurança. Utilizando silicone estrutural (structural glazing), os vidros são colados na estrutura, sem perfis aparentes. Podem, também, ser encaixilhados, versão em que os perfis envolvem os vidros e ficam aparentes externamente.
“O sistema em pele de vidro, aliado a bons vidros laminados ou insulados de controle solar, proporciona bom desempenho acústico, térmico e lumínico. É bastante seguro e durável e o processo de limpeza é bem simples”, fala.
O sistema em pele de vidro, aliado a bons vidros laminados ou insulados de controle solar, proporciona bom desempenho acústico, térmico e lumínico. É bastante seguro e durável e o processo de limpeza é bem simplesPedro Martins
Leia também:
Unitizing, a evolução das fachadas cortinas
O que faz um projetista de revestimento de fachada?
Vidro pode ser usado em coberturas e fachadas
Sistemas de instalação
Em qualquer um dos sistemas de fachadas, das cortinas à pele de vidro, uma estrutura em alumínio é ancorada e chumbada nos principais elementos do edifício. Sua instalação pode ser feita através do sistema stick, em que a estrutura de alumínio é instalada num primeiro momento, recebendo o vidro posteriormente, ou unitizado, em que a estrutura de alumínio é instalada com o vidro.
Martins detalha os processos de instalação dos vidros:
- No sistema stick encaixilhado, os vidros são inseridos num quadro de alumínio que é fixado mecanicamente à estrutura de alumínio;
- No sistema stick glazing, os vidros são colados num quadro de alumínio e este quadro fixado mecanicamente à estrutura de alumínio;
- No sistema stick grid, os vidros são fixados diretamente na estrutura de alumínio, através de presilhas com borrachas, sem o uso de quadros.
- No sistema unitizado, os vidros são colados ou encaixilhados diretamente na estrutura de alumínio e instalados em uma única etapa.
Há, também, a possibilidade de execução do sistema híbrido. “Ou seja, fazer uma pré-montagem de um sistema stick, fixando os quadros de vidro na estrutura de alumínio antes da instalação da estrutura na obra”, explica.
A máxima ventilação dos ambientes em edifícios envidraçados, tema que veio à tona durante a pandemia da Covid-19, deve pôr fim à preferência pelas fachadas lacradas. De acordo com Martins, desde então, os projetos vêm sendo desenvolvidos com aberturas nas peles de vidro. “Há, inclusive, uma tendência de aplicação de aberturas em faces opostas da edificação para proporcionar ventilação cruzada e renovação de ar para os ambientes”, destaca.
“Há uma tendência de aplicação de aberturas em faces opostas da edificação para proporcionar ventilação cruzada e renovação de ar para os ambientes”Pedro Martins
Tipos de vidros
São obrigatoriamente utilizados vidros de segurança que podem ser os laminados, temperados laminados ou duplos insulados, compostos por laminados e/ou temperados laminados. “Normalmente, são vidros de controle solar, com a opção dos serigrafados.
Veja também:
Melhores práticas para gestão de projetos na construção civil
Normas técnicas
O sistema de fachada em pele de vidro deve ser desenvolvido, projetado e ensaiado seguindo a NBR 10.821 – Esquadrias para Edificações e todas as normas correlatas, como:
- Norma de ventos NBR 6123 – Forças devidas ao vento em Edificações;
- Norma de colagem de vidros com silicone estrutural NBR 15737 – Perfis de alumínio e suas ligas com acabamento superficial – Colagem de vidros com selante estrutural ou com fita estrutural dupla face;
- NBR 15919 – Perfis de alumínio e suas ligas com acabamento superficial – Colagem de vidros com fita dupla-face estrutural de espuma acrílica para construção civil e as normas de acabamento superficial – anodização;
- NBR 12609 – Alumínio e suas ligas – Tratamento de superfície – Requisitos para anodização para fins arquitetônicos, pintura eletrostática;
- NBR 14125 – Alumínio e suas ligas — Tratamento de superfície — Requisitos para revestimento orgânico para fins arquitetônicos.
Martins ressalta que o projeto e a execução do sistema devem considerar, também, as normas de vidro:
- NBR 7199 – Vidros na construção civil – Projeto, execução e aplicações disciplina a aplicação dos vidros;
- Nas peles de vidro, a norma de vidros de controle solar também tem grande importância – NBR 16023 – Vidros revestidos para controle solar – Requisitos, classificação e métodos de ensaio;
- NBR 14679 – Vidro Laminado.
Colaboração técnica
- Pedro Luís Caldeira Martins – Engenheiro Mecânico formado pela Universidade de São Paulo – USP (1993). Atua no mercado de esquadrias desde 1994 na indústria e em serviços de consultoria. Atualmente à frente da P. Martins Engenharia acumula aproximadamente 600 projetos em todo o território nacional.